Monday 29 September 2008

Governo está "arrasca"

A prisão, no dia 22.09.2008, do exministro do Interior, Almerino Manhenje e oito seus amigos, acusados de desfalque de 220 milhões de meticais, incluindo o PCA do Instituto Nacional de Segurança Social, Armando Pedro, é visto como resultado da pressão da comunidade doadora e de consubstanciar o discurso de combate à corrupção. A Suécia e Noruega anunciaram cortes substanciais do seu apoio ao orçamento do Estado, por falta de avanços, no combate à corrupção, em Moçambique.
A ministra da Função Pública, Vitória Diogo, revelou, em entrevista à TVM, que, no ano passado, expulsou quase 900 funcionários, por indisciplina, mau comportamento, absentismo. Em nenhum momento disse ter encaminhado à Procuradoria casos de roubos de fundos públicos, apesar de estarem a ocorrer todos os dias. Diogo lança poeira aos olhos do povo para impressionar alguém. A TVM, por razões ainda por descortinar, voltou a pôr no ar esta publicidade enganosa. Sugerimos, oportunamente, ao PCA da TVM, para poupar os telespectadores com brincadeiras.
O governo combate o polícia de trânsito que pede refresco ao automobilista, para anular a multa. Ao professor primário que quer mata-bicho, para deixar o menino transitar de classe. Castiga ao enfermeiro que solicita oriento ao paciente para não bichar. A detenção de funcionários da primeira linha é um sinal de que o aviso dos doadores vai continuar a fechar as torneiras que jorram leite e mel que engordam os novos ricos. Se medidas enérgicas de combate à corrupção não forem tomadas, os momentos mais difíceis estarão próximos e o governo sairá derrotado da sua pena com gente corrupta.
Ficou mal a defesa pública, na TVM, proporcionada pelo antigo chefe do Estado, Joaquim Chissano, a favor dos detidos, sugerindo que aguardassem julgamento em liberdade, comparando a situação com a do líder do ANC, da África do Sul, Jacob Zuma. Esta comparação é absurda e inoportuna. Siba-Siba Macuácua foi morto por cobrar dinheiros roubados ao Estado. O governo de Joaquim Chissano fingiu perseguir os assassinos, quando, de facto, enganava o povo. Até ensaiou ajuda de peritos sul-africanos.
Recentemente, foram absolvidos, pelo tribunal, oito cidadãos indiciados no suposto atentado à vida do marido da Primeira-Ministra, depois de oito anos de reclusão. Ninguém ouviu Chissano a solicitar que aqueles cidadãos aguardassem julgamento em liberdade. Gostaríamos que todos os corruptos, com provas documentadas, fossem encarcerados, julgados e condenados. A prisão de Manhenje e seus comparsas na suposta roubalheira dos fundos do Estado no Ministério do Interior, é uma amostra não significativa dos roedores do bem comum.
Continuamos insatisfeitos com a Procuradoria Geral da República devido ao seu fraco desempenho no combate à gatunagem, nas instituições públicas. Empresas fantasmas de dirigentes são infiltradas nas instituições do Estado para sugarem fundos. Foi assim como roubaram no Ministério do Interior. Vimos isso, recentemente, no INSS.

(Edwin Hounnou, na Tribuna Fax com a data de 29/09/08)

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