Monday, 30 September 2013

Onde está o parlamento para travar negócios “escuros” do Governo?

Onde estão os deputados? Onde estão os partidos políticos?
Onde estão os “defensores indefectíveis” do Governo?


Beira (Canalmoz) – É grave o que está a acontecer com o negócio das traineiras. Encomenda-se barcos a um construtor francês e nada se diz aos moçambicanos e nem aos seus representantes. Con...trai-se uma dívida que será paga por todos e não se explica nada aos moçambicanos. Afinal o Governo é um bazar ou um organismo fundado em preceitos concretos para levar a cabo uma missão de serviço público e defensa da soberania nacional? Governo diluído de legitimidade para realizar negócios deveria ser sujeito a uma moção de censura. Urge trazer seriedade para assuntos do fórum governamental e exigir responsabilidade a quem está a usurpar funções ou realizando-as sem observar o que se exige e se requer do ponto de vista legal.
Na esteira de outros negócios em que a transparência não se fez presente, os moçambicanos ficam a saber que o Governo encomendou barcos quando o construtor dá uma conferência de Imprensa em seu país anunciando o negócio.
Os parceiros internacionais de Moçambique, nomeadamente os governos que se fazem paladinos da democracia, estão a ser cúmplices com atropelos graves da legislação moçambicana. Secretamente se estabelecem e se firmam contratos longe do escrutínio da Assembleia da República.
Isto quer dizer que enquanto florirem os negócios da França, neste caso, as preocupações dos moçambicanos são irrelevantes. Desde que haja emprego e que os estaleiros navais franceses funcionem em pleno não importa qual terá sido a regra de procurement violada pelo governo moçambicano.
Nada se fez quando houve aquela aquisição de autocarros à TATA Índia pela TATA Moçambique. Governantes no activo, accionistas de uma empresa ordenaram a aquisição de autocarros para uma empresa pública em sua própria empresa. Diriam alguns que isso é o cúmulo.
Há suspeitas de que tenha havido algo por esconder aos moçambicanos em todo o negócio que culminou com a reversão da Barragem Hidroeléctrica de Cabora Bassa.
Dos parlamentares acomodados na Assembleia da República não há praticamente pronunciamento consequente sobre este tipo de assunto.
Aumenta a dívida pública e promove-se o enriquecimento ilícito de titulares de cargos púbicos a olhos vistos. Volta e meia proclama-se o combate à corrupção e contra a pobreza em discursos espampanantes. Constroem-se edifícios imponentes para servir um sistema judicial que se recusa a tomar conta dos casos que afectam o tecido económico e social do país.
Quando parceiros, supostamente engajados, na promoção da democracia e exigindo que todos os outros cumpram com determinadas regras se fazem de cegos, quando milhões de euros são destinados a compras que não cumprem com as regras em vigor no país, há razão para se ficar muito preocupado.
Dirão alguns que estamos interessados em paralisar a actividade governativa mas muito longe disso. Exige-se clareza e transparência. Proteger a costa marítima e iniciar negócios que tragam dividendos ao país não está em questão. É prerrogativa do governo governar no mais completo respeito do que isso significa. Mas governar é tudo menos criar condições para que ilegalidades aconteçam.
Alguém vai correr para o fabrico de mais um adjectivo qualificativo para denominar os moçambicanos que criticam este tipo de procedimento. Outros vão declarar onde estão as provas. Outros se limitarão a fechar a boca e a ignorar os factos. O PR e o seu porta-voz deverão adoptar a postura do silêncio porque convém num caso como este.
Este é dos grandes problemas que Moçambique vive. Promiscuidade com ilegalidades e ilicitudes ao mais alto nível de maneira aberta, impune e escancarada.
Com paradigmas deste tipo só se pode ter o tipo de resultados visíveis na esfera económica e social.
Há que travar este tipo de “negócios dos últimos dias”…
Enriqueçam com vosso trabalho e não endividando todo um povo…



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

Sunday, 29 September 2013

Final AfroBasket: Moçambique 61-64 Angola

SocButtons v1.4Valerdina, Ngulela, Ana Flavia, Anabela, Clarisse, Catia , Filomena, Leia , Rute , Cecilia , Odélia , Deolinda fizeram os moçambicanos esqueceu todos os seus problemas durante uma semana em que brilharem no Campeonato Africano das nações em basquetebol sênior feminino.
Na final, que foi disputada até ao prolongamento, as Samurais fizeram-nos sonhar com o ouro mas as angolanas acabaram por revalidar o título do AfroBasket.
Vamos agora preparar o mundial da Turquia, que como disse o nosso selecionador Nazir Salé, sempre foi o objectivo .



Adérito Caldeira , A Verdade

Afrobasket 2013: Samurais estão na final

Em lume brando as samurais cozinharam a sua presença na final deste domingo, na catedral do basquetebol de Moçambique, e ainda carimbaram os seus passaportes para uma presença inédita num Mundial de Basquetebol.
Mais uma vez a nossa selecção não entrou bem no jogo. Muitos ataques desperdiçados por passes errados e também pela falta de pontaria para marcar. Clarisse bem tentava, mas nem mesmo Leia conseguia encestar.
Com uma defesa à zona as camaronesas foram somando pontos e depois de vencerem o primeiro período saíram para o intervalo com uma vantagem de 13 pontos.
No recomeço as nossas meninas enfim entraram para a meia final. A defesa começou a fechar, mulher a mulher, e no ataque a pontaria afinou. Anabela aumentou o ritmo, e levantou o pavilhão, com a primeira bomba da nossa equipa. Depois foi Deolinda que lançou outra bomba e entramos para o último período com uma desvantagem de oito pontos.
E como elas, as samurais, gostam de deixar o melhor para o fim o último período começou com o pavilhão silencioso, havia unhas a serem roídas, mas a crença mantinha-se intacta. Odélia Mafanela começou o recuperação e Leia Dongue fez a cambalhota no marcador. Falta ainda muito tempo para o final, mais de dois minutos, e as camaronesas, já quase cozidas continuavam a dar luta.
Decisiva no jogo dos quartos de final Leia, como uma predestinada, voltou a decidir o jogo marcando os pontos que pouparam de sofrimento os corações dos 23 milhões de moçambicanos.
E como elas, as samurais, gostam de deixar o melhor para o fim o último período começou com o pavilhão silencioso, havia unhas a serem roídas, mas a crença mantinha-se intacta. Odélia Mafanela começou o recuperação e Leia Dongue fez a cambalhota no marcador. Falta ainda muito tempo para o final, mais de dois minutos, e as camaronesas, já quase cozidas continuavam a dar luta.
Decisiva no jogo dos quartos de final Leia, como uma predestinada, voltou a decidir o jogo marcando os pontos que pouparam de sofrimento os corações dos 23 milhões de moçambicanos.


Adérito Caldeira, Verdade

Moçambique bateu França «convencida»

O 41º Mundial de Hóquei em Patins, primeiro em Angola e em África, decorreu nas províncias de Luanda e Namibe, entre 20 e 28 de setembro.

Moçambique bateu França «convencida»
Moçambique é a 7ª melhor seleção do mundo em hóquei em patins, depois ter ganho à França por 5-4, no primeiro jogo deste sábado, dia em que encerra o 41º Mundial de Hóquei em Patins.
O jogo fortemente disputado mostrou um Moçambique decidido a ganhar e uma França com «excesso de confiança», segundo o selecionador moçambicano José Carlos Querido, que considerou a vitória justíssima».
Sempre descontente com a arbitragem, tema que aflorou mas a que se negou a falar mais, Querido deixou o apelo aos moçambicanos para que «não deixem morrer o hóquei», pois existe um grupo de trabalho capaz de representar bem as cores da bandeira.
«Ficarmos em 7º lugar não é descer -, perante as condições de trabalho que temos em Moçambique e depois de batermos uma equipa europeia como viram ali (na quadra), só demonstra que melhorámos e muito», disse em resposta ao SAPO Desporto, sobre a "descida" do 4º lugar do mundial anterior, na Argentina, para o 7º deste em Angola.
«O nosso pior jogo foi com Portugal, de resto fizemos jogos muito inteligentes», acrescentou.
Um mundial exemplar
A França será a anfitriã do próximo Mundial de Hóquei em Patins e de Angola leva como bom exemplo «o pavilhão e até a sala de imprensa», gracejou o treinador Fabien Savreux, visivelmente dececionado com o resultado frente a Moçambique.
«Estou dececionado porque a equipa não joga assim como eu queria», lamentou.
À parte o resultado que os deixa na 8ª posição, Savreux teceu comentários sobre a forma como todo Mundial rolou em Angola: «Aqui fez-se publicidade, houve investimento para que 12 mil pessoas enchessem o pavilhão, as claques torceram pelas várias equipas, o público apoiou as equipas do início ao fim. Em França as pessoas não apoiam tanto, chegam, assistem e nada mais. O pavilhão francês só terá capacidade para quatro mil pessoas», explicou.
«Este mundial foi um espetáculo muito bonito e fomos muito bem recebidos em Angola. Estamos muito contentes com o que vimos, os pavilhões têm ótimas condições», elogiou Savreux.
A final a acontecer em Luanda igualmente será entra Espanha e Argentina, neste sábado, pelas 21h e da parte do selecionador francês há maior crença na equipa espanhola que segundo este «teve jogos mais fáceis e tempo para descansar».
O 41º Mundial de Hóquei em Patins, primeiro em Angola e em África, decorreu nas províncias de Luanda e Namibe, entre 20 e 28 de setembro.

