Friday 31 October 2008

Ontem a Beira, hoje Nacala, amanhã?

A desastrada decisão da Renamo em apoiar a Frelimo no ataque cerrado a Daviz Simango e à sua gestão, começa a ter efeitos negativos para a Perdiz ainda antes das eleições.
A Frelimo não anda a dormir e aproveita a boleia e as brechas abertas para questionar as outras edilidades controladas pela Renamo. Ouvi ontem no noticiário da RM denúncias de corrupção em Nacala.
Ontem foi a Beira, hoje é Nacala, amanhã…?

As falsas derrotas do líder

A forma inédita e esquisita de fazer política seguida pelo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, ou melhor, de não fazer política, deixa-o cada vez mais isolado. Está desacreditado e rodeado, apenas, pelos seus acólitos que o enganam e driblam em todas as esquinas da política.
Com a descida drástica, nas eleições gerais de 2004, Dhlakama quedou de 48 porcento para 29 e a Renamo de 117 assentos parlamentares, hoje, detém, só, 90. isso resulta do mau desempenho da máquina do partido, apesar da vontade das bases em inverter o cenário. Não se deve ao facto de a Frelimo roubar votos, como Dhlakama se tem desculpado dos constantes desaires eleitorais nem do fortalecimento do seu adversário.
Dhlakama compara-se a um atleta famoso que, sempre, se atira ao chão, no exacto momento quando todos esperam que ele corte a meta. Quando isso acontece uma vez, a gente diz que, talvez, se tenha tropeçado ou, maldosamente, empurrado pelo adversário mais directo. Porém, quando o fenómeno se repete com a mesma frequência, começa a levantar suspeitas de que o tal atleta cai para favorecer o adversário.
Alguém financia as derrotas que ele anda a consentir. É uma jogada financiada pelo seu suposto adversário, burlando seus admiradores e amigos. É isso que Dhlakama faz. As derrotas que averba desde as eleições de 1994, 1999, 2004 fazem parte do jogo. A derrota nas próximas eleições não será excepção à regra.
Algo anda mal na liderança da Renamo. Pode-se constatar tal fenómeno, que é um segredo aberto. Ninguém aposta em partidos ou organizações que, no lugar de lutarem para melhorar a sua prestação, se metem em guerras de autodestruição. Parece ser um acto contínuo e propositado para não se chegar ao poder. Não se entende como um partido tão grande anda metido em lutas intestinais ao invés de se preparar para ganhar as eleições. Enquanto a Frelimo se prepara para ficar com todos os municípios, a Renamo vaise auto flagelando, destruindo as poucas vitórias que conseguiu.
As brechas abertas na Renamo são tantas que os camaradas dizem que vão ocupar quase todos os assentos parlamentares. Se isso vier a acontecer, não ficaremos espantados. Temos alertado a direcção da Renamo para alterar sua postura a fim de voltar a ser preferência dos eleitores.
A contradição entre os propósitos proclamados e a prática diária, permite desconfiar que, na Renamo, alguémm anda a enganar os outros. Não é normal que um líder, num momento, afirme uma coisa e a seguir entre em contradição. O voto é a única arma que o povo tem para exigir seriedade aos dirigentes que dizem fazer política para servir os interesses da maioria. Há percepção generalizada segundo a qual o Dhlakama não está interessado no poder.
As constantes manobras e recuos quando os momentos da verdade não acontecem por acaso. Dhlakama tudo faz para perder as eleições, favorecendo à Frelimo. As desconfianças avolumam em torno deste comportamento anormal do líder da perdiz.

(Por Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax de 30 de Outubro de 2008)

CNE apela à ordem pública

MAPUTO — O presidente da Comissão Nacional de Eleições, CNE, Leopoldo da Costa, apelou, quarta-feira, a todos os moçambicanos a pautarem pela ordem pública e respeito, pelas diferenças políticas, na campanha para as eleições autárquicas, marcadas para o dia 19 de Novembro corrente.
Leopoldo da Costa, que falava, na cidade da Beira, no primeiro Conselho Coordenador dos órgãos eleitorais centrais e provinciais, em preparação das eleições, acrescentou que “nestes momentos finais para o escrutínio, a Comissão Nacional de Eleições está a envidar esforços, para garantir que o processo venha a decorrer num ambiente de civismo”.
“Apelo a todos os moçambicanos para, na campanha eleitoral, a decorrer de 4 a 16 do Novembro”, pautarem pelo princípio de tolerância e respeito pelas diferenças políticas, a fim de garantir a ordem pública”.
O presidente do CNE convidou, ainda, os partidos políticos a educarem o seu eleitorado para fazer das diferenças, o que constitui um factor galvanizador do desenvolvimento e consolidação da democracia. (Redacção)

( A Tribuna Fax, 30 de Outubro de 2008)

Thursday 30 October 2008

País vai ficando sem oposição!

