Friday 21 October 2011

"Pedimos ao Governo de Moçambique que respeite os resultados das eleições municipais intercalares»


Continuação da entrevista exclusiva com o fundador do MDM

PNN - Como tem sido o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) representado externamente?

Daviz Simango - O MDM tem dialogado com várias formações políticas, não só em Portugal, mas em todo continente europeu, na América e Ásia.
O partido MDM está escrito na IDC Internacional e IDC África. Nestas organizações participam várias formações políticas, algumas são neste momento Governo, outras não.
O MDM, como partido político, tem ideias próprias e uma linhagem política que comunga com algumas formações políticas de vários países do mundo, mas temos um olhar diferente naquilo que é a realidade moçambicana.
Daí que qualquer tipo de parceria com outras instituições políticas seja mais no sentido de fortalecer a capacidade institucional, já que a ginástica e a estratégia da liderança política é feita internamente.

PNN - Quais os apoios financeiros do MDM?

DS - Depende, se eu tiver um irmão a viver em Portugal e esse irmão for até africano, pode nos dar dois tipos de apoios, nomeadamente, apoio moral e apoio financeiro.
O caso do MDM não é o segundo que tem dependência do meio financeiro, mas nunca recebemos nenhum apoio financeiro do exterior. O que temos recebido são contactos para que continuemos firmes nos desafios que temos.
É preciso lembrar que, quando constituímos o MDM, foi com recursos próprios e consciência de que estávamos em Moçambique e que dependeríamos dos membros para assegurar a nossa sustentabilidade.
Portanto, não há espaço nem tendências por parte do MDM para depender, para o seu exercício ou realização das suas actividades, do apoio financeiro do exterior. Temos que continuar a confiar nas nossas próprias forças.

PNN - Como consegue sobreviver face à actual crise financeira?

DS - De facto, as nossas deslocações para participação nas reuniões fazm-nos necessitar de dinheiro.
O que temos feito, contrariamente àquilo que fazem os outros partidos (como por exemplo, desconto directo no salário dos funcionários do Estado para beneficiar o partido) é pedir aos membros no sentido de contribuírem, com dinheiro, para a sustentabilidade do partido.
Se conseguirmos ter bons resultados nas próximas eleições, tenho a certeza de que teremos um bom suporte financeiro e iremos encontrar uma boa forma de credibilidade.
Aos níveis interno e externo, existem organizações que nos têm apoiado na formação de quadros do partido e, essa formação, tem aumentado a nossa capacidade institucional e sobretudo a maneira como devemos organizar o MDM.
As organizações que nos apoiam na formação de quadros têm sido a NIMD, uma organização da Holanda, a FCA, da Alemanha e a ESA, Americana e Sul-Africana.

PNN - Insistimos na questão do financiamento. O MDM é conhecido como um partido financeiramente estável, onde consegue tanto dinheiro?

DS - Eu até gosto de ouvir essa questão, de que o MDM tem muito dinheiro, e conta com financiamento dos britânicos, americanos e outros países europeus… mas estou satisfeito porque a nossa estratégia e capacidade de estar na política é que está enriquecida.
Somos grandes estrategas na nossa forma de fazer política. Conseguimos derrubar a «Frenamo» (Frelimo /Renamo), na cidade da Beira, e a forma como conseguimos rapidamente constituir um partido político em pouco tempo e concorrer às eleições gerais.
Foi possível ocupar a posição da terceira força política de Moçambique. Isso significa que somos um partido com grande capacidade de imaginação.
Agora há eleições intercalares. Acabámos por ser o primeiro partido a anunciar os candidatos, a inscrever-se e a mostrar prontidão perante uma situação de emergência que nos foi colocada.
Isso é sinal de que estamos atentos à situação política nacional e eu garanto que, se continuarmos com este pensamento, ainda vamos dar grande dor de cabeça aos nossos opositores.
Mesmo sem recursos, temos tornado o MDM num dos poucos partidos que se reúne regularmente. É o único partido da oposição em Moçambique que está no activo em todos os distritos de Moçambique.
É sinal de que temos vontade e inteligência e que, se tivéssemos esses recursos, e há quem diga que temos, o MDM seria invencível.

PNN - Eleições intercalares nas cidades de Quelimane, Pemba e Cuamba; que estratégias desenhou o partido para concorrer e vencer?

DS - Há muita polémica neste assunto mas é preciso compreender que, se realmente houve renúncia então nós, como partido político, temos que ver o que a Lei prevê. Ela prevê esses dispositivos legais.
Temos consciência do motivo das renúncias, da irresponsabilidade e da cobardia dos que renunciaram.
Também temos consciência da falta de respeito do partido Frelimo para com os eleitores mas, por detrás disso, a Lei, feliz ou infelizmente, cobre essas falcatruas, indisciplinas e desrespeito à Constituição e às populações locais que votaram, vendo-se impedidas, hoje, de continuarem com a liderança que tinham escolhido - se é que tinham escolhido - mas os resultados oficiais assim o ditaram.
Estamos neste momento a reunir esforços para vencer as eleições intercalares.
O que precisamos é de fazer o controlo de manobras possíveis que o partido Frelimo poderá ter para vencer injustamente.
Queremos apelar ao Governo de Moçambique para que, no processo destas eleições municipais intercalares, saiba respeitar os resultados.

(Continua)

(c) PNN Portuguese News Network, Jornal Digital

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