SAPO

Saturday, 28 September 2013

MDM em pré-campanha: Luís Boaviada trabalha nas províncias

O Secretário-Geral do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Luís Boavida, está a efectuar um périplo pelas províncias, no quadro dos preparativos das eleições autárquicas agendadas para 20 de Novembro.
Boavida já escalou sucessivamente as províncias de Nampula, Cabo Delgado, Niassa, Zambézia, Tete, Manica, Maputo Maputo-Cidade, tendo visitado as diferentes cidades e vilas que irão acolher a corrida de 20 de Novembro.
Uma nota do MDM, citada pelo jornal Notícias, indica entretanto, que a visita à província de Gaza, esta semana, não foi pacífica dado um grupo de indivíduos não identificados tentou invadir a sede da organização na vila da Macia, na perspectiva de inviabilizar as actividades então programadas para a recepção daquele dirigente politico.

A Polícia da República de Moçambique (PRM), comunicada sobre o facto, deslocou-se ao local para o restabelecimento da ordem e tranquilidade publicas.
No seu comunicado, o MDM repudia veementemente esta atitude considerando que a mesma atropela a as regras de convivência política num Estado de Direito Democrático.
 

Moçambique vence Nigéria nos últimos segundos e encontra Camarões nas ´meias`

 
Moçambique teve de suar mas conseguiu passar às meias-finais do Afrobasket, depois de bater a Nigéria, por 77-74, nos últimos segundos.
O jogo não começou de feição para as moçambicanas, que chegaram ao final do primeiro período a perder 18-13, mas estas reagiram e no final da primeira parte já ganhavam por 35-28.
Na segunda parte, Moçambique esteve na mó de cima até aos cinco minutos finais, altura em que a Nigéria acelerou e ficou em vantagem no jogo. Um sprint final permitiu às comandadas por Nasir Salé, que a um minuto do fim perdiam por cinco pontos, recuperar e vencer o jogo por 77-74.
Moçambique vai agora medir forças com os Camarões para tentar chegar à final do Afrobasket, jogo marcado para as 17 horas de sábado.


A Bola

Friday, 27 September 2013

Estado envolvido em negócios secretos

Empresa EMATUM que encomendou navios na França é participada pelo SISE (#canalmoz)

A EMATUM é uma empresa constituída em Agosto de 2013, tem como accionistas o IGEPE, a EMOPESCA e a GIPS. Por sua vez, a GIPS foi constituída em Fevereiro de 2013 e tem como sócio único os Serviços Sociais do Serviço de Informação e Segurança do Estado, abreviado como SERSSE

Maputo (Canalmoz) – Uma investigação levada a cabo pelo Canalmoz sobre a compra de 30 navios na França, pela empresa moçambicana EMATUM, no valor de 300 milhões de euros, permitiu apurar, dentre vários factos, a participação directa neste negócio, do Serviços de Informação e Segurança do Estado.
A empresa francesa Construc¬tions Mécaniques de Normandie deu a conhecer que estava a construir 30 navios para o Estado moçambicano. Esta infirmação veio a ser confirmada pelo Ministro da Planificação e Desenvolvimento, Aiuba Cuereneia, quando abordado por jornalistas à saída da sessão do Conselho de Ministros, na semana passada. Cuereneia disse que os navios eram para a “estrada nacional número zero”, referindo-se ao transporte marítimo.
Porém, a imprensa francesa noticia que entre os navios encomendados estão inclusos seis barcos de patrulha, sendo três de 32 metros e igual número de 42 metros. Consta ainda que não foi o Estado que encomendou directamente os navios, mas uma empresa denominada EMATUM – Empresa Moçambicana de Antum, registada em Maputo como Sociedade Anónima.

Os interesses do Estado por detrás da EMATUM

Investigação do Canalmoz permitiu apurar que a EMATUM foi usada pelo Governo para a compra dos navios. Na esta é uma entidade participada pelo Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE).
A EMATUM foi constituída há menos de dois meses. Precisamente, sua escritura aconteceu no dia 02 de Agosto de 2013, em Maputo. São accionistas da EMATUM o IGEPE – Instituto de Gestão das Participações do Estado, a Emopesca – Empresa Moçambicana de Pesca e, a GIPS - Gestão de Investimentos, Participações e Serviços, Limitada. É na GIPS onde reside o segredo da compra dos navios de patrulha, que custaram milhões ao Estado, sem que tenha havido concurso público e cujo valor não sai do Orçamento do Estado, aprovado pela Assembleia da República.
A GIPS é uma entidade unicamente participada pelos Serviços Sociais do Serviço de Informação e Segurança do Estado (oficialmente abreviado como SERSSE). Sua escritura aconteceu no dia 26 de Fevereiro de 2013, em Maputo. A GIPS não possui NUIT nem NUEL, segundo apurou a nossa investigação.
Em menos de sete meses após sua constituição, a GIPS juntou-se ao IGEPE e a EMOPESCA para constituir a EMATUM. É por via desta que o Governo drena dinheiro para a compra dos navios.

Contornar Parlamento e Procurment

Usando a EMATUM para a compra dos navios, o Governo consegue contornar, duma só vez, o Parlamento e o Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado, vulgo Lei do Procurment (Decreto 15/2010 de 24 de Maio).
Ao contornar o Parlamento, o Governo evita a exposição dos seus planos secretos aos meios de comunicação social e consequentemente aos cidadãos, bem como as críticas dos parlamentares sobre desequilíbrios na distribuição do orçamento para Defesa e Segurança e outras actividades sociais como Educação e Saúde.
Por outro lado, sem se submeter o negócio dos navios ao Procurment, o Governo tem espaço para a escolha “por dedo” do construtor que o desejar para o fabrico de navios, para além de poder evitar, igualmente, a publicitação do projecto da aquisição dos navios.

Factura para o Estado

Não obstante ser a EMATUM que está no papel como entidade que encomendou os navios na Construc¬tions Mécaniques de Normandie, a factura será paga pelo Estado.
Uma notícia da Agência Portuguesa de Notícias (Lusa), de 23 de Setembro corrente, indica que o presidente da República, Armando Guebuza, irá efectuar uma visita de Estado à França, a partir de hoje até amanhã (27 e 28 de Setembro), onde irá escalar a região de Cherbourg, onde se localiza a Construc¬tions Mécaniques de Normandie, construtora dos navios.
Ainda sem confirmação oficial do Governo, alega-se que o Estado Moçambicano assumiu-se como avalista da EMATUM no crédito que esta contraiu para o pagamento de navios. A Ematum contratou os bancos BNP Paribas e Credit Suisse para montarem uma emissão de 500 milhões de dólares em Obrigações do Tesouro.


(Borges Nhamirre)

Diálogo Governo-Renamo: Tudo na mesma

Jose pacheco Saimon macuiane montagem margensO diálogo entre o Governo e a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, voltou quinta-feira a registar mais um impasse devido a falta de um consenso sobre a legislação eleitoral.
Este ponto tinha sido marcado como o principal ponto da agenda da quarta sessão extraordinária havida hoje, em Maputo.
A revisão da legislação eleitoral é um dos pontos da agenda do diálogo que já vai na sua 20/a ronda. Outros pontos da agenda incluem a despartidarização do aparelho do Estado, defesa e segurança e questões económicas.
Falando em conferência de imprensa, minutos após o término da sessão extraordinária, o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, disse que a Renamo voltou a insistir na questão da legislação eleitoral e um “acordo político”.
“Eles dizem que querem um STAE partidarizado, querem uma Comissão Nacional de Eleições com um outro formato, um formato de paridade e nós dissemos a Renamo que está fora de questão tratar destas matérias na perspectiva da Renamo por ser uma violação a Constituição da República e demais legislação”, disse Pacheco.
Ademais, o governo carece de mandato para ditar ordens à Assembleia da República, o parlamento moçambicano.
Prosseguindo, Pacheco manifestou a disponibilidade da delegação das Forças de Defesa e Segurança de se reunir com a sua contraparte da Renamo para discutir o desarmamento do antigo movimento rebelde, bem como os preparativos de um encontro entre o presidente moçambicano, Armando Guebuza, e o líder ada Renamo, Afonso Dhlakama.
Contudo, a Renamo insiste em condicionar a realização do encontro a retirada das Forças de Defesa e Segurança do distrito de Gorongosa ou a deslocação do Chefe de Estado à Gorongosa.
“Verificou-se que a componente técnica da Renamo, que iria tratar das questões militares, não se fez presente”, lamentou Pacheco, que também desempenha as funções de ministro da agricultura.
O governante aproveitou a oportunidade para explicar que na sessão de ontem a Renamo apareceu com um extenso documento no qual aborda uma série de questões. A delegação do Governo pediu uma cópia, tendo a Renamo se recusado sob o argumento de que ainda precisava de introduzir algumas melhorias no referido documento.
Sobre a retirada das forças de defesa e segurança, Pacheco explica que as mesmas têm a missão de garantir a soberania, integridade territorial, defesa dos cidadãos singulares e colectivos, bem como a protecção dos bens públicos e privados.
Com relação à deslocação do Chefe de Estado a Gorongosa, o governante respondeu tendo em conta a agenda do Presidente Guebuza, a reunião deverá ter lugar na cidade de Maputo.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiana, disse que o impasse prevalece pelo facto de o Governo não mostrar interesse em resolver a questão da legislação eleitoral, cuja conclusão estava agendada para hoje, e passagem aos pontos subsequentes.
A Renamo propõe que a Frelimo deveria ter uma representação de 50 por cento nos órgãos eleitorais, cabendo os restantes 50 por cento aos partidos da oposição.
Contudo, o Governo discorda afirmando que todos os partidos são soberanos e que a Renamo não tem o mandato de defender um bloco de oposição, pois estaria a ferir a Constituição da República.
A Renamo insiste ainda na presença de observadores internacionais e facilitadores nacionais na mesa de diálogo alegando que só com a presença desses é que se pode alcançar o “consenso”.

