Saturday 5 November 2016

Do que estamos à espera para sairmos às ruas?




Se existia réstia de dúvidas, hoje parece não haver mais. É, diga-se em abono da verdade, chegada a hora dos moçambicanos abandonarem o conforto dos seus lares e sairem às ruas. Há motivos mais do que suficientes para tal, a começar pela incompetência aguda, passando pela insensibilidade e excesso de corrupção, até à falta de sensatez do Governo da Frelimo.

O custo de vida, que já era insuportável, tem vindo a agravar-se quase todos os dias, deixando os moçambicanos à beira do desespero. Em menos de um ano, os moçambicanos foram surpreendidos com notícias dando conta da subida galopante dos preços, porém, o povo continua sereno e impávido, como se o problema não lhe dissesse respeito. O mesmo aconteceu relativamente às dívidas contraídas com aval ilegal do Estado moçambicano. Devido a essa dívida, hoje Moçambique é vegonhosamente o país mais arriscado para investimento a nível mundial.
Assistiu-se, primeiramente, a subida do preço do pão. O povo aceitou de ânimo leve, depois veio o agravamento sistemático dos bens de primeira necessidade. Mais tarde, assistiu-se a aumento do preço do combustível, não obstante o preço do barril esteja a cair no mercado internacional. E, presentemente, o consumidor moçambicano é imposto o agravamento do custo da compra de energia eléctrica. Se a situação já se mostrava insustentável para os bolsos dos moçambicanos, hoje não há dúvidas de que se está num abismo. O mais preocupante é que não se vislumbra nenhuma solução a curto prazo.
Aliado ao facto da carestia de vida, assiste-se a situações clamorosas de corrupção. Numa país em que falta hospitais em condições, salas de aulas, fontes de água, vias de acesso, e onde a população vive na pobreza extrema, o Governo da Frelimo, numa política terrorista, endividou-se em centenas de milhões de dólares para a migração digital, negócio que foi entregue a uma empresa chinesa que tem como parceiro a filha do antigo estadista, Armando Guebuza.
Diante de toda essa situação anormal, os moçambicanos continuam inerte. São incapazes de sair às ruas para exigir responsabilidades. São incapazes de sair às ruas empunhando dísticos que demonstram a sua indignação e revolta contra toda essa catástrofe provocada por um bando de indivíduos sem nenhum sentimento em relação ao povo. O que mais estamos disposto a aceitar?



Editorial, A Verdade

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