Wednesday 25 September 2013

TV religiosa de Moçambique troca jornalista por comentador político como diretor de informação

A estação de televisão moçambicana Miramar, detida pela Rede Record do Brasil e ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), nomeou o comentador político Isálcio Ivan Mahanjane para diretor de informação, em substituição da jornalista Selma Inocência.

Em declarações hoje à Lusa, Selma Inocência confirmou que já não é diretora de informação da Miramar "há algumas semanas", mas remeteu a conversa para mais tarde quando regressar do exterior onde se encontra em serviço.
Em julho, Selma Inocência foi finalista do prémio de jornalismo CNN Multichoice Jornalista Africano na categoria de Notícias Gerais de Expressão Portuguesa 2013, um prestigiado troféu que já tinha conquistado em 2011.
A substituição de Selma Inocência por Isálcio Ivan Mahanjane, licenciado em Direito mas não jornalista, foi descrita pelo jornal moçambicano CanalMoz como a materialização de um "plano de controlo dos órgãos de comunicação social por parte do partido Frelimo".
Este diário eletrónico escreveu hoje que "Isálcio Ivan Mahanjane faz parte da lista de 40 individualidades (conhecida como G-40) que foram alistadas pelo gabinete de propaganda do partido Frelimo para fazerem comentários nas televisões e jornais que exaltam Armando Guebuza e a Frelimo e, em contrapartida, atacam os partidos da oposição e os jornais independentes do partido Frelimo".
Isálcio Ivan Mahanjane integra uma lista de nomes de "comentaristas escolhidos a dedo" divulgada pelo Savana, para, segundo este semanário, "exercer pressão sobre os media privados em Moçambique no sentido de influenciar o percurso dos mesmos e das suas respetivas linhas editoriais, críticas da atual governação do Presidente moçambicano, Armando Guebuza".
Recentemente, o jornalista Rogério Sitoé foi destituído do cargo de diretor do Notícias, principal jornal do país e próximo do governo, para dar lugar a Jaime Langa, um colunista e então diretor de um pequeno jornal eletrónico que circula na cidade da Matola.
Depois disso, Jeremias Langa, diretor de informação da televisão STV e do diário O País, ambos detidos pelo grupo Soico, foi substituído por Olívia Massango, até então diretora de programas da STV, e irmã do presidente daquele grupo.
 

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