(RM/AIM)

Thursday, 26 September 2013

Comemorar actos gloriosos da história à mistura com campanha política

Beira (Canalmoz) - Não é por caso que as cerimónias centrais da comemoração do dia 25 de Setembro, dia das Forças Armadas de Libertação Nacional, acontecem no Chimoio. Não é por acaso que as presidências abertas prolongam-se e estendem-se por tudo o que é lugar quase sempre seguidas pela visita “o...portuna” da primeira-dama. É uma estratégia de ocupação permanente do espaço político nacional. E os órgãos de comunicação social afectos ao regime do dia garantem que isso seja mostrado repetidamente em todos os cantos do país. Chamar a isso de exercício de intoxicação política e ideológica não estaria longe da verdade. E o agravante é que isso se faz a coberto de despesas legítimas do Estado.
Não é por acaso que em Gaza e em Manica multiplicam-se os actos de vandalização das actividades políticas dos opositores ao regime do dia.
Não é por acaso que a socapa e com cobertura policial e sectores afectos ao partido no poder desdobram-se na montagem de esquemas que garantam que os opositores não estejam nas mesas das assembleias de voto.
Não é por acaso que se silenciam as vozes contrárias no seio do partido que governa.
No mínimo, é suspeito que o porta-voz do PR jamais se manifeste quando os partidos da oposição queixam-se de violência e intolerância política praticada alegadamente por agentes provocadores afectos ao partido do PR. Aquilo que Moçambique precisa de ver se concretizando é o surgimento de uma nova forma de fazer política. Respeitar os outros não é fraqueza…
O silêncio cúmplice que provém da liderança da Frelimo transmite sinais de que o esmagamento da oposição por qualquer meio que seja será tolerado e os seus executores até serão premiados.
Num passado recente viu-se até quem conseguiu defender as posições do partido, mesmo para que isso fosse conseguido através da morte de compatriotas, sendo premiado com transferências e subidas de cargo.
Não há problema algum em compreender que os partidos políticos preocupem-se em organizar-se e em definir estratégias conducentes à realização de seus objectivos. O problema começa quando tais exercícios são claramente organizados de maneira afunilada e visando impedir que os outros façam o seu jogo de forma limpa e incontestável.
Quem não joga limpo concorre para o estabelecimento de práticas ilícitas que como sobejamente se sabe, provocam violência política.
De que vale propagar a ideia de que somos democráticos quando ao mesmo tempo impedimos que as instituições democráticas funcionem?
Entrincheirar instituições democráticas fundamentais com elementos infiltrados sobejamente conhecidos é como que preparar o campo para deliberações favoráveis, ou não será isso?
Os dotes retóricos e oratórios são armas que estão esgrimidas para ofuscar a verdade. Quem se diz contra a divisão do país mas que ao mesmo tempo fomenta o controlo em regime de exclusividade do mesmo o que afinal pretende?
Quem se diz amante da paz e prepara-se para a guerra de uma maneira ostensiva só pode ter medo da democracia. Há elementos suficientes para concluir-se que a estratégia eleita passa por adiar a realização dos pleitos eleitorais programados e legislados.
Parece que entre os “camaradas” tudo serve desde que o poder continue nas suas mãos.
Deve ter sido assinado algum “pacto secreto” entre os mais altos escalões da Pereira do Lago no sentido de dar mão livre para que a actual liderança proceda conforme aquele desígnio.
De outro modo não se sentiria a lei do silêncio imperando. “Cala-te que agora quem manda sou eu” deve ser o que está a acontecer. Quem se atreva a falar contrariando a agenda eleita é logo escorraçado ou catalogado como “apóstolo disto ou daquilo”.
Chegou o tempo de se “falar curto e mesmo grosso” sobre este Moçambique cambaleante. Os paninhos quentes dos académicos arregimentados, a comunicação social favorável e militante são fenómenos normais mas que não devem suplantar o que os moçambicanos querem, exigem e merecem.
Golpes baixos, jogadas secretas e conluios com vizinhos seguindo agendas similares só vão contribuir para “entornar o caldo”…
Não há problema sem solução e engana-se quem procura impor ou ditar regras a coberto de uma suposta superioridade.
O apelo é que as lideranças da Frelimo e da Renamo reconheçam os limites estreitos de suas estratégias de confrontação e embarquem para diálogos produtivos.
Os moçambicanos estão ávidos por um novo tipo de heróis, aqueles que com clarividência e sentido de patriótico coloquem tudo ao serviço da nação, da paz e do seu desenvolvimento.
O espaço é suficientemente grande para uma coexistência pacífica, longe de pretensões unilateralistas e de sufoco de quem pense ou queira diferente.
Respeitem-se os posicionamentos das verdadeiras reservas morais do país e que se comece de novo a olhar para o presente e futuro com “olhos de ver”…


(Noé Nhantumbo)

Afrobasket 2013: “Salanine” Senegal, até à próxima!

 
Numa verdadeira final antecipada, Moçambique defrontou e derrotou o Senegal na última partida da primeira fase do Campeonato Africano senior feminino, o Afrobasket, que decorre em Maputo. Em luta estava a primeira posição do grupo, em que só a vitória interessava as moçambicanas.
Neste jogo foi solicitada, ao mais alto nível, a experiência individual, que se repercutiu no entrosamento da equipa. Deolinda Ngulela, Anabela Cossa e Clarisse Machanguana que praticamente não abandonaram a quadra, tornaram-se a tripla que segurou a nossa selecção, a mesma que se tornou responsável pela criação dos inúmeros problemas ao Senegal. Em ordem respectiva, jogaram 37 minutos e 10 segundos, 31’24” e 38’25”.
Ao fim do primeiro período, o Senegal aterrorizou o pavilhão do Maxaquene ao forçar um empate a 16 pontos, saindo ao intervalo a vencer por 32 a 33. Veio o terceiro em que Moçambique privilegiou a defesa “homem a homem”, dando lugar às movimentações sem bola no ataque, o que atrapalhou as senegalesas que sempre deixavam solta Leia Dongue no interior por não saberem como defender.
Um basquetebol de outro nível, como aliás se ouvia vezes sem conta no Maxaquene. Por essa razão, as “Samurais” assumiram a liderança do jogo com cinco pontos de vantagem (53 a 48), ampliando, no quarto e último período, para 16 pontos.
A selecção senegalesa, diga-se de passagem, perdeu de cabeça erguida, ainda que assustada com o público que não deixou de apoiar, em nenhum momento, a selecção nacional.
O “Salanine” voltou a ser entoado, desta vez por cerca de 5000 pessoas que acederam a um pavilhão com capacidade para apenas 3000. Que confirme o presidente da Federação Moçambicana de Basquetebol, Francisco Mabjaia, que foi violentado quando o público decidiu invadir o pavilhão, desmontando todo o sistema de segurança que havia sido criado, obrigando ao reforço da equipa policial.
Deolinda Ngulela, com 21 pontos, foi a melhor marcadora da partida, enquanto Clarisse Machanguana se destacou com um total de nove ressaltos.
Moçambique defronta a Nigéria nesta sexta-feira (28), a partir das 18 horas, em jogo dos quartos-de-final da prova.
Calendário dos quartos-de-final:
13h30 Mali X Senegal
15h45 Egipto X Angola
18h Moçambique X Nigéria
20h15 Costa do Marfim X Camarões



