Sunday 20 November 2016

Abutres humanos



Pode parece que estamos a caricaturar mas, infelizmente, é nisto que somos bons neste país: empregar sobrinhos, amantes e cunhados, esvaziar os cofres do Estado e ampliar os patrimónios pessoais à custa do dinheiro do povo. Como consequência disso, hoje o país caminha a passos largos para uma situação insustentável. Tudo indica que o pior está por vir. Porém, o mais revoltante nessa história é saber o rumo que dado ao dinheiro que nós é descontado todos os santos mês, após jornadas duras de trabalho.
A que propósito vem isto agora? A propósito da delapidação desenfreada do património do contribuinte moçambicano, levado a cabo pela Frelimo, atráves do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS). Há anos que o dinheiro da Segurança Social tem sido gasto em negócios obscuros, para não dizer duvidosos. Exemplo disso é o investimento de mais de um bilião de meticais do dinheiro que os moçambicanos são forçados a descontar, numa instituição bancária que hoje é dada como falida. Além disso, num negócio que, na verdade, se trata de uma burla qualificada, o INSS emprestou pouco mais de 200 milhões de meticais a uma empresa de ramo de aviação.
Na verdade, o INSS já nos habituou com os roubos descarados. E esses factos mostram como aquela instituição transformou-se numa vaca leiteira de uma corja de corruptos ligados ao partido Frelimo e ao Governo de turno. Com esse andar de carruagem, o sofrido trabalhador moçambicano corre o risco de, na velhice ou em caso de invalidez, não ver um centavo sequer de que tem direito. Aliás, presentemente, grande parte dos moçambicanos que descontaram para Segurança Social tem estado a viver um verdadeiro martírio para reaver pelo menos 300 meticais por mês.
Quando pensamos que o valor será usado para dar alguma dignidade aos moçambicanos na terceira idade ou numa eventual invalidez, eis que somos surpreendido com a notícia de que o dinheiro é usado, de forma inescrupulosa, para financiar operações duvidosas e com fins inconfessáveis.
Diante dessa situação e, sobretudo, pelo nosso dinheiro que está à saque desenfreado no INSS, não nos resta outra saída a não ser sairmos à rua para demonstrar a nossa indignação e revolta. Dói-nos saber que todos os meses, com o suor e até sangue do nosso trabalho, temos estado a sustentar gatunos de facto e gravata, para além de ajudá-los a ampliarem os seus patrimónios individuais para lá do intolerável.
Assistindo toda essa vergonha, não temos dúvidas de que devemos recusar categoricamente a canalização de 7 porcento (três pago pelo trabalhador e 4 pelo patronato) do ordenado ao INSS. Esse desconto tem de ser facultativo e não obrigatório, pois só assim o trabalhador moçambicano faria o melhor uso. O valor descontado mensalmente, ao fim de um ano, é suficiente para o pacato trabalhador melhorar a sua habitação ou desenvolver uma actividade de rendimento para garantir a sua subsistência, e dar uma vida com mínimo de dignidade a sua família.
É, portanto, preciso manifestarmo-nos contra toda essa roubalheira organizada e exigirmos que o desconto para a Segurança Social seja FACULTATIVO.


Editorial, A Verdade

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