Wednesday 4 September 2013

Alice Mabota diz que OMM está manipulada e atrasa a emancipação da mulher

“A OMM faz o que o partido Frelimo quer. É mesma coisa que OJM. Uma organização da sociedade civil não pode cantar vitórias de um governante. O governante está ali para fazer bem e não para receber elogios. Eu critico quando algo vai mal. Um governante quando faz bem, não precisa de elogios, estará a cumprir com... o seu dever” – Alice Mabota, presidente da LDH.

Maputo (Canalmoz) – A presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabota, diz que a Organização da Mulher Moçambicana (OMM) está manipulada pelo partido no poder, a Frelimo, e fez com que a mulher ficasse atrasada no tempo.
“As pessoas às vezes ficam aborrecidas quando digo que uma das coisas que nos fez atrasar como mulheres é a Organização da Mulher Moçambicana. Ela (a organização) orientou as mulheres para caminhar num único sentido. Elas não podem sair daí porque não podem tentar caminhar sozinhas. Se isso fizer, estarão a contrariar as ordens”, disse Mabota quando questionado pelo Canalmoz à margem da cerimónia da entrega da esquadra comunitária em Guava, se como mulher sentia ou não que a OMM estava manipulada.
Mabota diz que a mulher moçambicana entrou para esta luta mundial por uma via que está a lhe limitar. A mulher não tem iniciativa. Está à espera de alguém para lhe dizer o que tem que fazer.
“Se perguntares quem é que chega por mérito próprio para ocupar uma posição, conta-se com dedos duma mão, todas elas chegam através do cartão”, disse.

Elogios ao trabalho da Liga

Segundo Mabota, as mesmas mulheres quando estiverem longe de quem lhes comanda, elogiam o trabalho da Liga dos Direitos Humanos.
“Pergunto porque é que não fazem o mesmo. O que vos impede? Elas respondem que estão a receber orientações”, disse, acrescentando que a luta da mulher passa por ela se auto-afirmar.
Num outro desenvolvimento, Mabota diz que “não basta ir à escola, é preciso não ter medo de caminhar sozinha, não ter medo de errar, cair, voltar a levantar e caminhar para frente”.
Acrescentou que a “nossa luta é educar mulheres mais jovens. A minha geração já está perdida. Não vale a pena você falar, o ouvido parece estar cimentado, temos que apostar nas crianças e nos jovens”.

“Género” é miragem

A presidente da LDH diz ainda que a questão de igualdade do género não passa de uma miragem. Por fora está bonito, por dentro está tudo podre.
“São poucas mulheres que se sentem livres, e é por isso que desejam que o País tenha 10 Mabota. Cada uma basta ter um bocado de dinheiro acabou, está preocupada em arranjar marido, se encontrar a melhor empresa, melhor chefe. Custa-me ver mulheres intelectuais terem medo de expressar-se, porque têm medo do partido”.
Indicou que uma Organização da Sociedade Civil não pode cantar vitórias de um governante. O governante está ali para fazer bem e não para receber elogios.




(Cláudio Saúte, Canal)

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