David Nhassengo , A Verdade

Wednesday, 25 September 2013

Tragédia em Nairobi deve ser uma lição em Maputo

Migração ilegal e descontrolada já inclina a balança…

Beira (Canalmoz) – As tragédias humanitárias como as provocadas pelo recente ataque terrorista na capital queniana, Nairobi possuem causas políticas concretas.
O que pretendemos chamar a atenção é a necessidade do executivo moçambicano acordar para uma realidade ...que teimosamente tem preferido ignorar. As portas do país não podem continuar abertas de modo indiscriminado. É preciso colocar um travão a todo um conjunto de factos preocupantes na esfera da migração neste país. Quem atacou em Nairobi terão sido somalis ligados a uma rede terrorista com ligações a Al-Qaeda.
Moçambique tem a obrigação de receber refugiados de guerra. Todos os países fazem ou deveriam fazer o mesmo.
Mas isso deve ser feito responsavelmente e tendo em conta os riscos reais que existem quando centenas senão milhares de pessoas entram no país com a mais diversa proveniência.
A legalidade de muitos dos paquistaneses, indianos, nigerianos, somalis, é questionável sobretudo quando se sabe que em Moçambique ainda se vive no reino do “cabrito come onde está amarrado”.
Não se deve levantar falsos alarmes mas é necessário aprender coma tragédia recente em Nairobi. Nem todos os que entram no nosso país são pessoas de boa-fé fugindo de guerra em seus países.
A segurança nacional e as consequências sócias que já se podem ver são sinais de que alguma coisa não está sendo feita ao nível de definição de políticas de migração consentâneas com a realidade internacional.
Moçambique é acusado de ser um corredor no narcotráfico. A facilidade com que estrangeiros se estabelecem no país é simplesmente arrepiante.
Um pouco por toda a região central de Moçambique o mais variado tipo de negócios de pouca monta está nas mãos de estrangeiros. É bom que trabalhem e não se verifiquem comportamentos xenófobos como os que são habituais na África do Sul mas não se pode continuar a proceder com ingenuidade num assunto de extrema importância e sensibilidade.
Moçambique revela fraquezas estratégicas poucas vezes mencionadas ou abordadas. Com o comércio de alimentos secos quase completamente dominado por estrangeiros o país está mercê de pressões que possam ser suscitadas por políticas ou decisões políticas tidas como inconvenientes por quem controla as redes comerciais, importação de alimentos e sua venda a grossista e a retalho.
Se todo o arroz e óleo vendido no país são importados e controlados por estrangeiros isso tem de ser considerado uma fraqueza porque na verdade o é. Se a maioria do comércio de viaturas de segunda mão, pecas sobressalentes é controlada por nigerianos e paquistaneses temos de ficar preocupados? Uma leitura rápida e desatenta pode não revelar as implicações gerais e muitas vezes não óbvias deste assunto.
Quem relacionaria a entrada de vietnamitas em empreendimentos económicos no país com um aumento vertiginosos do abate de elefantes e de rinocerontes? Quem são os associados destes vietnamitas e a que tipo de negocio se dedicam?
Sem fazer perguntas continuará a ser difícil encontrar respostas satisfatórias.
Mineração ilegal no Niassa é comandada por estrangeiros? Os compradores de ouro e pedras preciosas são de que proveniência?
Os caçadores de elefantes em Niassa são tanzanianos mancomunados com moçambicanos?
Quem morre no Kruger Park abatido por forças sul-africanas são moçambicanos a soldo de quem? Afinal qual é a relação entre a migração ilegal e ilegal como o surgimento de novos tipos de crimes como o transporte de drogas no interior do corpo humano e os sequestros de cidadãos tidos como ricos? Esse tipo de cosias não se aprende nas novelas… Há que existirem mentores reais e dispostos a levar a cabo esse tipo de operações. As viagens de muitas mulheres aparentemente em compras no Brasil por quem são financiadas?
E quando terminam com êxito as operações económicas ilícitas requerem ou provocam a necessidade de fazer circular o dinheiro adquirido, de transportarem-se valores obtidos e eventualmente de lavagem de capitais ilícitos. Um governo que se diga preocupado com suas fronteiras, sua estabilidade e integridade não pode fazer vista grossa ao assunto migração.
Urge agir-se contra fenómenos anómalos e com potencial de perigar a estabilidade nacional.
As forças de defesa e segurança nas diferentes especialidades precisam encarar os factos de modo proactivo e preparar-se para qualquer eventualidade. Estamos longe de situações como a de Nairobi mas “prevenir sempre foi melhor remediar”.
Imagine-se todas as actividades de espionagem que devem ser executadas por emigrantes legais e ilegais…
Quem sabe se aquela embarcação vítima de pirataria não terá sido fruto de estudo prévio no país?


(Noé Nhantumbo)

TV religiosa de Moçambique troca jornalista por comentador político como diretor de informação

A estação de televisão moçambicana Miramar, detida pela Rede Record do Brasil e ligada à Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), nomeou o comentador político Isálcio Ivan Mahanjane para diretor de informação, em substituição da jornalista Selma Inocência.

Em declarações hoje à Lusa, Selma Inocência confirmou que já não é diretora de informação da Miramar "há algumas semanas", mas remeteu a conversa para mais tarde quando regressar do exterior onde se encontra em serviço.
Em julho, Selma Inocência foi finalista do prémio de jornalismo CNN Multichoice Jornalista Africano na categoria de Notícias Gerais de Expressão Portuguesa 2013, um prestigiado troféu que já tinha conquistado em 2011.
A substituição de Selma Inocência por Isálcio Ivan Mahanjane, licenciado em Direito mas não jornalista, foi descrita pelo jornal moçambicano CanalMoz como a materialização de um "plano de controlo dos órgãos de comunicação social por parte do partido Frelimo".
Este diário eletrónico escreveu hoje que "Isálcio Ivan Mahanjane faz parte da lista de 40 individualidades (conhecida como G-40) que foram alistadas pelo gabinete de propaganda do partido Frelimo para fazerem comentários nas televisões e jornais que exaltam Armando Guebuza e a Frelimo e, em contrapartida, atacam os partidos da oposição e os jornais independentes do partido Frelimo".
Isálcio Ivan Mahanjane integra uma lista de nomes de "comentaristas escolhidos a dedo" divulgada pelo Savana, para, segundo este semanário, "exercer pressão sobre os media privados em Moçambique no sentido de influenciar o percurso dos mesmos e das suas respetivas linhas editoriais, críticas da atual governação do Presidente moçambicano, Armando Guebuza".
Recentemente, o jornalista Rogério Sitoé foi destituído do cargo de diretor do Notícias, principal jornal do país e próximo do governo, para dar lugar a Jaime Langa, um colunista e então diretor de um pequeno jornal eletrónico que circula na cidade da Matola.
Depois disso, Jeremias Langa, diretor de informação da televisão STV e do diário O País, ambos detidos pelo grupo Soico, foi substituído por Olívia Massango, até então diretora de programas da STV, e irmã do presidente daquele grupo.
 

Tuesday, 24 September 2013

Quem pára os ratos que roem o País?

Beira (Canalmoz) - Eles chegaram pobres do exílio e do norte. Começaram por roer o cofre, a fortuna que os colonos portugueses deixaram. Roeram aquilo a que chamavam lojas do povo, roeram as peixarias do povo, os supermercados do povo. Os ratos roeram tudo.
Roeram as cooperativas de consumo, as barbearias do povo. Roeram as antig...as empresas estatizadas. Roeram as fábricas de calçados nacionais, roeram as fábricas de bebida ou refrigerantes nacionais. Roeram às moageiras. Roeram as padarias do povo.
Os ratos nacionais de colarinho e luvas brancas roeram as lojas interfrancas, roeram o grosso do património nacional que diziam ser do povo. Roeram o grosso do parque industrial intervencionado pelo Estado, depois da independência. Roeram o que de melhor havia: fábricas de curtumes, as empresas avícolas. Roeram empresas ferro-portuárias.
Os ratos nacionais vestidos de cordeiros não têm dó nem piedade. Roeram o país até ao osso, mostram a nossa face de ruína, em 1996. Como se não bastasse, apresentaram a factura de seis mil milhões de dólares, não de lucro em favor do Estado, mas de dívida externa, metade da qual a favor da dívida aos países do ocidente e instituições financeiras (FMI e Banco Mundial), outra metade à antiga união soviética, pela obra da guerra civil que nos ofereceram.
Os ratos afogaram o país na pobreza e dizem que os cidadãos lhes devem pela empreitada com que nos roem e ao país. Mas os mesmos ratos que roeram e roem tudo não pararam com a odisseia, com as suas investidas, roeram a banca (BCM e Banco Austral), não para pagar a dívida externa, mas para acrescerem o lucro e a riqueza, pois se julgam eleitos e legíveis para roeram tudo que se lhes depara à frente, pela participação na luta anti-colonial.
Mas os ratos não se satisfazendo nunca, com a gula que lhes precipita, vão buscar o dinheiro às algumas empresas estatais convertidas em públicas.
Os nossos gloriosos ratos nacionais o que têm é o apetite. Têm estômagos e bolsos sem fundos. Roeram as indústrias têxteis e de malha. Roeram as fábricas de confecções de vestuários. Roeram as fábricas de lacticínios, onde se produzia o presunto e o queijo. Roeram as empresas que produziam o chá, roeram as sociedades produtoras de copra, margarina, roeram os palmares da Zambézia.
Os nossos ratos vestidos de fatos de heróis e apóstolos do combate à pobreza trouxeram a caricatura do que somos como país: cinquenta e quatro por centos dos vinte milhões de moçambicanos na pobreza. Do índice de pobreza de quinze por cento em 1980, os nossos ratos impulsionaram a utopia da revolução que nos levou à indigência.
Ainda assim os nossos ratos espalham a mentira de que hoje a nossa vida é melhor. Mesmo com o facto de estarmos entre os cinco países mais pobres do mundo, os ratos papagueiam que levamos uma vida melhor de todos os tempos.
Os nossos ratos roeram uma das mais prósperas companhias de aviação estatizadas, a TTA, na sua insaciez. Roeram as empresas algodoeiras e de condutores eléctricos. Tornaram-se patrões de tudo o que açambarcaram ao Estado, na sua conversa fiada de patriotismo e nacionalismo.
Roeram as antigas empresas estatizadas de transportes terrestres e o respectivo património, enquanto papagueavam o socialismo enquanto se auto-proclamavam contra o capitalismo e a burguesia.
Roeram e roem tudo. Roeram as empresas madeiras para fundarem as suas, roeram as empresas de caju para fazer de seus edifícios armazéns.
Roeram as empresas dos correios e telecomunicações. Roeram as agências de despacho e navegação, para serem os patrões. Roeram e roem o país, deixando-o totalmente derrído e quase sem ossos, quase sem pele de tanto ruído que está e ainda assim lhe vão até à medula. Expurgaram o país até ao pus.
Os roedores, na sua escalada depredadora, roeram tudo o que havia nos quartéis. Roeram as armas que lá haviam. Venderam-nas e alugam-nas ao crime organizado com a sua conivência. Os roedores extirparam as cápsulas e o mercúrio do material de guerra, para alimentarem o contrabando que governa a nossa economia. Para dissipar provas puseram os paióis de Maputo e Beira a arderem.
Os ratos deixam as suas impressões digitais em tudo que roem e saqueiam do erário público depauperado e paupérrimo. Nas mortes que causam entre os filhos do povo, orgulham-se de serem guardiões do Estado e da paz.
Os ratos não dissimulam a sua inspiração revolucionária, progressista. Os ratos, que se converteram hoje em endocolonialistas, os nossos colonos de pele escura como a nossa.
Agora que os ratos roeram tudo e o abscesso rebentou querem controlar o país, querem controlar o cheiro incontrolável que se espalhou por todos os cantos.
Os ratos instalaram-se em todas as instituições do Estado, pois não podem viver sem o saco azul do erário público. São os mesmos que na dualidade com que roem, estão empenhados em roer a lei da liberdade de imprensa. Os nossos ratos acreditam que na eternidade. Os nossos ratos não acreditam na efemeridade. Sofisticam a ciência da rataria que tecnicamente dominam. Acumulam habilidades e podem exportar conhecimentos.
Os ratos que mataram Carlos Cardoso, Siba-siba Macuácua, juízes, procuradores, são os mesmos que roeram a justiça que não funciona, roem as leis que só funcionam para as suas vítimas. Os ratos agem como ovelhas ranhosas, na sua sede de vingança. Os ratos estão na corrida renhida dos recursos minerais.
A profissão mesmo dos moçambicanos é esperar. Portanto, quem pára a praga de ratos que roerem o país?



