Wednesday 23 July 2008

24 de Julho: Dia das Nacionalizações



O que se ganhou com as nacionalizações

MAPUTO – A celebração de mais um aniverário do Dia das Nacionalizações que se assinala, quinta-feira, no País, é tema de destaque e arranca, amanhã com a conferência de imprensa, na qual governo vai divulgar os ganhos obtidos com as nacionalizações.
O director nacional da Administração do Parque Imobiliário do Estado, APIE, Geraldo Cossa, é a pessoa indicada para falar do assunto que, em diversos círculos da sociedade civil e do Estado, alimenta endeabrados debates, dada a forma como os imóveis são geridos.
O processo das nacionalizações dos imóveis de habitação, comércio e serviços teve lugar em 1976, sob a decisão do primeiro presidente de Moçambique Independente, Samora Moséis Machel, que, 10 anos depois viria a perder vida, num acidente de viação, ocorrido em território sulafricano, até hoje não esclarecido.
Analistas da praça consideram que a iniciativa de Machel foi boa, até certo ponto, porque iria permitir que o parque imobiliário fosse bem gerido. Porém, no lugar de estabelecer uma boa gestão, com a morte de Machel, a administração começou a desligar-se do seu papel, previlegiando, apenas, o negócio que deixou de rasto um parque invejável de imóveis que Moçambique detinha quando se libertou do jugo colonial português.
As inspcções que haviam nas casas nacionalizadas deixaram de existir. A ideia de desenho de um plano de manutenção dos prédios que havia, na altura ficou esquecida. Hoje, o aspecto físico e arquitectónico de muitos edifícios, retirados das mãos dos colonos portugueses, à força, deixa muito a desejar, dado o avançado estado de degradação em que se encontram.
Pior ainda, é o facto de a maioria dos actuais ocupantes não conhecer o conceito e o papel da higiene na saúde pública, espalhando a imundície em tudo o que é canto, contribuindo para a proliferação de doenças curáveis, casos de malária, cólera, entre outras que constituem grande ameaça à saúde dos residentes urbanos.
No encontro de hoje, o director geral da APIE deverá responder a várias questões de jornalistas, sendo de destacar as grandes conquistas que, na prática, ocorreraram com as nacionalizações e o que de bom e de mau teve esse processo.
Os jornalistas quererão saber, ainda, em que estado se encontra o património 32 anos depois das nacionalizações, que perspectivas existem. Constitui ainda preocupação, saber se as nacionalizações foram devidamente acompanhadas ou não, havendo, também, a necessidade de se explicar, se bem que tenha falhado, as razões que terão contribuído para o insucesso. (AA)

( A Tribuna Fax, 23/07/08, retirado com a devida vénia )

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