Wednesday, 28 January 2009

MDC desmente SADC de ter chegado a acordo com Mugabe

O Movimento para a Mudança Democrática (MDC) desmentiu ter chegado a acordo com Robert Mugabe sobre a tomada de posse dos seus dirigentes no governo de unidade, ao contrário do que afirma a SADC em comunicado emitido ontem no termo de uma cimeira extraordinária de chefes de Estado.
Em reacção ao comunicado da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), após mais de 12 horas de discussões em Pretória, o MDC declara-se “desiludido” com a organização regional, mas salienta que “nunca teve grandes expectativas relativamente a uma cimeira que nada acrescentou à falhada mediação de Thabo Mbeki”.
Esta reacção, expressa por um dirigente do MDC visivelmente agastado, mantém o tom de rejeição dos processos utilizados pela SADC para “satisfazer a agenda de Robert Mugabe” utilizado também pelo líder do Movimento para a Mudança Democrática, Morgan Tsvangirai, num curto comunicado emitido após a cimeira. Tsvangirai afirma que “as conclusões oficiais da cimeira goraram claramente as nossas expectativas” e garante que o MDC continuará a lutar pelos interesses do povo do Zimbabwe.
O Movimento oposicionistabweano revela que reunirá no fim-desemana o seu Conselho Nacional para deliberar sobre o rumo a seguir, mas garante que os seus dirigentes não tomarão posse no novo governo de unidade enquanto as suas exigencies não forem satisfeitas.
Tais exigências são, fundamentalmente, a libertação imediata de todos os presos políticos e o controlo partilhado “equitativamente” de pastas governamentais (em particular a administração interna), direcçõesgerais e postos diplomáticos.
O comunicado da SADC insiste em “forçar” o MDC a aceitar deter a pasta da administração interna (e consequentemente a polícia) com carácter rotativo com a Zanu-FP (de Mugabe) por períodos de seis meses, solução já rejeitada pelo movimento de Morgan Tsvangirai como “impraticável”.
A cimeira da SADC, à qual apenas compareceram os chefes de Estado da África do Sul, Moçambique, Namíbia, Zâmbia, Tanzânia, Botswana e Malawi, o primeiro-ministro do Lesoto e o rei da Suazilândia — sendo os restantes seis Estados-membros representados a nível de ministros dos Negócios Estrangeiros —, deliberou que Tsvangirai deverá ser empossado como primeiro-ministro a 11 de Fevereiro e que os ministros e vice-ministros sejam empossados a 13 do mesmo mês.
Entretanto, a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton está “muito preocupada” com a situação no Zimbabwe, indicou segunda-feira um porta-voz do departamento de Estado, Robert Wood, que pediu à África do Sul para pressionar o presidente zimbabweano Robert Mugabe.
“Clinton está muito interessada neste processo. É uma situação que a preocupa
muito”, assegurou o porta-voz durante uma conferência de imprensa. “Vamos reavaliar a situação da África austral para ver o que podemos fazer”.

Agências internacionais, citado no Diário do País de 28/01/09.

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