(Adelino Timóteo)

Diálogo: Governo recusa facilitadores e diz que “ninguém há de vir dar ordens aos moçambicanos”

Depois de um paragem de duas semanas, esta segunda-ferira (23) o diálogo entre as delegações do Governo e da Renamo retomou sem, no entanto, trazer novidades. O impasse mantém-se. A delegação do Governo, em resposta à insistência da sua contraparte no sentido de se incluir no diálogo facilitadores nacionais e observadores internacionais, disse que estes não são necessários pois ainda há condições para que ambos cheguem a consenso.
“Enquanto não tivermos razões para irmos buscar pessoas externas para resolver os nossos problemas, não faz sentido trazer facilitadores. Até parece haver um certo saudosismo de ter um patrão,” disse o chefe da equipa governamental, José Pacheco. Este argumentou que as partes ainda estão em condições de resolver as diferenças porque não estão de “costas voltadas.”
“Ninguém há de vir aqui dar ordens aos moçambicanos sobre o que vão fazer”, asseverou Pacheco, garantido que não estão esgotadas as capacidades internas de resolver os problemas.
No encontro de hoje estava prevista ainda a entrada em acção das duas equipas de peritos em matérias militares criadas com o objectivo de prepararem o debate sobre o ponto relativo às Foras de Defesa e Segurança (FDS) e o frente-a-frente entre o Chefe do Estado, Armando Guebuza e o líder da Renamo, Afonso Dhlakama.
Contudo, o encontro destes não aconteceu porque a equipa de especialistas da “perdiz,” chefiada  pelo Tenente General Ussufo Momad, não se fez presente no Centro de Conferência Joaquim Chissano (CCJC), onde decorre o diálogo político, alegadamente porque ainda se encontra em Santundjira.
O chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, disse à imprensa que a falta de comparência deve-se ao facto de ainda não se ter acordado quando é que estes deviam iniciar os trabalhos, uma vez que ainda nem houve troca de correspondências entre as partes nesse sentido.
“Ainda nem sequer recebemos formalmente o nomes dos que compões a equipa do Governo,” disse Macuiane. Por seu turno, a equipe de trabalho do Governo liderado pelo major general Júlio dos Santos, fez-se ao CCJC. Na ocasião, este disse que tinha recebido dos seus mandatários a informação de que o primeiro dia do encontro com a contraparte seria esta segunda-feira (23), esclarecendo, porém, que agenda ainda não tinha sido traçada, sendo que a mesma dependeria das preocupações da Renamo.
“A informação que nos temos é que eles confirmaram que vinham e é por isso que estamos aqui a aguardar”, disse Dos Santos, acrescentando em seguida que “nós estamos pronto para ouvir quais as preocupações que a Renamo traz e será em função disso que será estabelecida a agenda de trabalho”.
Enquanto isso, as duas delegações, da Renamo e do Governo, mantiveram a sua rotina normal e, só para não variar, o seu encontro terminou sem consenso. Saimone Macuiane disse que a sua equipa levou ainda à mesa de diálogo uma proposta do número de elementos que devem constituir a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE), o que foi rejeitado pela equipa do Governo.




Alfredo Manjate, A Verdade

Frelimo, Renamo e nós outros

Enquanto a Frelimo e a Renamo se degladeiam, a população, com destaque para a de baixa renda, é a que mais sente os efeitos nefastos do diferendo. E fica a triste ideia de nenhum dos contendores mostrar interesse no povão, do qual se recorrem para sustentar as suas ideias macabras.
CERTA imprensa faz referência à reunião extraordinária da Comissão Política da Frelimo, que teria acontecido semana passada, em Maputo, da qual os seus membros teriam encorajado o governo a prosseguir diálogo com a Renamo, em prol da tranquilidade e paz em Moçambique.
Parece certo que a reunião aconteceu. Ela sucede numa altura em que a tensão política está ao rubro, na véspera de um provável encontro ao mais alto nível do governo e da Renamo, onde em cima da mesa estará um dos pontos candentes do processo negocial entre as partes.
Só pode ser isso que a Comissão Política da Frelimo tenha sido mobilizada de ‘extraodinário’, para a actualização dos items da crise e o desenho de estratégias para os próximos passos a serem dados em encontros bilaterais, precisamente o ponto que diz respeito ao desarmamento da Renamo.
Diz-se que nas reuniões da Comissão Política da Frelimo é onde os assuntos supremos do país são delineados e depois submetidos à execução por parte do governo que, por acaso, é sustentado pela Frelimo. É neste órgão onde os candidatos à Presidência da República são indicados e debatidos ao pormenor, antes de serem submetidos às outras esferas do partido.
Em síntese, é na Comissão Política da Frelimo onde a roupa suja é lavada e posta a secar no estendal. É neste particular que surge a maior virtude da Frelimo, por saber que as coisas podres são abordadas entre as quatro paredes, bem vigiadas, e nunca tratadas na praça pública.
Afinal a Frelimo é responsável pela vida de milhões de moçambicanos, e por isso é sua tarefa estar melhor organizada e apetrechada de valores ímpares.
Mesmo assim, crê-se que o clima dentro do partidão há muito que deixou de ser o mesmo a partir de um determinado momento a esta parte, nomeadamente desde que Joaquim Chissano não concorreu para a sua própria sucessão a Ponta Vermelha. Há uma espécie de facções na Frelimo, situação entretanto que está a ser bem gerida para que não crie turbulência entre os frelimistas apoiantes desta ou daquela figura de proa. É, de resto, aí onde reside a maior diferença entre a Frelimo e os outros partidos africanos, como o ANC da África do Sul, por exemplo.
Parece ficar claro, no entanto, que a actual postura da Renamo face à conjuntura política, social e económica tem tornado a Frelimo um bocadinho mais organizada. Do mesmo modo que a grandeza da Frelimo obrigou uma Renamo melhorada, em termos organizativos.
A Renamo já sabe lavar a sua roupa suja trancada dentro das quatro paredes, o que era impensável há cinco anos atrás, altura em que da Beira podia surgir um discurso desfazado do que era pronunciado na capital, numa autêntica falta de sintonia em termos de comunicação.
Hoje, a Renamo já sabe falar numa única voz e para isso há quadros devidamente credenciados. Pode-se dizer que a Renamo aprendeu bastante com os seus erros e o facto de o Fernando Mazanga agora ser “acompanhado” por uma legião de colegas do partido quando em conferência de imprensa, demonstra uma outra lição tirada da recente experiência de Jerónimo Malagueta.
Deste modo, se a Polícia decidir levar Mazanga para os calaboiços, terá de incluir todos os que tiverem aplaudido, na mesma ocasião e no mesmo local, o pronunciamento do porta-voz.
Por outras palavras, o caso-Malagueta levou a Renamo a adoptar uma postura de solidaderiedade para com o colega chamado a falar à imprensa em nome do partido, por não se tratar de uma iniciativa pessoal, mas da organização.
É forçoso reconhecer que a Renamo assume importância vital na vida dos moçambicanos, juntamente com a Frelimo.
Se em 74 havia quem não acreditasse num governo de transição durável, o mesmo aconteceu com determinadas vozes que não davam muitos anos de vida a uma
Renamo pós-guerra civil.
E o mérito de Afonso Dhlakama reside exactamente por ter conseguido evitar que os seus homens andassem de um lado para o outro a disparar a torto e a direito, sem nenhum controlo. Aliás, foi impressionante o facto de Dhlakama ter declarado fim das atrocidades e quase no mesmo instante, os seus homens terem travado o conflito em todo o território nacional.
Nos tempos que correm, verifica-se um extremar de posições entre a Frelimo e a
Renamo. Em Chibabava, distrito de Sofala onde fica localizada a base da Renamo que acolhe Afonso Dhlakama, o cheiro a pólvora tem sido uma constante. Há quem garante que a guerra é efectiva por aqueles lados.
Dhlakama diz que não é pela divisão dos recursos naturais entre sí e Guebuza, antes por uma distribuição equitativa dos mesmos pela esmagadora maioria dos moçambicanos, atravez de uma gestão transparente dos mesmos.
Recentemente, Esperanças Bias, ministra dos Recursos Minerais, respondeu em público uma proposta da Autoridade Tributária de Moçambique da criação de um
Fundo para onde seriam depositadas receitas provenientes da contribuição das multinacionais. Bias disse,mais ou menos, que a ideiaera de chumbar, dado que odinheiro é para beneficiar as populações moçambicanas.
Nos corredores, a posição governamental não caiu bem. E os críticos limitam-se a encolher os ombros.
No ano passado, o Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou a ideia de se começar a distribuir renda pelas populações carenciadas, para que as mesmas comecem a sentir o efeito do enorme “aperto” do cinto a que foram submetidos durante décadas.
O governo terá respondido que não era, ainda, altura de isso se tornar uma realidade. Que era preciso continuar a contar com o “aperto” do cinto dos moçambicanos.
Uma posição que tem sido contrariada por um determinado punhado de moçambicanos que, em vez de diminuir os furos do cinto, tendem a mandar fazer mais furos, para o suporte da barriga-cheia.
E as populações há muito que já se aperceberam do que é correcto e o que não é correcto na gestão da coisa pública. Sobretudo nas cidades e zonas circunvizinhas, há mais gente, hoje, a reclamar determinadas medidas e a dizer NÃO, do que acontecia num passado recente.
E não é por acaso que em eleições autárquicas, a Frelimo precise de redobrar os esforços para conseguir o voto de um eleitorado cadavez a necessitar de outras experiências.
Só que para isso terá dehaver um processo eleitoral verdadeiramente transparente, mas acima de tudo vigiado por todos os partidos concorrentes em igual proporcionalidade. De contrário, os resultados eleitorais não podem garantir justeza do processo.
É aí onde entra a justeza da luta da Renamo no que ao pacote eleitoral diz respeito. Pena que os seus argumentos não tenham, ainda, convencido a Frelimo a recuar…
Em termos de síntese, enquanto a Frelimo e a Renamo se degladeiam, a população moçambicana, com destaque para a de baixa renda, é a que mais sente os efeitos nefastos do diferendo travado lá  em  cima.  E fica a triste ideia de nenhum dos contendores mostrar interesse no povão, do qual se recorre sempre que tende a sustentar as suas ideias macabras e de um grupo restrito.

