Tuesday, 27 January 2009

A lista da vergonha e do medo

Faz alguns dias que meu temor se multiplica. Talvez, porque estou um pouco cada dia mais inseguro e acreditando que, a qualquer momento, alguém pode assaltar ou talvez visitar a minha pobre habitação e por desejo atirar contra a minha cabeça consciente e, porém, nada lhe vai acontecer.
É verdade que o Procurador-geral da República, Augusto Paulino, diz, todos os dias, que, em Moçambique, ninguém está acima da lei, mas não é só essa máxima de que me lembro. Lembro-me, também, de o Juiz Paulino ter dito que acredita que, haja mais implicados, no caso Carlos Cardoso, e um dia serão conhecidos. Ele não disse que ele já sabe. Penso que se soubesse, talvez, nos teria dito, mas ficou a dúvida. Sobre Machel, a semana, em tempos atrás, o antigo combatente, Marcelino dos Santos, assegurou-nos que “um dia a verdade saberemos”.
É assim. Estamos a viver contando com um dia; talvez, esse dia chegue, mesmo, mas pode nunca chegar e ficaremos num dia à espera de um dia. Por mais que me acalmo, não consigo esquecer, ou esperar por esse dia, e, enquanto esse dia não chegar, vou tentando perceber quem esta ficando para um dia.
Isaías Tchavana, antigo inspector da Polícia, atingido, mortalmente, (diz-se) por marginais amigos, segundo a última versão do “Magazine Independente”, conta-se, por exemplo, que, por detrás da morte, esta o facto de ele ter exigido que lhe entregassem 50.000.00MT (hoje). Os bandidos e ladrões preferiram mata-lo, que lhe dar aquela quantia: foi por dinheiro, diga-se, sujo, proveniente, provavelmente, de outras mortes ou assaltos.
Afito, ..., e todos os outros da famosíssima brigada mambas, também,caíram no mesmo combate contra os marginas da praça. A versão é que essa brigada tinha um acordo com os ladrões para que, quando esses roubassem, os entregassem uma boa parte dos produtos do roubo ou dinheiro proveniente da venda. Esses policiais tinham a missão de combater os marginais, mas podiam encobri-los: mais mortes. Tal como no primeiro caso, o problema se repete; dinheiro sujo.
António Siba-siba Macuacua, o herói para muitos, jovem economista, que, em nome da honestidade, tentou repor todo o dinheiro roubado, aos cofres do antigo Banco Austral, os grandes homens muitos deles com capa de empresários, alguns, aparentemente, de sucesso, preferiram tirálo do caminho. Penso que bastava um tiro, nos pés. Preferiram calá-lo, de vez. Mais uma vez, por um dinheiro roubado ou extorquido à Nação. A mesma Nação no Hino Pátria Amada. A quem diz Pátria Amada, mas é extorquida por outros.
José Gaspar Mascarenhas, deputado da Renamo, diz-se que era um empresário de sucesso. Com uma fábrica de tijolo, nas ruas de Maputo, comenta-se que teve o pecado capital de ter, em sua posse, segredos do Estado de alto nível. Qual nível ninguém diz. É especulação, dizem uns, mas ficou alvo de matança e nunca mais se ouviu falar dele, nem de pistas sobre a sua morte. Conclusão cuidado...
José Castiano Zumbire, director do SISE (Serviço de Informação e Segurança do Estado) na altura em que morreu. Os órgãos de informação nunca souberam explicar bem as causas. Eu também não as conheço. Aliás, não confio no meu palpite, por isso, não tenho palpite. Estou curioso. Gostaria de saber, mas não me matem, por perguntar, essa é a última vez que pergunto. De certeza, não serei um puxa saco para estas coisas que em nada me interessam, por isso...

Por Manuel Mendes, em A TribunaFax.

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