Tuesday 9 September 2008

Dhlakama oferece Beira à Frelimo

Lourenço Bulha, candidato da Frelimo para o Município da Beira, nas eleições autárquicas de 19 de Novembro, pode considerar-se homem de sorte, porque Afonso Dhlakama afastou Davis Simango, da corrida, para facilitar a reconquista da cidade pelos camaradas. Para o lugar vago, como sempre, indigitou Manuel Pereira, veterano da Assembleia da República, que, há dois meses, ensaiou uma candidatura controversa, rejeitada pelas bases. Eleições? – É coisa dos comunistas.
Analistas atentos alertaram que a acrobacia de Pereira era uma jogada do líder, sempre presente em épocas eleitorais. Não era segredo para quem o conhecia como um inconsequente. Depois, o pré-candidato veio a público anunciar a sua retirada, dizendo ter sido enganado. Os mais cépticos viram a mão do líder, para baralhar a opinião pública. As bases do líder andam pelos cafés da Beira, a fazer barulho na imprensa, ao serviço de Dhlakama.
Bulha diz que vai expulsar a perdiz do município de Chiveve. Agentes do SISE sabiam, há mais de 15 dias, da decisão de Dhlakama, de entregar a Beira à Frelimo, em nome das suas invisíveis bases. Bulha pode correr rumo à vitória, removido que foi o obstáculo no seu caminho. A história vai nos dar razão e Dhlakama será o culpado.
O afastamento de Simango é considerado, por muitos, como uma manobra política do líder para desmobilizar militantes, simpatizantes e amigos do seu partido. As pessoas que o conhecem dizem que ele é imprevisível. A Frelimo tem feito algumas coisas boas, que Dhlakama não consegue imitar. Copia, com genica, as piores asneiras da Frelimo, tal como desmobilizar e confundir os militantes do partido.
A Renamo nunca elege deputado em Gaza. Para Dhlakama isso não é problema. Deixou escapar Tete, perdeu Niassa, empatou em Manica. O líder não está preocupado com isso. O silêncio da Renamo sobre a prisão, evidentemente política, do assessor de Simango, Alexandre Gonçalves Jr., é estranho. Enquadra-se nos esquemas do líder em abandonar seus amigos, simpatizantes e militantes quando presos.
A manobra de Dhlakama deve ser denunciada pelas forças que lutam contra o retorno à monopartidarização do Estado, favorecida pela dormência do líder da Renamo. Dhlakama deveria ocupar-se, exclusivamente, do seu Movimento Multipartidário Mundial e deixar a política para os interessados em mudanças, no País.
Dhlakama pretende diminuir a popularidade interna e externa de Simango para, assim, garantir a sua continuidade na liderança no partido. O líder deveria deixar de dar boleia à Frelimo, com suas brincadeiras, consolidar o seu partido a fim de ganhar as eleições. Quem está a destruir a Renamo é Dhlakama e não a Frelimo.
Para o bem da democracia e da Renamo, Pereira deveria abster-se de ser usado por Dhlakama, renunciando a sua intenção. As manifestações que ocorrem, na Beira, são um sinal claro de que não terá as coisas facilitadas. A persistir, tanto a Renamo quanto a Pereira sairão amachucados.

( Edwin Hounnou - edhounnou@yahoo.com.br, retirado, com a devida vénia de A Tribuna Fax, edição de o1/09/08. )

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