Bin Laden morreu, mas o terrorismo não. Para a infelicidade do mundo, o terror de inspiração islâmica não se foi com o seu mentor. Continua uma ameaça real. Bin Laden era sobretudo um inspirador de muitos grupos de fanáticos.
Bin Laden está morto. Os detalhes da operação da sua captura no Paquistão continuam obscuros. Os americanos não parecem mesmo interessados em revelá-los, tal como estão resolutos na ideia de que não vão exibir ao mundo as fotografias do seu corpo, ferido de morte. Isto apesar da natural avidez do mundo inteiro, qual São Tomé, que quer ver para crer que, de facto, o maior terrorista do mundo já está fora de combate.
De Clinton a Obama, Bin Laden foi o maior pesadelo das administrações americanas e a sua fuga durante uma década humilhava a América, uma superpotência ferida que não se coibiu de invadir um país - o Afeganistão – à procura daquele que, desde o 11 de Setembro, se transformou no seu inimigo de estimação.
Bin Laden tinha já os americanos como alvo muito antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001. A sua mão esteve por trás dos ataques às embaixadas no Quénia e na Tanzânia em 1998 e também na tentativa de afundamento do navio USS Cole ao largo do Iémen em 2000. Mas a CIA cometeu vários erros de avaliação da ameaça da Al-Qaeda, e a maioria dos americanos só deu importância ao saudita quando dois aviões embateram nas Torres Gémeas, outro atingiu o Pentágono e um quarto se despenhou num descampado na Pensilvânia, falhando o seu alvo, talvez a Casa Branca.
Foi preciso morrerem quase três mil pessoas, para a grande América despertar para o novo perigo que emergia e o afrontava, desde o fim da Guerra Fria. Assustados, a América e o mundo lançaram-se numa longa batalha contra o terrorismo de inspiração islâmica, com acções militares (invasão do Afeganistão), operações policiais (células terroristas descobertas em países da Europa, de África, mas também na própria América) e medidas de segurança nunca antes vistas no transporte aéreo. Um terrorista punha, assim, o mundo em sentido e mudava-lhe literalmente oe seus hábitos!
George Bush saiu da Casa Branca em parte desacreditado por não conseguir capturar o ideólogo do 11 de Setembro. Obama herdou a missão sem ter garantias de que seria bem-sucedido e ainda por cima tendo de assistir aos avanços dos talibãs, velhos aliados de Ben Laden, também no Paquistão, uma potência nuclear errática.
Agora, o 11 de Setembro está vingado para alívio dos milhares de pessoas que perderam seus entes naquele fatídico ataque às Torres Gêmeas, mas também em muitos outros ataques.
Bin Laden morreu, mas o terrorismo não. Para a infelicidade do mundo, o terror de inspiração islâmica não se foi com o seu mentor. Continua uma ameaça real. Bin Laden era sobretudo um inspirador de muitos grupos de fanáticos, convencidos de que o Ocidente e os seus aliados encarnam o mal e que o mundo seria melhor se voltássemos a viver sob um califado, como nos primeiros tempos do islão, no século VII. Bin Laden conseguiu convencer esses muitos seguidores de que a sua utopia do neocalifado era a solução.Esses seus seguidores, que o verão agora como um mártir, tudo farão para continuar a matar. Por isso, o mundo ainda não está propriamente a salvo.
Outra questão intrigante neste dossier é o papel do Paquistão. Bin Laden vivia numa mansão luxuosa, na capital Islamabad, a escassos metros de um academia militar, e não fora detectado pelos serviços secretos paquistanesas. Ao enviarem as suas forças especiais e helicópteros àquele país sem dizerem nada às autoridades paquistanesas, os americanos passaram a clara mensagem de que não confiavam até no amigo Paquistão e isso volta a levantar questionamentos sobre de que lado, afinal, está este país na luta contra o terrorismo.
PS:
O Governo decidiu fazer agora o que devia ter feito logo no início desta novela rocambolesca da cesta básica: reuniu-se, esta semana, com empregadores e sindicatos para auscultar as suas opiniões sobre a melhor forma de a sua medida atingir os resultados desejados. Como diz o ditado, vale mais tarde do que nunca. Mas ainda assim, o nosso executivo não fica bem na fotografia neste assunto. Pela sucessiva mudança de critérios; por decidir sozinho primeiro e só depois chamar os parceiros. Mas sobretudo por faltar à verdade em algumas informações que presta ao público. Por exemplo, na semana passada, o ministro da Indústria e Comércio disse que o Governo tinha concluído o mapeamento dos trabalhadores do Aparelho do Estado elegíveis à cesta básica, mas quando lhe perguntaram quantos eram, não deu nenhum número. No mesmo dia, disse que os preparativos para a introdução da cesta básica estavam a 85%, mas a seguir afirmou que faltava o mapeamento dos trabalhadores elegíveis no sector privado cadastrados na segurança social e cujos processos já estão informatizados (e toda a gente sabe que a informatização no INSS só agora começou e ainda cobre uma parte ínfima dos beneficiários do sistema) bem como os trabalhadores do sector informal – precisamente as duas etapas mais espinhosas que o esperam e que ainda não clarificou como as vai concretizar, sobretudo registar vendedores ambulantes, empregados domésticos e outros ambulantes. Definitivamente, o cálculo de percentagens do nosso ministro não bate certo e parece claro que tem em vista impressionar do que clarificar.
