Thursday 20 June 2013

Renamo está coberta de razão

Por Edwin Hounnou
As conversas tanto nos chapas, mercados, barracas quanto em menos restritos, as pessoas sempre deram razão à Renamo na sua disputa com o governo do partido Renamo. Aliás, é assim se explica o longo tempo que a guerra civil que varreu país entre 1976 a 1992, pois, sem o apoio do povo, esse conflito não poderia durar o tempo que levou. Nenhum movimento de guerrilha sobrevive se não estiver mergulhado no povo e a Renamo combateu, com sucesso, as forças governamentais. Isto demonstra que ela teve a simpatia popular. Nas eleições gerais de 1994 e 1999, a escolha da Renamo pelo povo para alternar a Frelimo ficou evidente, apesar de toda a gama de fraudes para impedir que a Renamo fosse poder.   
As pseudo-negociações/diálogo que ocorrem entre o governo e a Renamo há muito que deveriam parar por serem um entretimento de gente adulta e aparentemente civilizada. O governo está a queimar tempo enquanto as eleições se vão aproximando sem que tenha sido produzido nenhum resultado palpável. Se, como dizem os ideólogos da Frelimo, as eleições não se ganham na Comissão Nacional de Eleições, CNE, o que impede a Frelimo aceitar que os demais concorrentes tenham os seus representantes em igual número ao da Frelimo? Se a Frelimo recusa a paridade, é por que a CNE e os demais órgãos eleitorais são uma verdadeira lavandaria das vitórias retumbantes que a Frelimo averba de eleição em eleição. 
A situação perigosa a que o país chegou se deve à arrogância do governo que teima em não ouvir a voz da razão. A postura de desprezo que o executivo teve em relação à greve dos médicos é, no mínimo, arrepiante. O Presidente da República ao invés de se concentrar na resolução do problema da reivindicação dos médicos, pôs-se a passear pelo Japão, China e Coreia do Sul, limitando-se a mandar recadinhos, e com a sua esposa a fazer compras pelo mundo fora e a hospedar em hotéis de luxo. Mal chegou das passeatas, foi à Niassa homenagear mais herói, na esteira das suas dispendiosas e supostas presidências abertas.
A Renamo tem razão e tudo deve fazer para manter a simpatia popular do seu lado que o povo, à excepção dos puxa-saco do regime, anda cansado de um governo arrogante, mais ocupado com negócios empresariais privados dos seus membros que dos interesses do povo.
A Renamo deve abster-se de toda a iniciativa de violência e de atacar objectos militares porque as Forças Armadas não têm aparecido a violentar o povo pra não dar razão aos belicistas e belicosos do regime. Violentar a Força de Intervenção Rápida, sim, porque é um instrumento de violência do governo contra os madgermane, desmobilizados, partidos políticos da oposição, potenciais eleitores e os médicos, etc. Ninguém tem pena que seja respondida com a mesma violência que usa contra o povo. 
As justas e legítimas reivindicações da Renamo não devem, em nenhum momento, tornar mais difícil a vida a vida do povo, tal como impedir a transitabilidade de pessoas e bens pelo país.   

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