Sunday, 2 October 2011

Frascos de álcool e silêncio total

O CONSUMO cada vez maior de bebidas espirituosas, tais como tentação, double punch, el salvador e boss (só para citar alguns exemplos), sobretudo nos grandes centros urbanos do país, particularmente Maputo, é de todo preocupante.

Maputo, Sábado, 1 de Outubro de 2011:: Notícias

Não se sabe bem se é o teor alcoólico que é alto ou é a qualidade que é estranha. O que é certo é que é bastante forte. Vendidas e embaladas em pequenas garrafas plásticas ou em saquetas, com publicidade exótica. São comercializadas a baixo preço e por essa razão e à partida preferenciais de dois grupos sociais: os adolescentes e os menos capacitados, financeiramente.
Socialmente estão a produzir estragos estrondosos. São bombas-relógio a longo prazo. São baratas, variam de sete a 25 meticais. Viciam rápido, criam dependência, facilmente.
São vendidas ao desbarato em qualquer esquina.
Não há pai que não pense nessas bebidas por causa dos filhos. Não há director de escola que não esteja saturado com problemas disciplinares por causa dessas bebidas. Mas nenhuma instituição toma a iniciativa de transformá-los num caso público de debate.
Por muitas voltas que a gente dê, estas bebidas em particular, a médio prazo, vão se transformar num problema de saúde pública. Socialmente já o são.
Os adolescentes, sobretudo estudantes de escolas secundárias, levam-nas em pastas escolares ou nos bolsos das calças. Deliciam-se delas durante os intervalos ou mesmo na sala de aulas, com o olhar cúmplice de colegas ou de funcionários da escola. Ninguém chama atenção por essas atitudes não normais mas que já não estranhamos.
Aliás, há relatos de casos de baixo aproveitamento pedagógico nas escolas, violações sexuais, imoralidade generalizada protagonizados por menores, sob efeito daquele tipo de bebidas. Intrigante é que são publicitadas como se de bens essenciais à vida se tratasse.
Os financeiramente incapacitados, quando dão o seu máximo esforço, realizando pequenos trabalhos, no momento da compensação, aplicam os resultados na aquisição dessas bebidas.
Têm sido questionada a origem da matéria-prima usada para o seu fabrico, devido ao efeito destruidor entre os seus consumidores. Para já, neste capítulo, o laboratório de higiene e alimentos do Ministério da Saúde tem uma palavra a dizer.
Antes de licenciar estas fabriquetas, devia-se avaliar o impacto das bebidas na saúde humana. Há que pesar entre os prejuízos e benefícios a tirar do negócio. Não há impostos que justifiquem a degradação de um segmento tão valioso para o futuro de uma nação: a juventude. São coisas que já não estranhamos!

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