Bin Laden está morto. Os detalhes da operação da sua captura no Paquistão continuam obscuros. Os americanos não parecem mesmo interessados em revelá-los, tal como estão resolutos na ideia de que não vão exibir ao mundo as fotografias do seu corpo, ferido de morte. Isto apesar da natural avidez do mundo inteiro, qual São Tomé, que quer ver para crer que, de facto, o maior terrorista do mundo já está fora de combate.
De Clinton a Obama, Bin Laden foi o maior pesadelo das administrações americanas e a sua fuga durante uma década humilhava a América, uma superpotência ferida que não se coibiu de invadir um país - o Afeganistão – à procura daquele que, desde o 11 de Setembro, se transformou no seu inimigo de estimação.
Bin Laden tinha já os americanos como alvo muito antes dos atentados de 11 de Setembro de 2001. A sua mão esteve por trás dos ataques às embaixadas no Quénia e na Tanzânia em 1998 e também na tentativa de afundamento do navio USS Cole ao largo do Iémen em 2000. Mas a CIA cometeu vários erros de avaliação da ameaça da Al-Qaeda, e a maioria dos americanos só deu importância ao saudita quando dois aviões embateram nas Torres Gémeas, outro atingiu o Pentágono e um quarto se despenhou num descampado na Pensilvânia, falhando o seu alvo, talvez a Casa Branca.
Foi preciso morrerem quase três mil pessoas, para a grande América despertar para o novo perigo que emergia e o afrontava, desde o fim da Guerra Fria. Assustados, a América e o mundo lançaram-se numa longa batalha contra o terrorismo de inspiração islâmica, com acções militares (invasão do Afeganistão), operações policiais (células terroristas descobertas em países da Europa, de África, mas também na própria América) e medidas de segurança nunca antes vistas no transporte aéreo. Um terrorista punha, assim, o mundo em sentido e mudava-lhe literalmente oe seus hábitos!
George Bush saiu da Casa Branca em parte desacreditado por não conseguir capturar o ideólogo do 11 de Setembro. Obama herdou a missão sem ter garantias de que seria bem-sucedido e ainda por cima tendo de assistir aos avanços dos talibãs, velhos aliados de Ben Laden, também no Paquistão, uma potência nuclear errática.
Agora, o 11 de Setembro está vingado para alívio dos milhares de pessoas que perderam seus entes naquele fatídico ataque às Torres Gêmeas, mas também em muitos outros ataques.
Bin Laden morreu, mas o terrorismo não. Para a infelicidade do mundo, o terror de inspiração islâmica não se foi com o seu mentor. Continua uma ameaça real. Bin Laden era sobretudo um inspirador de muitos grupos de fanáticos, convencidos de que o Ocidente e os seus aliados encarnam o mal e que o mundo seria melhor se voltássemos a viver sob um califado, como nos primeiros tempos do islão, no século VII. Bin Laden conseguiu convencer esses muitos seguidores de que a sua utopia do neocalifado era a solução.Esses seus seguidores, que o verão agora como um mártir, tudo farão para continuar a matar. Por isso, o mundo ainda não está propriamente a salvo.
Outra questão intrigante neste dossier é o papel do Paquistão. Bin Laden vivia numa mansão luxuosa, na capital Islamabad, a escassos metros de um academia militar, e não fora detectado pelos serviços secretos paquistanesas. Ao enviarem as suas forças especiais e helicópteros àquele país sem dizerem nada às autoridades paquistanesas, os americanos passaram a clara mensagem de que não confiavam até no amigo Paquistão e isso volta a levantar questionamentos sobre de que lado, afinal, está este país na luta contra o terrorismo.
PS:
O Governo decidiu fazer agora o que devia ter feito logo no início desta novela rocambolesca da cesta básica: reuniu-se, esta semana, com empregadores e sindicatos para auscultar as suas opiniões sobre a melhor forma de a sua medida atingir os resultados desejados. Como diz o ditado, vale mais tarde do que nunca. Mas ainda assim, o nosso executivo não fica bem na fotografia neste assunto. Pela sucessiva mudança de critérios; por decidir sozinho primeiro e só depois chamar os parceiros. Mas sobretudo por faltar à verdade em algumas informações que presta ao público. Por exemplo, na semana passada, o ministro da Indústria e Comércio disse que o Governo tinha concluído o mapeamento dos trabalhadores do Aparelho do Estado elegíveis à cesta básica, mas quando lhe perguntaram quantos eram, não deu nenhum número. No mesmo dia, disse que os preparativos para a introdução da cesta básica estavam a 85%, mas a seguir afirmou que faltava o mapeamento dos trabalhadores elegíveis no sector privado cadastrados na segurança social e cujos processos já estão informatizados (e toda a gente sabe que a informatização no INSS só agora começou e ainda cobre uma parte ínfima dos beneficiários do sistema) bem como os trabalhadores do sector informal – precisamente as duas etapas mais espinhosas que o esperam e que ainda não clarificou como as vai concretizar, sobretudo registar vendedores ambulantes, empregados domésticos e outros ambulantes. Definitivamente, o cálculo de percentagens do nosso ministro não bate certo e parece claro que tem em vista impressionar do que clarificar.
Jeremias Langa, O País
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