EXPRESSO – 23.09.2013, citado no Moçambique para todos

Monday, 23 September 2013

A ponte da Katembe


Na sua última visita à cidade de Maputo, na semana passada, o Presidente Armando Guebuza voltou a pronunciar-se sobre a importância estratégica da construção de uma ponte para ligar a parte Leste da capital moçambicana à Katembe, e deste ponto uma estrada até à Ponta D’Ouro.
Ao reiterar a importância deste projecto, o Chefe do Estado deveria estar a dar resposta a alguns sectores críticos que encaram o empreendimento como desnecessário, ilustrando uma inversão na ordem de prioridades, num país
onde algumas regiões vivem ainda na Idade da Pedra.
Estes críticos, alguns dos quais destacados membros do partido Frelimo, têm manifestado a sua opinião através da imprensa, considerando que o empreendimento servirá apenas para alimentar o apetite de alguma elite moçamicana pela especulação imobiliária que se seguirá com a valorização de espaços do outro lado da Baía de Maputo.
Haverá uma certa dose de demagogia da parte daqueles que reprovam o projecto simplesmente baseando-se no argumento de que há outras prioridades em regiões ainda muito menos desenvolvidas do país. Nunca se chegará a um ponto em que possamos dizer que o desenvolvimento já atingiu todo o país, e que portanto já podemos avançar para o desenvolvimento de outros projectos menos prioritários.
Tudo o que se faz, em cada momento, responde a uma necessidade específi ca, e será o conjunto dessas realizações, no seu todo, que contribuirá para o desenvolvimento de Moçambique.
Na sua defesa do projecto da ponte da Katembe e estrada para a Ponta D’Ouro, o Presidente Guebuza referiu-se ao facto de muitos moçambicanos não poderem desfrutar das facilidades turísticas da Ponta D’Ouro, para além da construção, na Bela Vista, de uma fábrica de cimento, a qual poderá contribuir para a redução dos custos de construção, com uma maior oferta deste material.
Mas haverá ainda muitos outros benefícios. Por exemplo, no contexto das infra-estruturas de transportes e comunicações entre os países da África Austral, a nova estrada poderá constituir a ligação mais rápida entre Maputo e o sul da África do Sul, chegando mesmo até à Cidade do Cabo.
Os potenciais ganhos para a área do turismo são igualmente enormes, para além do impulso que disso deverá resultar para as relações comerciais entre os dois países.
O que deve ser posto em causa não é a construção destas duas infra-estruturas, mas sim os processos que conduziram à decisão para a sua construção. Como tem sido hábito neste país, a falta de transparência na forma como importantes
projectos são implementados pode ser a razão do manto de especulações que fazem com que alguns encarem com certa desconfi ança este e outros projectos.
Do que se sabe, o projecto da ponte e da estrada está ligado ao da construção da estrada circular de Maputo, num troço total de 74 quilómetros. No seu conjunto, são empreendimentos que custarão aos contribuintes moçambicanos mais de 1 bilião de dólares, através de um crédito contraido na China.
Para um valor desta magnitude, seria de esperar que o governo tivesse que envolver o parlamento. Mas não há dados que indiquem que tal tenha sido o caso. Tal como não há evidências de que o governo tenha lançado um concurso público, em conformidade com as suas próprias leis. Na ausência de todos estes elementos, não será de descartar que todo o tipo de especulações abundem.



Editorial do Savana

Relutância e recusa de aceitar paridade escondem planos sinistros

- Expurgar a “mão externa” entorpecente é a tarefa principal…

Beira (Canalmoz) - Temos problemas que poderiam já há muito ter sido resolvidos na esfera do pacote eleitoral em discussão entre o governo da Frelimo e a Renamo. Uma estratégia erigida no adiamento de tomada de decisões vinculativas e pert...inentes, ao sabor de uma agenda de manutenção do poder pela Frelimo enraizou-se e quando menos se esperava o “furúnculo rebentou”.
De uma maneira insidiosa e persistente tem sido norma das diferentes lideranças da Frelimo escreverem a história de Moçambique conforme lhes aprouve.
A situação actual deve ser considerada produto da mascarada de democracia instalada com o beneplácito de parceiros internacionais poderosos que foram fundamentais e instrumentais para que o AGP de Roma fosse assinado.
Precisa de ser encontrada a sensatez básica de reconhecer que a CNE sempre foi um plano inclinado a favor da Frelimo.
E é óbvio que esta mesma Frelimo continuará a bater-se para ter e dominar o teatro das operações eleitorais. É já tempo de abandonar-se a ingenuidade política e encarar os factos com olhos de ver de maneira profunda e decisiva. Quem quer democracia não hesita em ir ao campo a coberto de regras iguais para todos as equipas.
Os embustes políticos e ideológicos que serviram de cavalos de batalha para açambarcar em regime de exclusividade o poder aquando da independência nacional esgotaram a sua utilidade prática.
Agora fica cada vez mais claro que a Frelimo sem ajuda efectiva de diferentes mãos externas conforme a circunstância não teria êxito nas suas ofensivas históricas de conquista do poder em Moçambique. Não foi apregoada heroicidade que nos levou a hastear a bandeira no dia 25 de Junho de 1975.
Não se pode negar o carácter excepcional que alguns moçambicanos tiveram no processo de luta anti-colonial mas isso está longe de aceitar-se sem questionamento toda a poesia de combate e embaladora engrandecendo os feitos de uns e negando que outros diferentes, tenham tido papel heróico no país.
A génese de alguns dos grandes problemas nacionais tem exactamente a ver com um postura exclusivista e intolerante de alguns actores. Pretende-se que todos se subjuguem ao mando a decisão de quem se julga melhor, especial, preparado para gerir os dossiers nacionais em detrimento de toda uma maioria. Uma política fundada na sujeição, na ditadura e numa intransigência não demorou a dar fruto que em termos práticos significou uma guerra civil de dezasseis anos. Toda a arquitectura de dominação que se pode verificar e testemunhar no dia-a-dia dos moçambicanos foi construída por actores concretos e não fruto do acaso.
Quando hoje se multiplicam em manobras sinistra, dilatórias o objectivo continua o mesmo que não deixa outros moçambicanos celebrarem e recordarem seus heróis.
Chegou a altura de haver um desmarcar concreto de políticas sujas e lesivas ao país e seus cidadãos.
Sem a aceitação dos outros não pátria que se possa construir.
O conluio entre uma agenda de oligarcas e monopolizadores da agenda política e económica do país só pode ser eliminado com posicionamentos claros e objectivos. Não se pode continuar a alinhar por políticas que colocam o país de joelhos dependendo de corporações como a VALE ou Anadarko ou ENI. Quando a ganância do lucro de grupos poderosos se combina com políticos nacionais e estes decidem que a democracia pode continuar a ser adiada a situação ganha contornos graves.
Com o presente vaivém negocial inconclusivo, colocando o povo moçambicano refém de interesses ocultos não se pode esperar algo de substancial e com os impactos pretendidos pela maioria.
Há que regressar ao básico e travar apetites devoradores da moçambicanidade e da dignidade que todos merecem.
Não se pode justificar posições políticas e negociais sustentadas por agendas que não passam de autoprotecção.
O “clube dos libertadores” merece nosso respeito na medida em que seu posicionamento não seja lesivo aos interesses da maioria.
Sem o engajamento de todos os moçambicanos continuaremos vítimas de todo o ziguezague político insustentável.
Há que ganhar consciência de que todo e qualquer atraso na tomada de decisões consensuais que levem a produção de um pacote eleitoral estabilizador é um perigo de que o país e os moçambicanos se devem libertar.
A paz não pode continuar condicionada por políticos que se tornaram empresários de sucesso em detrimento de toda uma maioria deprimida e angustiada por uma miséria atroz.
Os “poetas do sucesso” do “bom estado da nação” atrofiam as possibilidades nacionais com suas campanhas difamatórias e com travões concretos que exercem na ordem política e económica nacional.
Não se trata de recusa de ver coisas bem-feitas pelos governantes mas querer aquilo que é de direito de todos. Os que teimam em levantar a bandeira dos apóstolos da desgraça na verdade querem manietar os direitos dos moçambicanos. Querem calar a crítica justa e necessária por via da catalogação depreciativa. Querem continuar a esbanjar os recursos públicos em pré-campanhas eleitorais sem fim de modo a garantir e assegurar seus impérios económicos e financeiros.
Compatriotas, não é momento de desfalecer e sermos tomados bem como vencidos pelo pessimismo ou pelo pânico. Pequenos passos dados hoje trarão resultados mais cedo do que tarde.
Longe dos holofotes mediáticos é preciso fiscalizar o que as Comissões Provinciais de Eleições fazem todos os dias pois as fraudes são engendradas e executadas nos diversos escalões orgânicos. É nas cidades e vilas autárquicas através de mecanismos insidiosos que se ensaiam esquemas visando colocar barreiras a participação plena dos moçambicanos nos pleitos eleitorais. Sem alaridos mas com plena consciência de que a fiscalização é cidadania sejamos presentes e atentos ao que mais interessa neste momento grave da história nacional.
Não devem ser os que profissional e dominicalmente deturpam a história nacional, a partir de posições privilegiadas na comunicação social, bombardeando sem descanso, que se deve permitir que vençam.
O presente e o futuro serão aquilo que fizermos…


