Tuesday 13 August 2013

MDM afina pontaria para 20 de Novembro

O grande desafio do nosso movimento é muito claro – precisamos de captar, exprimir, reflectir e veicular o sentimento, vontade e preocupações dos cidadãos e grupos sociais marginalizados, desiludidos, não identificados e nem representados nas formações partidárias nossas adversárias – Daviz Simango
O Movimento Democrático de Moçambique, MDM, apresentou ao público, na cidade da Beira, no Pavilhão do Estrela Vermelha, no sábado, dia 03 de Agosto, os seus candidatos para o cargo de presidente de conselho municipal. Para a Vila de Marromeu, apostou em João Germano, que já ocupara o cargo após as eleições de 2003, apoiado pela Renamo. Na autarquia da Vila de Gorongosa, o MDM avança com Daniel Missane, um próspero empresário local. Para a Vila de Nhamatanda, recentemente autarcizada às corridas, o “galo” propôs o jovem Semedo Barreto, que não desmaiou perante as constantes intimidações do partido no poder para desistir da corrida. Na Vila de Dondo, tem à cabeça José Chiremba, um engenheiro reformado da Rádio Moçambique. Na cidade da Beira, o MDM vai com Daviz Simango, presidente do partido do galo, que, nas eleições de 2009, com a patente de independente, derrotou o candidato do Partido/Estado, o então primeiro-secretário do comité provincial e empresário, Lourenço Bulha. 
 
A ansiedade aumenta de intensidade
O Pavilhão do Clube dos Desportos da Estrela Vermelha da Beira esteve repleta de militantes, amigos e agentes da autoridade tradicional que chegaram dos mais diversos bairros da cidade Beira para presenciar a apresentação pública dos candidatos do MDM ao cargo de presidente municipal, que se vão bater com os do partido no poder e, eventualmente, de outros partidos. Lembrar que a Renamo continua a dizer que não só não vai participar como nem deixará que elas aconteçam, nas quartas eleições autárquicas a realizarem-se no dia 20 de Novembro próximo. Alguns dos presentes disseram que querem ver novas caras nas suas autarquias para que a vida comece a mudar, pois, faz bastante tempo que as suas vilas estão estagnadas, atiradas ao esquecimento, onde o lixo e os buracos convivem com as pessoas.
Se as eleições forem justas, livres e transparentes, conforme vem preconizado, poderemos surpreender os que ainda não acreditam que é possível vencer um partido camuflado por detrás da couraça do Estado, pretensamente, democrático, disseram, apesar de muitos cidadãos não terem conseguido recensear devido aos problemas artificiais fabricados pelo STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) que tanto fez para colocar milhares de potenciais eleitores fora do processo com exigências absurdas e, totalmente, ilegais.
Até ao último mmmento do recenseamento eleitoral, os brigadistas do STAE recusavam recensear as pessoas que se apresentassem com BI antigo, espera BI, duas testemunhas, antigo cartão de eleitor nem mesmo com passaporte biométrico, mas, aceitavam de bom grado pessoas credenciadas pelos secretários de bairro (estrutura de base do partido no poder), manchando, assim e à partida, um processo que se pretendia livre, abrangente, transparente e livre das influências partidárias. O STAE não conseguiu evitar que o processo de recenseamento não sofresse intromissões do partido no poder, o que se pode concluir que seja, politicamente, viciado, através de seus secretários de bairro, e não só. 
 
Estamos cansados de ser mal governados
 
Uma mensagem lida na ocasião, em representação dos munícipes das autarquias de Sofala, dizia que “estamos cansados de ser governados por essa gente e agora chegou a hora de mudarmos e em democracia real, o voto é uma arma crucial através da qual o povo se defende dos corruptos, incompetentes e mafiosos”. Um outro declamador de poesia subiu ao palco para dizer um poema em que uma das estrofes era “A Ponta Vermelha é para quem merece e não para um Chico esperto que se socorre da polícia e malabarismos políticos ” e noutro passo dizia “O povo não quer mais guerra, queremos paz para sempre” em alusão aos políticos que procuram, erradamente, encontrar no conflito armado (e para ele já movimentam centenas de tropas para cercar e aniquilar o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, em Gorongosa) como uma solução viável para os problemas que o país está a enfrentar.    
 
Aceitei o desafio do MDM, Daviz Simango
 
Daviz Simango disse, em entrevista que aceitou entrar, mais uma vez, na corrida para responder ao chamamento do MDM que deseja um o nosso país bem governado e terminar com a exclusão a que os moçambicanos estão submetidos pelo partido no poder e desejou aos cidadãos que tiveram a oportunidade de se recensearem para exercerem o seu direito cívico de saber escolher e escolher bem, no dia 20 de Novembro, tendo em conta da necessidade de contribuírem para o desenvolvimento socioeconómico das nossas autarquias. Continuando, disse Simango que “o grande desafio do nosso movimento é muito claro – precisamos de captar, exprimir, reflectir e veicular o sentimento, vontade e preocupações dos cidadãos e grupos sociais marginalizados, desiludidos, não identificados e nem representados nas formações partidárias nossas adversárias”. 
 
Banquete em torno dos recursos naturais
 
O presidente do MDM prosseguiu dizendo que “sabemos bem que é necessário redobrar os esforços na frente política, pois, temos a consciência de que os direitos políticos e económicos dos moçambicanos são os únicos imperativos válidos para nós que queremos um país apetecível para todos. Avisamos que os querem se perpetuar no poder de forma ilícita e ilegítima e os que pretendem juntar-se ao banquete em torno dos nossos recursos naturais, merecem o nosso total repúdio e abjecção porque os recursos naturais pertencem ao povo e é a ele que deve servir e jamais a um grupo de pessoas como está, agora, a acontecer”, disse Daviz Simango, presidente do MDM.
O MDM vai participar nas 43 autarquias e em mais outras 10 que o governo anunciou, quase ao cair do pano, depois de bem seleccionadas, escrupulosamente estudadas e ponderadas as possibilidades de o partido vencer sem grandes dificuldades, o que constitui uma verdadeira fraude eleitoral porque estas eleições não são financiadas pelo Estado. Era preciso que houvesse tempo para os concorrentes se organizarem devida e principalmente, sob o ponto de vista logístico.   
João Germano, candidato do MDM para a autarquia de Marromeu, não se fez presente à cerimónia de apresentação por motivos justificados. De salientar que João Germano já foi edil de Marromeu, eleito nas eleições de 2003, em que cincorreu como proposto pela Renamo, tendo sido derrotado, na segunda volta, em 2008, pelo candidato do partido no poder, actual edil daquela vila. 

 Edwin Hounnou

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