Bin Laden
Bin Laden está morto.
É pelo menos o que assegura o presidente Barack Obama e os seus serviços secretos.
A euforia ocidental é acompanhada por uma enorme incredulidade e cepticismo por todo o mundo árabe e islâmico. Ironicamente, as forças especiais norte-americanas acabaram por abater o “monstro” que criaram no auge da guerra fria decorrente da presença soviética no Afeganistão. E não deixa de ser notório o contraste entre o tom triunfalista do canal televisivo CNN e toque circunspecto que a Al Jazeera tem dado ao post mortem de Bin Laden.
Bin Laden está longe de ser o ícone idolatrado em que se transformou Che Guevara, mas é certamente uma referência dos sectores mais radicais árabes e islâmicos, desesperados com a hipocrisia dos autocratas que ocuparam as máquinas de Estado dos seus países. As revoluções e os tumultos em curso no norte de África e no Médio Oriente mostram, felizmente, outros caminhos de mudança não tutelados pelo fanatismo religioso saído das madrassas.
Porém, a morte de Bin Laden, pode-se dizer que é mesmo lugar comum, não vai significar o desaparecimento da Al Qaeda nem as acções violentas contra alvos ocidentais que muitos teimam em ver como guerra civilizacional.
Os governos de todo o mundo devem olhar com preocupação a proliferação de células da Al Qaeda, muitas vezes a coberto de fenómenos de radicalização religiosa. Em Moçambique têm sido reportados na s últimas duas décadas movimentos de estudantes do corão para o Sudão e Arábia Saudita para frequentarem cursos inspirados na filosofia whabita, a corrente mais radical do universo sunita, a par com as migrações e contágios a partir do Paquistão. O proselistismo religioso tornou-se matéria de relatórios de segurança nacional, primeiro por instituições especializadas norte-americanas e, mais recentemente por investigadores britânicos.
Num Estado em que nem sempre o laicismo institucional republicano é levado à letra, é importante que as matérias de segurança nacional sejam compreendidas em toda a sua dimensão, nomeadamente os fenómenos decorrentes do aparecimento de Bin Laden e dos seus seguidores.
A tolerância e a liberdade religiosa que têm sido apanágio da segunda república democrática e pluripartidária, devem ser preservadas a todo o custo, num país que é, mesmo que contrariado pelo oportunismo ultra-nacionalista, um caldo e um mosaico de culturas e tradições.
Tolerância e liberdade, a par da educação e informação, tornam as sociedades, incluindo a moçambicana mais imunes ao fenómeno do fanatismo e da manipulação religiosa ao serviço de causas de duvidosa justeza.
Bin Laden foi incontornavelmente um fenómeno mediático e apelativo. Mas os moçambicanos precisam de algo bem mais radical e com sentido prático da realidade para que as suas vidas conheçam dias melhores num futuro próximo.
Precisam da mudança também para que não apareçam messias mascarados de Bin Laden.
Bin Laden está morto.
É pelo menos o que assegura o presidente Barack Obama e os seus serviços secretos.
A euforia ocidental é acompanhada por uma enorme incredulidade e cepticismo por todo o mundo árabe e islâmico. Ironicamente, as forças especiais norte-americanas acabaram por abater o “monstro” que criaram no auge da guerra fria decorrente da presença soviética no Afeganistão. E não deixa de ser notório o contraste entre o tom triunfalista do canal televisivo CNN e toque circunspecto que a Al Jazeera tem dado ao post mortem de Bin Laden.
Bin Laden está longe de ser o ícone idolatrado em que se transformou Che Guevara, mas é certamente uma referência dos sectores mais radicais árabes e islâmicos, desesperados com a hipocrisia dos autocratas que ocuparam as máquinas de Estado dos seus países. As revoluções e os tumultos em curso no norte de África e no Médio Oriente mostram, felizmente, outros caminhos de mudança não tutelados pelo fanatismo religioso saído das madrassas.
Porém, a morte de Bin Laden, pode-se dizer que é mesmo lugar comum, não vai significar o desaparecimento da Al Qaeda nem as acções violentas contra alvos ocidentais que muitos teimam em ver como guerra civilizacional.
Os governos de todo o mundo devem olhar com preocupação a proliferação de células da Al Qaeda, muitas vezes a coberto de fenómenos de radicalização religiosa. Em Moçambique têm sido reportados na s últimas duas décadas movimentos de estudantes do corão para o Sudão e Arábia Saudita para frequentarem cursos inspirados na filosofia whabita, a corrente mais radical do universo sunita, a par com as migrações e contágios a partir do Paquistão. O proselistismo religioso tornou-se matéria de relatórios de segurança nacional, primeiro por instituições especializadas norte-americanas e, mais recentemente por investigadores britânicos.
Num Estado em que nem sempre o laicismo institucional republicano é levado à letra, é importante que as matérias de segurança nacional sejam compreendidas em toda a sua dimensão, nomeadamente os fenómenos decorrentes do aparecimento de Bin Laden e dos seus seguidores.
A tolerância e a liberdade religiosa que têm sido apanágio da segunda república democrática e pluripartidária, devem ser preservadas a todo o custo, num país que é, mesmo que contrariado pelo oportunismo ultra-nacionalista, um caldo e um mosaico de culturas e tradições.
Tolerância e liberdade, a par da educação e informação, tornam as sociedades, incluindo a moçambicana mais imunes ao fenómeno do fanatismo e da manipulação religiosa ao serviço de causas de duvidosa justeza.
Bin Laden foi incontornavelmente um fenómeno mediático e apelativo. Mas os moçambicanos precisam de algo bem mais radical e com sentido prático da realidade para que as suas vidas conheçam dias melhores num futuro próximo.
Precisam da mudança também para que não apareçam messias mascarados de Bin Laden.
Editorial do Savana de 06/05/11
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