Wednesday 28 April 2010

Pobreza é fenómeno vencível (II)



A impunidade de que gozam os grandes corruptos em sintonia com o crime organizado, resulta na pobreza dos povos.

O combate à corrupção, com actos concretos, como levando os corruptos à barra dos tribunais, será um passo importante na luta contra a pobreza. Armando Guebuza está na recta final do seu mandato, mas, ainda não apresentou um único corrupto graúdo. O caso do INSS é sintomático como os delapidadores do bem comum são protegidos pelos seus comparsas colocados no governo. Descartar-se dos corruptos do colarinho branco é um imperativo, se o discurso contra a corrupção for uma coisa séria.

Um governo sem prioridades não pode vencer a pobreza. Ela não sera vencida enquanto houver coabitação com roedores do bem público. A linha de separação entre corruptos e gente íntegra não deve oferecer dúvidas. A promiscuidade entre bons e maus, no governo, enfraquece o combate à corrupção e retarda o desenvolvimento. Separar o joio do trigo facilitar o desenvolvimento.

A distribuição justa da renda nacional é um pressuposto base para erradicar a pobreza. Construir infraestruturas económicas – estradas, pontes, fábricas, não só apostar em mega projectos, - e sociais como escolas de qualidade, postos de saúde, formação de professores, enfermeiros, médicos, massificar o ensino técnico, será um sinal claro da luta contra a pobreza. Um povo doente e ignorante não vence a pobreza.

A falta de clareza nas prioridades do Executivo é gritante. Ontem, o discurso sobre produção de jatropha era o cartão de visita. Hoje, os mesmos portaestandartes não poderão ter o mesmo ímpeto de circular, nos comícios, com uma planta da jatropha à cabeça. A aquisição de viaturas para membros do Executivo, gastos excessivos com jantares, recepções, seminários, painéis e workshops, revela ausência de clareza nas prioridades.

O governo não se mostra capaz de traçar política exequível para o sector dos transportes públicos. O excesso de gastos de combustíveis deve-se ao facto de haver muitos carros privados a circular, com poucas pessoas, em detrimentos de machimbombos de maior lotação. Pensar em metropolitanos poderia ser um caminho a seguir. É um transporte de massas e rápido. Criar-se-iam milhares de postos de trabalho digno, com contribuições para a segurança social. Os nossos governantes, nos países por onde costumam passar o tempo de lazer, utilizam, com muito prazer, metropolitanos. Eles podem testemunhar estas verdades inegáveis.



Edwin Hounnou, A Tribuna Fax, No. 751, 4 de Julho de 2008


2 comments:

Abdul Karim said...

Vamos fazer como ?

ja estamos mal desde antes do texto do Edwin em 2008. e ja estamos em Abril de 2010, e tudo piora, hoje subiu preco dos combustiveis, e vai subir outra vez.

Vamos fazer como ?

JOSÉ said...

O Edwin aponta alguns problemas na luta contra a pobreza: má governação, corrupção e partidarização do Estado.
E eu assino por baixo.