As informações que nos chegam de Angónia, Tete, Gondola, Dondo, Gorongosa, Mocímboa da Praia, etc., permitem-nos concluir que se trata de uma estratégia global do partido no poder transferiu as populações dos distritos para obter uma vitória retumbante nas eleições autárquicas. Quando a oposição se preparar, o partido no poder não poderá roubar votos. Não há magia nisso e Beira deu o pontapé de saída de bom exemplo. A Frelimo não vai deixar de fazer falcatruas pelo facto de a oposição estar a chorar. É preciso trabalhar. A política é para os duros e não para os fracos.
Em desporto, ganha o melhor. Em política o mais visível, aquele que mete medo e produz impactos. O team que dorme, alegando falta de fundos para comprar bolas, camisolas, calções e treinar, não ganha uma única partida. Membros de partidos não se comparam a sócios de clubes. Os primeiros, cansados de derrotas, emigram ou abandonam seus partidos, enquanto os últimos, pouco se importam pela posição na tabela classificativa do clube do seu coração. Uma vez adepto, sempre adepto.
Em política, vale quem ganha. Os perdedores ficam cada vez menos visíveis. A desculpa dos dirigentes não conta. Pouco importa que digam que em nenhum momento perderam uma eleição, que o adversário faz enchimento de urnas com boletins falsos voto, esconde tinta indelével na peruca, atira polícias contra seus delegados de candidatura, recrutados à última hora, mobiliza as populações dos distritos para se recensearem nas autarquias.
Em política, existem regras normativas. Mas, aquele que fica à espera que o árbitro castigue quando o adversário meter a bola com a mão, corre o risco de ser um crónico perdedor. A política não é para os que sabem chorar. É para os que impressionam o povo com o impacto das suas acções. Para o nosso caso, o árbitro – CNE e STAE — tem a camisola de uma da equipa – o partido governamental. Para vencer a quem detém o poder, é precisa demonstrar que está organizado e tem maior capacidade.
Os chorões não impressionam, talvez, nem a eles mesmos. Quem dormir pensando que, se as coisas lhe correrem mal, vai reclamar, engana-se. A falta de fiscalização séria e compromete os oposicionistas moçambicanos de desaire em desaire. Esta situação será resolvida quando os partidos se portarem como a Renamo fez agora na Beira – neutralizando e denunciando a mega fraude do partido Frelimo com transferências de eleitores dos distritos para as autarquias.
A maneira como controlaram o processo eleitoral o Partido Laranja, de Raila Odinga, do Quénia, e MDC de Morgan Tsvangirai, do Zimbabwe, deve servir de exemplo para quem pretende atingir o poder, em Moçambique. Há poucos meses das eleições autárquicas quase nada se sabe se a oposição vai participar. Enquanto a oposição não se preparar para assaltar o poder, fazer política será, só, um divertimento e um ganha-pão para seus líderes. A maneira alérgica de fazer política da Renamo desmobiliza o eleitorado.
(Edwin Hounnou - edhounnou@yahoo.com.br, Tribuna Fax de 28/07/08, retirado cm a devida vénia )
É importante e oportuno meditarmos sobre este artigo
2 comments:
Tenho bem dito, Zé, não é? Um dos grandes problemas é de a oposicão não trabalhar com seriedade na fiscalizacão e no pior estamos agora assistir um fenómeno sem nome
Não tenho problemas em ser honesto e realista. Tens mesmo razão e o artigo espelha bem a realidade moçambicana, infelizmente.Apenas posso acrescentar que a situação é mesmo séria e as consequencias são imprevisíveis.
Um grande abraço!
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