Wednesday 2 July 2008

Mugabe cairá de podre


A desistência da corrida eleitoral, pelo líder do Movimento para Mudança Democrática, MDC, Morgan Tsvangirai, desmascara a farsa que Robert Mugabe havia montado para vencer a segunda volta com uma vitória retumbante, como é apanágio dos partidos libertadores, no poder, na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, SADC. O excesso da violência protagonizada por elementos da ZANUPF ante a passividade da polícia, inviabilizou a realização de eleições. As eleições não poderiam ser democráticas, nem livres, nem transparentes e muito menos ainda justas.
Mugabe ao inviabilizar a democracia, golpeia as aspirações dos povos zimbabweano e da região. Para ele, democracia é quando lhe convém. O ditador precisa compreender que democracia não é, só, um ciclo mecânico em que as massas são chamadas a depositar os boletins de voto nas urnas, sendo as mesmas pessoas a governar o país, mesmo que tenham sido eleitos. Democracia é a livre escolha dos dirigentes e a consequente alternância ao poder. Quem não estiver preparado para passar pelo crivo do sufrágio popular, que não brinque à democracia.
Os zimbabweanos vão procurar abrigo em países vizinhos, degradando, as condições dos países de acolhimento. Em alguns casos, resulta em violência xenófoba, como foi o recente caso da África do Sul. O Centro do País está em letargia. As infra-estruturas ferroportuárias estão hibernadas. Milhares de postos de trabalho desapareceram pelo colapso económico do Zimbabwe. Nada justifica o apoio a um regime déspota cujo líder promete não deixar o poder, nem que perca as eleições. Só Deus me tirará do poder, diz Mugabe.
Então, para que servem as eleições?
O afastamento de Mugabe é um imperativo histórico. Os soberanos não são eleitos nem precisam fingir às eleições, mas, um presidente tem que ser escolhido pelo voto popular. Mugabe ao recusar submeter-se à vontade do povo, torna-se indigno da confiança dos zimbabweanos e vira dirigente ilegítimo. Mugabe compara-se ao rei francês, Luís XVI, que dizia: l’état c’est moi – o estado sou eu. O ditador zimbabweano por se obcecar pelo poder, pode ter terminar a sua vida na prisão ou no exílio.
A União Europeia e os Estados Unidos teriam que reforçar as sanções e não reconhecerem o regime de Harare, a fim de Mugabe cair que nem uma papaia podre. Qual fariam os governos da SADC que prestam apoio a Mugabe através da sua diplomacia silenciosa? Vimos a vergonha por que passou a Organização da Unidade Africana quando foi do caso de Madagáscar, no impasse entre Mark Ravalomanana e o ditador Didier Ratsiraka em que irromperam os Estados Unidos, França e o Reino Unido a reconhecer o novo regime, deixando a OUA a marcar passos na sua retórica mesquinha.
Precisamos mostrar que somos solidários com os combatentes da liberdade. Apelamos ao Presidente Armando Guebuza a ser mais explícito, distanciando-se de Mugabe que mergulhou o Zimbabwe numa crise.

( Edwin Hounnou, em “ A TribunaFax “, de 30/06/08 )

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