Mas o terceiro membro ainda “não tem dentes”?
Um presidente nominal no activo, mas sem poder por aí além. Um presidente honorário com uma carga de poder histórico-político que torna a sua opinião necessária em qualquer consenso que se procure. Um ex-presidente do partido e da República removido cirurgicamente, mas que continua no centro do poder e a dar cartas, como se pode ver pela composição do Governo do dia e pelo andamento das negociações com a Renamo.
Muita confusão e difusão do poder numa situação que necessita de interlocutores com poder de decidir o rumo dos acontecimentos.
O PR está numa situação delicada, uma vez que não pode tomar decisões sem consulta prévia, e nem pode fugir dos espaços que lhe foram concedidos pelos outros membros da tricéfala equipa.
Terá havido pré-acordos que definem a actual coabitação?
Uma vez já aconteceu a Frelimo ter um triunvirato, embora de pouca dura. Por conveniência dos que se diziam detentores da linha correcta, isolou-se e encostou-se o terceiro membro, e de lá emergiu um poder unificado fortemente monitorizado e assessorado.
Agora as coisas estão mais difíceis e complexas. É uma geração envelhecida, mas com poder real, que hesita em entregá-lo a um membro de outra geração.
Se, ontem, estar no poder a partir da capital tanzaniana era uma questão de prestígio, acalentando-se chegar a Maputo com esse poder, agora, já em solo pátrio e tendo-se provado o que o poder confere, torna-se mais complicado gerir a situação.
A fórmula de Roma parece que não funciona nem funcionará.
Com as FADM moralmente em baixo e com o seu capital de experiência esvaído depois da decapitação do seu comando no primeiro mandato de AEG, torna-se difícil antever uma situação em que uma opção de savimbização seja posta em execução. A Renamo mostrou que possui um comando unificado e robusto. Com poucos meios como quase todas as guerrilhas, conseguiu desdobrar-se por todo o país e demonstra experiência e fluidez.
Enquanto os estrategas do regime do dia “não sacam mais uma pomba da cartola”, o país está como que paralisado.
O PR, no lugar de enfrentar, a partir da capital do país, um marasmo negocial e determinar novos rumos, prefere passeatas pelo país, ao estilo de seu antecessor.
O “deficit” de liderança que se regista é um factor preponderante para o estado actual das coisas no país.
Em Moçambique, sobressai o mau hábito de fingir que está tudo bem e que, se não se registam avanços maiores, é por culpa deste ou daquele.
E quando não há hombridade de reconhecer que a culpa também é nossa, estão criadas as condições para a falsificação da história. Vivemos uma crise viva, e há muito boa gente que se recusa a aceitar tal facto.
Os centros de pensamento alinhados com o regime não conseguem cumprir o seu papel de assessores e escusam-se com desculpas esfarrapadas de que a constitucionalidade está em risco.
Com os dois membros do poder tricéfalo instalados em Maputo e com o terceiro passeando pelo país e outros dois líderes da oposição também em digressão, o país está esperando por liderança que não surge.
É triste, mas é verdade, Moçambique parece caminhar para o abismo em decorrência de posições inflexíveis de uma postura arrogante de alguns interlocutores.
Quando tudo estiver perdido e quando as armas começarem novamente a falar, será tarde, e muito sangue inocente terá sido sacrificado.
Depois, serão mais mediadores nacionais e estrangeiros procurando restabelecer uma PAZ que poderia ter sido mantida.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Muita confusão e difusão do poder numa situação que necessita de interlocutores com poder de decidir o rumo dos acontecimentos.
O PR está numa situação delicada, uma vez que não pode tomar decisões sem consulta prévia, e nem pode fugir dos espaços que lhe foram concedidos pelos outros membros da tricéfala equipa.
Terá havido pré-acordos que definem a actual coabitação?
Uma vez já aconteceu a Frelimo ter um triunvirato, embora de pouca dura. Por conveniência dos que se diziam detentores da linha correcta, isolou-se e encostou-se o terceiro membro, e de lá emergiu um poder unificado fortemente monitorizado e assessorado.
Agora as coisas estão mais difíceis e complexas. É uma geração envelhecida, mas com poder real, que hesita em entregá-lo a um membro de outra geração.
Se, ontem, estar no poder a partir da capital tanzaniana era uma questão de prestígio, acalentando-se chegar a Maputo com esse poder, agora, já em solo pátrio e tendo-se provado o que o poder confere, torna-se mais complicado gerir a situação.
A fórmula de Roma parece que não funciona nem funcionará.
Com as FADM moralmente em baixo e com o seu capital de experiência esvaído depois da decapitação do seu comando no primeiro mandato de AEG, torna-se difícil antever uma situação em que uma opção de savimbização seja posta em execução. A Renamo mostrou que possui um comando unificado e robusto. Com poucos meios como quase todas as guerrilhas, conseguiu desdobrar-se por todo o país e demonstra experiência e fluidez.
Enquanto os estrategas do regime do dia “não sacam mais uma pomba da cartola”, o país está como que paralisado.
O PR, no lugar de enfrentar, a partir da capital do país, um marasmo negocial e determinar novos rumos, prefere passeatas pelo país, ao estilo de seu antecessor.
O “deficit” de liderança que se regista é um factor preponderante para o estado actual das coisas no país.
Em Moçambique, sobressai o mau hábito de fingir que está tudo bem e que, se não se registam avanços maiores, é por culpa deste ou daquele.
E quando não há hombridade de reconhecer que a culpa também é nossa, estão criadas as condições para a falsificação da história. Vivemos uma crise viva, e há muito boa gente que se recusa a aceitar tal facto.
Os centros de pensamento alinhados com o regime não conseguem cumprir o seu papel de assessores e escusam-se com desculpas esfarrapadas de que a constitucionalidade está em risco.
Com os dois membros do poder tricéfalo instalados em Maputo e com o terceiro passeando pelo país e outros dois líderes da oposição também em digressão, o país está esperando por liderança que não surge.
É triste, mas é verdade, Moçambique parece caminhar para o abismo em decorrência de posições inflexíveis de uma postura arrogante de alguns interlocutores.
Quando tudo estiver perdido e quando as armas começarem novamente a falar, será tarde, e muito sangue inocente terá sido sacrificado.
Depois, serão mais mediadores nacionais e estrangeiros procurando restabelecer uma PAZ que poderia ter sido mantida.
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
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