Saturday 25 January 2014

CIDADE DE MAPUTO TOMADA DE ASSALTO PELO NEGÓCIO INFORMAL

Maputo, 24 Jan (AIM) – Comerciantes informais provenientes de diversos pontos do país acreditam que a cidade de Maputo, capital moçambicana, constitui um mercado favorável tanto para a geração de lucro nos seus negócios, bem como para criar poupança necessária para alimentar o sonho de um futuro sorridente na sua terra natal.
A maioria dos informais entrevistados pela reportagem da AIM são cidadãos originários das regiões centro e norte de Moçambique, que confessaram ter largado os seus estudos ou abandonado as suas famílias para se deslocarem a Maputo, onde praticam o negócio informal há vários anos.
Numa ronda a cidade de Maputo, pode-se constatar facilmente a presença de vendedores informais um pouco por todo lado, mas em maior concentração a partir do Ponto Final, esquina entre as avenidas Eduardo Mondlane e Guerra Popular, bem como ao longo desta última via até a zona baixa da capital moçambicana, junto ao terminal dos transportadores semi-colectivos.
A maioria são jovens de ambos os sexos que se concentram diariamente desde as primeiras horas da manhã até ao fim do dia num exercício de caça ao cliente, e cujo objectivo é a liquidação das suas mercadorias e, naturalmente, geração de renda para manter o negócio e a materialização dos seus sonhos antes de deixarem as suas zonas de origem.
A AIM entrevistou um grupo de 115 jovens. Deste número 111 já não pensam em regressar às suas zonas de origem pois, agora, a sua ambição é adquirir um terreno na capital do país, para erguer a sua própria residência e, naturalmente, praticar o comércio para sustentar a família.
Para Hélio Afonso, natural de Quelimane, província central da Zambézia, e vendedor informal, as condições de vida na cidade de Maputo são melhores. Afonso acredita ainda que “qualquer pessoa pode conseguir sobreviver desde que tenha força de vontade e criatividade”.
Afonso disse ainda que sobrevive com base na venda de acessórios para telemóveis há cinco anos na zona baixa da cidade de Maputo e por dia consegue no mínimo 200 meticais (cerca de sete dólares) de lucro.
A vida de Maputo não é como a de Quelimane. Em Maputo, a pessoa consegue ganhar o mínimo para sobreviver, enquanto na minha província tudo está parado porque não há movimento e assim fica difícil desenvolver o negócio”, explicou.
Durante o contacto estabelecido com outros vendedores informais, a reportagem da AIM apurou que um número significativo frequentou apenas até ao ensino primário do segundo grau.
O ensino em Moçambique está estruturado em primário, secundário e superior. O primário subdivide-se em dois graus, o primeiro e o segundo.
Afirmam, por um lado que decidiram enveredar pelo negócio ao invés de estudar porque “estudar não lhes vai valer em nada devido a dificuldade para encontrar um bom emprego”.
Por outro lado, defendem ter saído da sua zona de origem como forma de escaparem das cheias que ocorrem com muita frequência nas regiões centro e norte do país.
Alguns alegam ter abandonado os estudos devido a falta de condições financeiras para suportar os custos da sua educação e as suas famílias nunca lhes incentivaram a prosseguir a formação escolar.
A maioria vive em espaços alugados, pagando uma renda mensal que varia de 1.000 meticais à 2.500 meticais. Este valor representa uma despesa considerável para os seus orçamentos que gira em torno de 6.000 meticais, por mês.
Sónia Chico, natural de Quelimane, é outra vendedora informal na baixa da capital moçambicana.
Ela disse que há cerca de três anos que vende sapatos. Afirma ainda que consegue por dia pelo menos vender uma caixa de calçado, que representa um lucro no valor de 300 meticais, ou seja 9.000 meticais mensais.
É graças a venda de calçado que ela consegue pagar a renda do espaço onde vive e suportar outras despesas de casa.
Eu consigo vender por dia uma caixa de sapatos e através desse valor que ganho diariamente consigo pagar a renda de 2.500 meticais mensal e sustentar os meus dois filhos”, contou a fonte.
Sónia Chico disse que saiu de Quelimane para vir viver com o seu marido em Maputo, com que se separou mais tarde, razão qual decidiu entrar no negócio informal para sustentar os seus filhos e a si própria.
Por seu turno, Simão Huo, disse que há cinco anos que pratica o comércio informal, sendo a sua especialidade a venda de vestuário masculino. A fonte disse que consegue fazer um lucro diário na ordem de 800 meticais.
Se para os vendedores informais o “negócio de esquina” é uma forma de sobrevivência, o mesmo não deixa de ser preocupante para as autoridades municipais, sobretudo aos peões que amiúde são forcados a transitarem pela via pública ao invés dos passeios que, infelizmente, há muito que deixaram de exercer o papel para o qual foram concebidos.
Como consequência, hoje, os peões não têm outra alternativa senão disputar o mesmo espaço na estrada com os automobilistas e que, muitas vezes, com consequências desastrosas, naturalmente para o pacato cidadão.


(AIM)

1 comment:

Anonymous said...

Onde nao ha ordem e onde as autoridades Municipais sao CARECAS em tudo (ideias, trabalho serio, etc, etc) como o "macaco" Simango que "gere" o Municipio, essas coisas acontencem! Na verdade esta' claro que o Municipio de Maputo nao tem ninguem p/estabelecer regras de vida duma cidade! A populacao auto-governa-se a si mesma na sua luta pela sobrevivencia! O Comiche estava a fazer um belissimo trabalho e foi "travado" pelos amantes do caos dentro do partido Frelimo para garantir a expropriacao ilegal de espacos publicos! Estamos lixados c/esta bicharada!