(Noé Nhantumbo)

Diálogo com Renamo: Guebuza indica peritos militares

Armando guebuza objectivaO Presidente Armando Guebuza criou uma comissão de peritos militares para discutir a questão do desarmamento e outros assuntos de defesa e segurança com a Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, que ainda possui alguns homens armados na região centro.
O facto foi anunciado em conferência de imprensa esta sexta-feira em Maputo, por Edson Macuácua, porta-voz do Chefe de Estado.
“Esta comissão vai interagir com a comissão anunciada pela Renamo para discutir questões ligadas a defesa e segurança e, sobretudo, para que em sede do diálogo as comissões possam preparar as condições necessárias para que se realize o encontro entre o Chefe do Estado e o dirigente da Renamo”, disse Macuácua.
Macuácua, que se escusou de revelar os nomes dos membros da referida comissão, disse que a mesma será dirigida pelo brigadeiro Júlio dos Santos Jane.
“Vamos oportunamente anunciar a comissão. O mais importante é que ela já está criada”, disse o porta-voz.
As questões associadas a defesa e segurança integram quatro pontos da agenda do diálogo entre o Governo e a Renamo iniciado há cerca de quatro meses. Outros pontos são a revisão do pacote eleitoral, questões económicas e despartidarização do aparelho do Estado.
A estes pontos o governo acrescentou recentemente o desarmamento daquele antigo movimento rebelde, face aos ataques armados ocorridos na região de Muxúnguè, e que custaram a vida de cidadãos civis.
A comissão da Renamo é dirigida pelo antigo secretário-geral da Renamo, Momad Ossufo, actualmente a frente do Departamento de Segurança do partido. Os outros membros são Mandava Meque, José Manuel, António Muzorewa, Raimundo Taio e Renato Martins. O grupo da Renamo é assistido juridicamente por Ezequiel Gusse.
Refira-se que, nas últimas semanas, o diálogo tem sido caracterizado por um impasse devido a indisposição da Renamo de submeter a sua proposta da revisão do pacote eleitoral na Assembleia da República, o parlamento moçambicano. O governo, por seu turno, explica que não pode violar a Constituição da República e ditar ordens ao parlamento.
Além disso, a Renamo recusa-se a discutir outros pontos da agenda antes da conclusão do primeiro ponto, que é precisamente o pacote eleitoral.
Para desbloquear o impasse, disse Macuácua, o Presidente poderá encontrar-se brevemente com o líder da Renamo depois do seu regresso dos Estados Unidos, onde vai participar na 68/a Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, e da França, onde vai fazer uma visita de trabalho a convite do seu homólogo daquele país europeu.
“No regresso do Chefe do Estado das missões que vai realizar ao estrangeiro, ele estará disponível para o encontro com o dirigente da Renamo, na primeira oportunidade que tiver, desde que se tenham criado condições necessárias para o efeito, e que também o dirigente da Renamo se desloque a capital do país”, explicou a fonte.
Entretanto, o diálogo entre o governo e a Renamo prossegue na segunda-feira, disse Macuácua.
 
 
(RM/AIM)

Sunday, 22 September 2013

Saturday, 21 September 2013

MDM ACUSA FRELIMO DE VIOLAR ÉTICA ELEITORAL

O Movimento Democrático de Moçambique (MDM), segundo maior partido da oposição em Moçambique, acusa a Frelimo, no poder, de ser o principal violador dos princípios de ética eleitoral no país.
A acusação, que foi imediatamente desmentida pela Frelimo, foi levantada pelo Secretário-geral do MDM, Luís Boavida, falando hoje durante o debate sobre a revisão do Código de Conduta e Ética Eleitoral, um instrumento aprovado em 2004 e que tem regulado questões de ética nos últimos processos eleitorais.
No que diz respeito a conduta dos partidos políticos e os conflitos por ela causados, podemos dizer, com toda a certeza, que o principal e quase único partido cuja conduta tem atentado contra os princípios democráticos que regem um verdadeiro Estado de Direito, é a Frelimo, no poder, e o seu governo”, disse Boavida.
A lista de acusações do MDM é longa, abrangendo questões relativas a violações da legislação e ética eleitoral desde ao nível do recenseamento eleitoral, campanha e votação, onde este partido diz que a Frelimo e o governo têm pautado por “manipulações permanentes” dos órgãos eleitorais e da polícia.
Questionado por jornalistas sobre essa matéria, o Secretário do Comité Central da Frelimo para Mobilização e Propaganda, Damião José, desmentiu as acusações e disse que os pronunciamentos do MDM naquele encontro “demonstram uma falta de código de conduta”, ao trazer para debate aspectos que, na sua perspectiva, não cabem àquele fórum.
As acusações são falsas. Em todo o processo eleitoral há sempre espaço para todos apresentarem reclamações”, disse José, considerando isto mostra que o MDM “está desorientado e desesperado porque reconhece que não vai vencer as próximas eleições, daí que encontra argumentos para fundamentar a sua derrota”.
No debate sobre o Código de Conduta Eleitoral, Guilherme Mbilana, director executivo do Observatório Eleitoral (OE) – organização que junto com o Instituto Holandês de Apoio à Democracia Multipartidária (NIMD) co-organizam o evento, disse que este código não procura substituir a legislação existente, mas sim ajudar na sua operacionalização, através da criação dum vinculo moral entre os protagonistas do processo eleitoral.
Nas questões como a campanha eleitoral e votação dificilmente teremos situações plenamente limpas e ordeiras, mas a intenção é essa e é por conta disso que nós dissemos que o Código de Conduta Eleitoral constitui um reforço da lei”, disse ele, sublinhando que “esse código visa atenuar, primeiro, situações de conflitos, e no caso de ocorrerem, ajudar na sua mitigação”.
Para o jornalista Salomão Moyana, que foi orador principal sobre o tema “Código de Conduta Eleitoral: Lições e Desafios para Eleições de 2013 e 2014”, o desafio principal está nas mentalidades das pessoas porque “se a nossa conduta for perversa a princípios democráticos, o código de conduta só será um papel”.
Devemos pôr no papel aquilo que vem no coração”, disse Moyana, defendo que, se a Constituição da República já defende liberdades políticas aos cidadãos, o desafio é fazer com que as pessoas assumam com o que está no papel.
O Coordenador do NIMD, Hermenegildo Mulhovo, disse que o debate de hoje irá produzir conteúdos a serem usados para a produção do Código de Conduta Eleitoral – um documento que se espera seja inspirado num outro similar adoptado na Beira, em 2004.
Segundo Mulhovo, o documento a ser produzido hoje será depois aprovado num outro encontro. “Esperamos que, com esse Código, as eleições de 2013 e 2014 sejam diferentes, de ponto de vista de qualidade”, disse Mulhovo, anotando “ser possível darmos um passo nesse sentido”.
Entretanto, a Frelimodiz não ver nenhuma necessidade de revisão do actual Código de Conduta Eleitoral, uma vez que este não fere a Constituição da República, sublinhando que o desafio é fazer com que todos os moçambicanos façam a sua parte no sentido de cumprir com o código.

(AIM)

