Tuesday 4 October 2011

Hoje é Dia da Paz

ASSINALA-SE hoje no país o Dia da Paz e Reconciliação, que este ano coincide com a passagem do 19º aniversário do AGP, assinado na capital italiana, Roma, em 1992, entre o Governo e a Renamo, pondo termo a 16 anos de guerra.

Maputo, Terça-Feira, 4 de Outubro de 2011:: Notícias

O conflito armado que durou 16 anos custou à vida de milhares de compatriotas e dilacerou a economia nacional, com consequências bastante trágicas para o tecido social. As negociações de Roma foram um processo que levou longos anos. Da parte governamental foi subscritor do acordo o antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, enquanto que pela Renamo o seu líder, Afonso Dhlakama.
As conversações foram conduzidas, respectivamente por Teodato Hunguana, do lado do Governo, e Raul Domingos, em representação da Renamo.
O AGP, composto por sete protocolos, constituiu o principal instrumento para o cessar-fogo, desmobilização das forças militares dos dois lados, criação de um novo exército apartidário, para além de ter servido de base para a realização das primeiras eleições gerais multipartidárias, cuja votação aconteceu em Outubro de 1994.
Falando, em 2010, numa palestra alusiva aos 18 anos do acordo, Teodato Hunguana defendeu o diálogo como uma das principais, se não a principal forma de se manter a paz e a estabilidade política, económica e social no país. Segundo afirmou, a paz que o país agora procura não é a do calar das armas, mas sim a que contribua para a estabilidade social e económica.
“Para tal, o país deve ser capaz de criar as condições de diálogo que permitam evitar situações de desentendimento e de confusão”, defendeu, acrescentando que os moçambicanos devem ser capazes de criar mecanismos para debater as diferenças existentes, no contexto de uma sociedade democrática.
Por seu turno, Raul Domingos, que também foi orador da palestra, afirmou que o desafio da manutenção da paz e da criação de condições para que o país viva uma democracia genuína, com verdadeiros liberdades de expressão, circulação, associação e outras, é dos jovens.
Cidadãos ouvidos pelo “Notícias” a-propósito da efeméride destacaram a importância da paz para a estabilidade social, política e económica do país e defenderam que todos os moçambicanos devem preservá-la, pois a experiência amarga da guerra recorda o sofrimento a que estiveram votados durante os 16 anos.

Marcos Macamo, secretário-geral do CCM: Preparar activistas da paz


O secretário-geral do Conselho Cristão de Moçambique, Marcos Macamo, defendeu a necessidade de a Igreja formar permanentemente os agentes e activistas da paz, em qualquer lugar onde estejam. Acrescentou que a Igreja em Moçambique aposta na preservação da paz como dom de Deus, pois só com ela é que se pode alcançar o desenvolvimento pleno dos cidadãos.
“A Igreja moçambicana está preocupada com a paz. Achamos que é um momento oportuno para que as igrejas traduzam, na prática, aquilo que elas pregam na Igreja. Ao realizarem esta marcha, as igrejas querem traduzir aquilo que é o seu ensinamento na Igreja, que é a paz e harmonia”, disse.
Segundo Marcos Macamo, a Igreja deve transmitir, através dos seus agentes, a mensagem da paz em todas instituições, quer sejam do Estado, quer sejam da sociedade civil.
Marcos Macamo afirmou que os políticos devem amar o povo em primeiro lugar e não o usem como escudo. Devem acarinhar e buscar o povo. Para Marcos Macamo, quem busca o carinho do povo é que solidariza com o próprio povo, é quem penetra no próprio povo.
Disse que os moçambicanos não devem se diabolizar-se entre si, porque cada um tem a sua forma de ler a sociedade e o mundo. De uma forma diplomática, de forma sociolizante, devemos procurar resolver as diferenças. Não interessa onde o povo vai, mas quem é portador da harmonia.
“Deus pode usar a política para a paz. Os políticos devem saber que têm a maior responsabilidade de carregar o povo nas costas. E nós como Igreja temos que ter a coragem de nos aproximarmos aos políticos, não para digladiarmo-nos mas para dizermos aquilo que é a verdade”, disse.

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