Wednesday, 18 May 2011

Eleições municipais na Africa do Sul ameaçam a hegemonia do ANC

Por causa da sua má gestão o partido no poder corre riscos de perder a sua base de apoio popular que sempre lhe garantiu a maioria

Os sul-africanos votam amanhã (HOJE) nas eleições locais que muitos consideram como um teste para a maioria dominante do partido ANC que tem sido criticado pelo seu falhanço em fornecer serviços básicos, combater a corrupção e lutar contra a pobreza, ao nível dos governos locais.
Um recente relatório de auditoria nacional aos governos locais na África do Sul, e que a imprensa teve acesso, revelou que a corrupção em larga escala, gastos avultados e incompetência fazem parte das virtudes dos municípios. O estudo recomendou a intervenção do governo central em mais de um terço de governos municipais.
O jornal Beel em língua afrikaner, indicou na semana passada que o governo central esteve tão preocupado acerca do impacto do relatório sobre as eleições desta semana, ao ponto de ter ordenado que o mesmo fosse alterado antes da sua publicação. O porta-voz do governo publicou um desmentido sobre a notícia, mas o jornal Beel não abandonou as acusações.
O conteúdo do relatório é considerado como verdade por parte de muitos sul-africanos, pelo elevado número de protestos de rua por causa da má qualidade dos serviços básicos como água e electricidade, colapso do sistema sanitário, precária condição de habitação e dos transportes, sempre denunciados em todos os protestos de rua contra a corrupção.
As pessoas estão zangadas porque dizem comparar os níveis das suas vidas com as dos membros do governo, muitos deles fortemente criticados pela propensão as despesas e luxos.
Ebrahim Fakir do Instituto Eleitoral para a Sustentabilidade e Democracia em África disse durante um debate na televisão que apesar do aumento da frustração contra o governo, o ANC é dado como o vencedor das eleições de amanhã.
“Bem, penso que vai haver algumas surpresas, mas não tanto o quanto estamos a pensar. Penso que a questão da área metropolitana de Nelson Mandela Bay tem sido empolgada, por outros partidos políticos, mas o desafio do ANC vai ser se conseguirá fazer votar os seus apoiantes.”
São poucos os especialistas que prognosticam uma perda em larga escala do ANC, mas muitos estão a prever que estas eleições vão começar a mostrar que os eleitores perderam a paciência com o partido. A autora e analista Pumla Qgola que falava também no mesmo debate na televisão, disse que o partido que mais vai beneficiar com a actual situação é a Aliança Democrática da oposição.
“O ANC vai ganhar a maioria, contudo, penso que será uma tremida maioria em relação ao passado. Penso que a Aliança Democrática vai dar ao ANC, uma grande corrida por causa dos gastos em muitas cidades.”
O governo da Aliança Democrática que dirige a província do Cabo Ocidental e a cidade do Cabo obteve reconhecimento da auditoria geral pela sua governação eficiente e honesta. O partido é no entanto criticado por algumas pessoas de favorecer as zonas ricas em detrimento de comunidades pobres. Mas os seus responsáveis respondem dizendo que o seu trabalho está a vista e pode ser avaliado por todos.
Apesar do vasto sentimento crítico, o ANC continua a ser o mais popular de todas as formações políticas e pode também reivindicar várias conquistas político-sociais desde o advento da democracia em 1994, como o melhor acesso a água e electricidade para milhões de pessoas. Além disso, sem falar de cerca de dois milhões de casas construídas para os pobres, os subsídios para carenciados, e mais clínicas e educação gratuita.
Mas os analistas dizem que o desempenho do ANC é inconsistente e o partido vai ter que melhorar substancialmente a sua acção para atenuar a frustração dos eleitores.

Voz da América

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