Thursday 24 November 2016

Será que o Governo de Nyusi precisa de ser exorcizado?


Desde a entronização de Fi­lipe Nyusi na “Ponta Verme­lha”, de forma esparsa, que o seu Governo vem sendo surpreendido com desgra­ças de vária índole.
A primeira foi no ano pas­sado, em Chitima, província de Tete, quando mais de seis dezenas de nacionais encontraram a morte em consequência da ingestão de uma bebida de fabrico caseiro, conhecida local­mente por pombe.
Há poucos dias, em Caphiri­dzane, na mesma província, outras dezenas de nacionais (84 à altura da edição deste texto) encontraram a morte em consequência da explo­são de um camião-tanque de combustível.
Em ambos os casos, a ausên­cia da autoridade do Estado parece ser a nota dominante no que tange às fiscaliza­ções, inspecções e afins...
É muito azar para um Gover­no que tem como herança uma dívida pública a todos os níveis insustentável, e uma guerra não declarada contra o seu principal opo­sitor político.
É muito azar para um governo que tem em mãos uma economia em desastre total, por obra de uns “gan­gsters” que na pele de servi­dores públicos serviram-se do poder para dar robustez às suas contas bancárias.
É muito azar, que à boa maneira dos usos e costumes parece estar a precisar de uma cerimónia...
E, sendo nós africanos, apesar da evocação da laicidade do Estado, temos visto os líderes a fazerem rituais de exorcis­mo para que nos livremos de todas as maldições.
Não vejo por que o actual Governo se esquive de o fazer, em praça pública, para a remoção destes azares todos.
Porque começa a ser estra­nho e isso se tornou motivo de chacota, pelo facto de o Governo ter decretado luto nacional pelas vítimas de Caphiridzane (que estavam a furtar combustível) e não fez o mesmo em relação às de Chitima (que muitas delas, frustradas com o nível de vida que levam, afogavam as mes­mas frustrações no álcool).
Com todos estes cenários e já que perguntar não ofende: Será que o Governo de Nyusi precisa de ser exorcizado?

Luís Nachote

CORREIO DA MANHÃ – 24.11.2016, no Moçambique para todos

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