Wednesday 2 April 2014

O pau-mandado Nhusy


 Beira (Canalmoz) – Nos anos 2000/2007, quando ocorria a privatização dos CFM, Nhusy era director executivo dos CFM-norte. Em 2007 tornou-se administrador dos CFM, mas já era homem de mão de Joaquim Alberto Chipande.
O reinado de Nhusy na direcção executiva dos CFM – norte iniciou em 1995 e coincide com o momento em que o CFM operava a mudanças d...e empresa estatal, para empresa pública.
Como administrador dos CFM, o miúdo Nhusy fazia a gestão do Porto de Maputo, das linhas de Nacala e do Norte e da Linha de Sena. Quer dizer, Nhusy, é um dos protagonistas do processo de privatização dos CFM.
Quando nos anos 2000 e 2005 o Porto de Nacala manuseou respectivamente 673 mil toneladas e 875 mil toneladas ele era lá o timoneiro.
Em 1998 o CFM iniciou o processo de concessão. Como director Executivo da linha CFM-Norte, que compreende as linha de Nacala, Cuamba/Lichinga e Porto de Nacala, Nhusy assistiu serenamente a desvinculação de 2.682 trabalhadores. Em todo o país, a reestruturação dos CFM custou o emprego a 19.387 trabalhadores.
O CFM, que se pretendia viável, privatizou tudo até 2005 sob olhar complacente de Nyusi. Como gestor dos CFM Nyusi melhorou algo? Nyusi não deixou nenhum legado nos CFM. Os CFM continuam à deriva. Não deixou obra assinalável nos CFM. Não se conhece a eficiência nem rentabilidade assinalável nos CFM. CFM continua no vermelho. É uma empresa que mama do erário público. Os parceiros selecionados para gerir os diversos ramos não acrescentaram nenhum valor nos CFM.
A ascensão de Nyusi para administração dos CFM coincide com o decurso das obras da linha de Sena, concessionadas em 2006 a empresa indiana RITES. Os resultados foram catrastróficos. Estava prevista a operacionalização da linha Beira/Machipanda. Esta como a linha Moatize/Beira operam em condições deficitárias.
Em 2005 Nyusi esteve directamente envolvido na concessão a privados da linha do norte e do Nacala e o resultado foi negligente. A sociedade de desenvolvimento do Corredor do Norte –SDCN, é uma empresa com 3 acionistas. Um deles é o grupo Manica, pertence a Chipande, padrinho do Nyusi. Como administrador dos CFM Nyusi cruzou os braços quando parte do financiamento pedido para a manutenção da via da linha do norte conheceu rumo desconhecido. Não se lhe conhece nenhuma acção energética deste que pretende ser presidente, para travar o desfalque ou responsabilizar os culpados.
O aparecimento de Nyusi na política não difere em nada do processo de criação da elite económica no país, da burguesia nacional, cujos interesses e meios se lhe impõe salvaguardar, se for eleito presidente. Nyusi aparece na política da seguinte forma: Nos anos 90, quando Alberto Chipande deixou de ser ministro da defesa, um moçambicano natural da Beira convidou-o (ao Chipande) no sentido de os moçambicanos terem uma participação significativa na gestão do corredor norte.
A ideia da concessão a privados da linha do norte tinha em vista acomodar e aglutinar os empresários-políticos do norte. E Nyusi facilitou o padrinho neste processo de equilíbrio com o sul. Hoje, com a indústria extractiva petrolífera emergente em Cabo Delgado, Nyusi tem a missão de garantir o enriquecimento dos generais do norte (Raimundo Pachinuapa, ex-governador de Delgado; Lagos Lidimo, ex-chefe do Estado-maior General das FAM-FPLM e das FAM-Forças Armadas de Moçambique) no concurso ao gás e ao petróleo, através da empresa Quionga Energia, SA. Deverá manter forte o compromisso político entre os changanas e os macondes, como é o apanágio desde a luta armada. Chipande é um homem influente da Comissão Política e do Comité Central. O casamento de Joaquim Alberto Chissano com Marcelina Chissano é antropologicamente a ponta visível deste compromisso changana/maconde. Nyusi deverá garantir os interesses centro-norte da elite política-changana/maconde nas areias pesadas de Moma e no carvão de Moatize.
Chipande, que em 1991 assinou os estatutos da Frelimo, é o quinto na lista da sucessão hereditária na Frelimo. O que significa que a colocação de Nyusi tem em vista acomodá-lo, já que Chipande, 76 anos, foi descartado da sucessão por ter idade avançada. Nyusi tornou-se claramente o delfim de Chipande (ministro da defesa durante duas décadas logo após independência nacional em 1975), desde que a 2008 ascendeu a ministro da defesa.
Nos últimos dias ventila-se sobre as ilegalidades da pré-campanha de Nyusi com o recurso aos fundos do Estado. É só um prenúncio. Aos que muito esperam de Nyusi, comecem já a baixar as expectativas. Se ele for presidente teremos verdadeiramente um verdadeiro pau-mandado na Ponta vermelha.
É um dos responsáveis da guerra civil que o país vive. Nesta guerra onde informações não oficiais indicam que já morreram mais de três mil jovens. É um dos cúmplices visíveis na falcatrua de 850 milhões de dólares usados na compra de trinta barcos-patrulha, vulgo traineiras. Um negócio com espectro de crime organizado, que prejudica mais de sessenta por cento dos moçambicanos na pobreza absoluta.
Nyusi terá que fazer um jogo de cintura para conciliar os interesses e os conflitos de interesse de Chipande e Guebuza no concurso aos hidrocarbonetos.
Está dito.
O resto são contos da carochinha.


(Adelino Timóteo, Canalmoz)

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