Friday, 20 September 2013

A herança e os pecados do “Glorioso” Presidente Guebuza


O mandato do Presidente da República, Armando Guebuza, caminha para o seu final, mais concretamente daqui a um ano. Nos últimos meses, uma intensa campanha de endeusamento ao seu legado está a decorrer a vários níveis, sob o pretexto de “Balanço da Governação do Presidente Armando Emílio Guebuza” no período que vai da sua entronização, em 2005, ao presente ano.
Nas frentes televisivas, nos canais públicos e privados, bem como na imprensa escrita, a tónica é a exaltação das realizações que o Presidente Guebuza terá feito. Nas mesmas análises, não há espaço para se apontar eventuais erros, pois Guebuza, até num dístico recentemente tornado público, é tido como “guia incontestável de todos nós”.
Neste artigo, procuramos trazer à superfície os problemas por ele herdados e criados, que passarão para o seu sucessor, até aqui misterioso. Guebuza, a sair do poder, como ele o tem afirmado, levará na sua bagagem uma multiplicidade de vitupérios públicos que mandou aos seus possíveis e imaginários detractores.
Combate à corrupção com lentes distantes....
Quando o Presidente Armando Guebuza foi empossado em Janeiro de 2005, na Praça da Independência, sucedendo a Joaquim Chissano, trazia na manga uma série de promessas, entre as quais um cerrado combate à corrupção, ao “espírito de deixa-andar”, à burocracia, entre outros quejandos.
Dizia Guebuza nos seus primeiros dias da sua chancelaria que “este não é tempo de andar, mas tempo de correr”. Com a aprovação do Pacote Anti-Corrupção, em 2004, finalmente um Governo da Frelimo procurava dar amostras de combater este mal, que, quotidianamente, se tornava marca daquela formação política. A ratificação por parte de Moçambique de convenções internacionais e regionais contra a corrupção e a experiência da aplicação da Lei n.º 6/2004, de 17 de Junho, e do seu regulamento mostraram que era necessário proceder à revisão desta Lei e do Decreto que a regulamentou, o Decreto n.º 22/2005, de 22 de Junho.
E assim foi feito. Em 2008, realizava-se a primeira “boa nova” das promessas de Armando Guebuza no tocante ao combate à corrupção: Almerino Manheje, o superministro (ocupou as pastas de ministro do Interior e da Presidência) na chancelaria de Joaquim Chissano, era preso por alegado desvio de fundos no Ministério do Interior.
José Pacheco, actual ministro da Agricultura, na condição de chefe do pelouro que estivera sob as rédeas de Manheje, foi quem ordenou uma auditoria às contas daquela casa, que teria apurado um rombo monumental na ordem dos 220 milhões de meticais.
Pacheco ordenou a realização daquela auditoria logo que ascendeu àquele cargo. Efectuada a auditoria no âmbito do “tempo de correr e não de andar”, o resultado desta foi entregue à Procuradoria-Geral da República (PGR) e lá ficou sem ter pernas para andar até que os embaixadores da Suécia e Suíça informaram o Executivo moçambicano de que diminuiriam a sua ajuda ao orçamento do país como forma de protesto contra o facto de o Governo de Guebuza não estar a tomar acções contundentes na luta que era o seu cavalo de batalha.
A verdade dos factos é que Manheje acabou por parar nos calabouços acusado de 49 crimes dos quais acabou por ser incriminado por 48. No final das contas, no julgamento do primeiro “peixe graúdo” da rede da governação de Armando Guebuza, Manheje acabou por responder por 500 mil meticais e não 220 milhões que teriam sido apurados pela auditoria do ministro Pacheco.
Pouco depois a corrupção de que Guebuza se orgulhava de ser líder no seu combate, instalou-se no seu próprio Governo, quando António Munguambe, que dirigia o Ministério dos Transportes e Comunicações, foi acusado no famoso caso “Aeroportos de Moçambique” de ter beneficiado indevidamente de 33 000 dólares daquela empresa entre 2005 e 2008, para além de ter recebido um automóvel de forma imprópria e de ter desviado fundos e bens do Estado. António Munguambe foi parar aos calabouços e a sua pena passou de 20 anos em primeira instância, em Fevereiro de 2010, para quatro anos de cadeia num caso de desvio de bens públicos.
Em 2011, o semanário Canal de Moçambique deu à estampa na sua capa um negócio a todos níveis de fazer bradar os céus. Referia que uma empresa em que o cidadão Armando Guebuza é accionista tinha vendido cerca de 150 autocarros movidos a gás ao Estado . As mesmas tinham sido adquiridos na Índia, através do Fundo de Desenvolvimento de Transportes e Comunicações (FDTC), e vendidos a crédito à empresa Transportes Públicos de Maputo (TPM) como forma de melhorar a falta de transporte na cidade e província de Maputo.
Os autocarros de marca TATA foram adquiridos à TATA Group, da Índia, pela empresa nacional TATA Moçambique Limitada, que tem como um dos sócios o cidadão Armando Emílio Guebuza, que é o Presidente da República e chefe do Governo moçambicano.
Esses autocarros custaram aos cofres do Estado moçambicano 565 milhões de meticais e foram adquiridos sem concurso público, conforme manda a lei de procurment, como teria assegurado ao Canal de Moçambique o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula (exonerado recentemente). “Apenas estávamos à procura de empresas fabricantes de autocarros a gás”, terá dito Zucula ao Canal de Moçambique!
O cidadão Armando Emílio Guebuza é sócio da empresa TATA Moçambique Limitada, a par da TATA Holding e MBATINE INVESTIMENTOS, LDA, conforme atesta o Boletim da República número 17, III Série de 24 de Abril de 2002. Até aqui fizemos uma breve radiografia de que quanto a esta luta, o Presidente da República esteve a combater a corrupção com lentes de baixa densidade no seu alcance.
Noutros órgãos de soberania como o Concelho Constitucional e o Tribunal Administrativo da chancelaria de Armando Guebuza, por via da imprensa, ficou- -se a saber dos “festivais” dos dinheiros públicos, perante o silêncio sepulcral do “guia incontestável de todos nós”!! A presidente da Liga dos Direitos Humanos, a senhora Alice Mabota, já apelidou o Presidente Guebuza de SENHOR 5%!

Heranças para o seu sucessor
Toda a “santa quarta-feira”, um grupo de concidadãos nacionais que entre os finais da década setenta e inicio da década oitenta, rumou para a “defunta” República Democrática Alemã (RDA), ao qual se convencionou chamar de “madgermanes”, marcha clamando pelos valores que lhes eram descontados nos seus ordenados naquele país do leste europeu. Eles são a maior referência do exercício de um dos direitos de cidadania plasmados na Constituição da República: o direito à manifestação.
O Presidente da República, Armando Guebuza, parece não ter tido destreza necessária para se inteirar deste dossier que afecta os seus compatriotas. Pode ter sido esquecimento....
Os desmobilizados da guerra civil entre o Governo de Moçambique e a Renamo também estão na lista da herança que Armando Guebuza vai deixar ao seu sucessor. Para variar o diálogo neste campo, chegou o Estado moçambicano a fazer uso de violência psicológica e física contra este grupo de nacionais e nalgumas vezes diante das câmaras televisivas.
O líder deste fórum, Hermínio dos Santos, foi detido e psicologicamente torturado para não continuar a lutar pelos seus direitos e dos seus pares. Os médicos, professores e outros grupos da sociedade mereceram alguma pequena atenção quando o assunto extravasou as fronteiras de diálogo. Mas no final do dia, continuam na mesma.

Recados aos detractors
Uma das características, quiçá únicas, que o Presidente da República deixa como legado são os inúmeros recados que enviou aos críticos à sua governação. No léxico político nacional, foram introduzidas, em forma de retórica, pelo mais alto magistrado da nação expressões como: “tagarelas”, “apóstolos da desgraça”, “vamos continuar a irritá-los”, “marginais”, “inimigos do desenvolvimento”, “agitadores profissionais”entre outros adjectivos. O Presidente da República fez estes e outros pronunciamentos em público, e com toda a naturalidade.
Com a nomeação de Edson Macuácua para assessor e conselheiro, esperava-se que este ciclo terminasse. Enganado esteve quem assim pensou. Na semana passada durante a sua “Presidência Aberta e Inclusiva” à cidade de Maputo, Guebuza disse a plenos pulmões que a “Cidade de Maputo é o centro de movimentos críticos ao Governo”.

Negócios: outro legado...
O volume de negócios da família Guebuza aumentou com a sua chegada ao poder. Com um total de 27.160 hectares de terra registado no cadastro mineiro, o clã, através da Intelec Holdings e da Tata Moçambique, detém sete licenças de prospecção e pesquisa minerais. Todas as licenças têm em comum o facto de terem sido atribuídas pela Direcção Nacional de Minas (DNA), a partir da altura em que Armando Guebuza ascendeu ao cargo de Presidente da República.
A Intelec Holdings, constituída por escritura de 14 de Novembro de 1998, tendo alterado a sua denominação em 10 de Abril de 2003, é a empresa-mãe de um grupo de empresas moçambicanas, com forte participação de capital privado nacional, e um volume de negócios de 644 milhões de meticais (dados de 2008). Regularmente participa do ranking das 100 maiores empresas de Moçambique.
A Intelec Holdings, como gestora de participações sociais, por volta de 2003, altura em que assumiu esta denominação, tinha na sua base empresarial as seguintes participações: a Aberdare Intelec, a Electrotec, a SINERGISA, Sarl, a ENMO e a Intelec Lites e, em duas áreas de negócio, designadamente Energia (geração, indústria e construções eléctricas) e Publicidade, bem como a sua evolução para uma situação de 15 participações e oito áreas de negócio, em 2008, nomeadamente Energia, Publicidade, Hotelaria e Turismo, Telecomunicações, Minas, Cimentos, Consultoria e Finanças.
A INTELEC Holdings tem como principal área de negócios o sector de energia, estratégico no desenvolvimento do país, o segundo em volume de negócios entre as 100 maiores empresas a nível nacional.
Pela Intelec Holdigs, um dos principais braços gestores dos seus interesses, a família Guebuza tem sob a sua alçada seis licenças na área mineira. O Presidente do Conselho de Administração (PCA) desta holding é Celso Correia. A Tata Holdings, empresa-mãe da Tata Moçambique, na qual Armando Guebuza é accionista, detém apenas uma licença.
De acordo a base de dados do cadastro mineiro tornada pública pelo Centro de Integridade Pública (CIP), as licenças detidas pelo Presidente Guebuza estão localizadas em Cheringoma (duas), e foram atribuídas em 2007, sendo que uma expira em Julho e outra em Agosto do corrente ano, em áreas correspondentes a 1.020 e 1.840 hectares, respectivamente.
Igualmente, possui duas em Inhassoro, em Inhambane, ambas atribuídas em 2007 e que expiram em Julho e Agosto próximo, respectivamente, numa área de 9.800 e 1.480 hectares. Possui uma outra em Magude, também atribuída em 2007, numa área de 2.880 hectares, que expirou em Julho do corrente ano.
A última licença da Intelec holdings foi atribuída em 2010, em Magoe, Zumbo, na província de Tete, numa área de 9.520 hectares e expira em Janeiro de 2016.
Pela Tata Holdings, a única licença pública detida está em exploração no distrito de Mutarara, em Tete, e foi atribuída em 2004. A mesma expira este ano, numa área de 20.460 hectares.
O representante da Tata Africa Holdings é Raman Dhawan, de origem indiana, mas esta empresa, com participação em 11 países, tem também interesses no sector da indústria extractiva em Moçambique.