Tensão continua a aumentar no centro de Moçambique, onde nas últimas horas mais dois membros da RENAMO terão sido baleados. A RENAMO diz que já perdeu a conta dos seus membros assassinados a tiro.
Militantes dos dois principais partidos moçambicanos, a FRELIMO e a RENAMO já foram assassinados nos últimos meses no país, no contexto da atual violência entre as Forças de defesa e segurança moçambicanas e o braço armado da oposição.
Na quarta-feira (02.11.), a RENAMO, através do seu porta-voz, António Muchanga, acusou o Estado de Moçambique de financiar a morte dos militantes do principal partido da oposição, indicando que cerca de cem membros já foram assassinados e cerca de 250 estão desaparecidos.
Menos de 48 horas depois das declarações de Muchanga, mais dois membros da RENAMO, terão sido baleados na província da Zambézia, centro do país.
A primeira vitima, Abílio da Fonseca Baessa, membro da RENAMO e Diretor adjunto do Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE), foi ferido a tiro no distrito de Mocuba e neste momento encontra-se em tratamento intensivo no Hospital Rural de Mocuba. Um outro militante de base da RENAMO, conhecido por Carlos Manuel, terá sido morto esta quinta-feira ( 03.11.) no Posto Administrativo de Lioma, no distrito de Gúruè, disse à DW África Abdala Ossifo, delegado da RENAMO na Zambézia.Segundo Ossifo, a delegação do seu partido na Zambézia, já perdeu a conta dos seus membros assassinados a tiro ou que sobreviveram a várias tentativas de assassinato. "Recebi a confirmação da morte de mais um dos nossos membros ocorrido em Gúruè, mas estamos a fazer buscas para avançar com mais detalhes sobre este baleamento. Também foi baleado o um membro nosso na via pública em Mocuba quando ía em direção ao seu posto de trabalho. O membro baleado em Mocuba por sinal era um professor. Mas apesar desse clima de terror não vamos parar até que nos matem todos”, destacou Abdala Ossifo.
Entretanto, o Comando provincial da polícia da Zambézia disse à DW África que até ao momento desconhece a ocorrência desses dois casos.
A RENAMO não tem medo e portanto não desiste
O delegado da RENAMO na Zambézia insistiu que apesar desta situação que os membros do seu partido estão a enfrentar, a RENAMO não se sente intimidada.
"Não temos medo principalmente porque estamos a trabalhar para o bem estar da população e do Partido. Somos pela a paz e não pela violência…sabemos onde moram os secretários da FRELIMO, os administradores e também podemos ir às suas residências para os assassinar. Mas como estamos preocupados com a Paz, vamos permanecer passivos perante esta onda de assassinatos”.Recorde-se, que na semana passada a RENAMO e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) acusaram no Parlamento, em Maputo, o Governo de ter criado esquadrões de morte contra membros da oposição, enquanto a FRELIMO imputou ao braço armado do partido de Afonso Dhlakama a autoria de assassínios dos seus militantes.
Governo e RENAMO mantêm diálogo
Na ocasião, o ministro moçambicano da Justiça, Isaque Chande, rejeitou as acusações da RENAMO e do MDM, de que o Governo instituiu esquadrões de morte contra militantes da oposição, assinalando que as autoridades perseguem apenas organizações criminosas.
Mas apesar dos casos de violência, o Governo moçambicano e a RENAMO matêm o diálogo em Maputo, na presença de mediadores internacionais.
O maior partido de oposição exige governar em seis províncias onde reivindica vitória eleitoral nas eleições gerais de 2014, acusando a FRELIMO de ter cometido fraude no escrutínio.
Entretanto, mais de 100 membros da RENAMO, estão reunidos nos próximos dois dias na capital da província da Zambézia, com o objetivo de preparar as eleições autárquicas que vão ser realizadas em 2018.
A chefe da Comissão Politica na Assembleia da Republica, Ganya Mussagi disse que tudo está a ser feito para que a RENAMO concorra e vença as próximas eleições.
"Estamos preparados para concorrermos a esse pleito eleitoral e esta é também uma oportunidade para explicar à população e aos nossos militantes como está a decorrer o diálogo politico nas negociações de paz”.
DW
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