Moçambique está a correr o risco de ficar sem oposição efectiva. Teremos, apenas, partidos que lutam pela sua sobrevivência estomacal, repetindo discursos governamentais de combate à pobreza. Outros desmoronam-se, fustigados por intrigas das mais bizarras inventadas pelos que temem qualidade e, de modo fraternal, acobertadas pelas lideranças. O clima que se vive na cidade da Beira é produto de mentiras, intrigas à mistura com medo de ser suplantado na liderança. A qualidade, integridade e a boa governação têm o seu preço num país de malandros e mafiosos que se conduzem pelo princípio do vale tudo.
Não acreditamos que seja sempre o partido Frelimo a instigar intrigas nas hostes da oposição. Pelo menos uma vez, o então presidente da Frelimo, Joaquim Chissano, encorajou o seu irmão, Dhlakama, a expulsar Raul Domingos, alegando que estaria a pedir dinheiro, fugindo do tema em discussão. A manobra de Chissano faz parte do jogo político. Dhlakama tem culpa por ter mordido a isca envenenada. Digeriu a fofoca e atirou-se contra o seu colega, expulsando-o do partido. Chissano, politico hábil, não tem culpa nisso. Dhlakama, muito vulnerável às intrigas, não ponderou, sacou Domingos do partido, de forma pouco clara.
Não temos dúvidas sobre o papel importante jogado pela Renamo na democratização do País, tão pouco nos atrevemos a pôr em causa a competência de Afonso Dhlakama na derrota das forças governamentais e derrocada do sistema comunista, no nosso país. Espanta-nos bastante que, desde 1994, a Renamo e o seu líder não tenha ainda alcançado o poder. A Renamo está cada vez mais enfraquecida, distante das bases. Dhlakama sente-se bem com o título de líder da oposição, como se fosse um posto que pretende preservar como uma relíquia. Se a luta da Renamo era para ser oposição, então, para nada valeu tanto sacrifício.
Nas eleições de 1994, o líder da Renamo cometeu um erro grave: anunciou sua desistência e do seu partido a meio da votação. O descalabro não foi maior pela incapacidade dos órgãos de comunicação social que não atingem todo o território e a incredulidade dos simpatizantes da perdiz que não deram crédito às palavras de Dhlakama. Em 1999, a Renamo não chegou ao poder pela sua ineficiência, falta de visão e ausência de agressividade. Não se pode queixar de abstenção. O povo está cansado com a Frelimo e deseja dispensá-la, porém, isso não é possível porque a Renamo não está disponível para assumir o poder.
A falta de trabalho de base, a inconsistência do líder que, de manhã, diz uma coisa e, a tarde, afirma outra que contraria o que havia falado. O sim e o não confundem-se. O povo não confia em dirigente incapaz de cumprir a sua palavra. O voto é uma arma que não deve ser desperdiçado depositando em dirigentes sem palavra. O País está ficando sem oposição eficiente. Dhlakama, sempre, se atira ao chão quando está para cortar a meta, para perder a competição. Quem patrocina a Dhlakama?

(Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax, com a data de 13/10/08)
NOTA: Um artigo extremamente importante, fica explicada a razão da crise na Beira e confirma-se o que o Povo sabe: a Renamo não ambiciona o Poder, fica feliz sendo apenas Oposição.

Município da Beira: Porque está detido o vereador Obadias Simango?


Beira (Canal de Moçambique) – O vereador Obadias Simango, do Conselho Municipal da Beira, está detido por denuncias a que a PGR deu provimento. O juiz já legalizou a detenção. O advogado de defesa pediu entretanto a liberdade condicional mediante caução. O despacho definitivo poderá ser conhecido a qualquer momento. Mas saiba porque está detido o braço direito (para a área de Comércio, Indústria e Turismo) de Daviz Simango, presidente da edilidade da capital de Sofala, caso muito badalado na Beira e que muitos consideram um acto de perseguição com contornos políticos para desacreditar o edil em vésperas das terceiras eleições autárquicas. Tudo sugere que de facto o vereador está inocente e que o denunciante tenha agido em acção de fuga para a frente. O tempo o dirá. Para já os factos…

António Obadias Ernesto Simango, vereador para a Área de Comércio, Industria e Turismo do Conselho Municipal da Beira foi detido a 21 de Outubro corrente na base de uma denúncia que terá partido do exdirector de Mercados e Feiras da mesma instituição autárquica, Arnaldo Alberto Armando Tivana. A detenção de Obadias Simango, como é mais conhecido ocorreu na PGR provincial de Sofala, às 13h30 na presença do advogado Eduardo Elias embora conste que o advogado de defesa do réu seja agora Eliseu de Sousa. Há aparentemente três casos que estarão na origem da detenção do vereador: um tem a ver um empréstimo feito pelo Município em 2005 a proprietários de armazéns na altura em construção no Mercado do Maquinino; outro relacionado com salários de um trabalhador do município que de um dia para o outro deixou de aparecer ao serviço mas que alguém continuou a receber salários por ele. E um terceiro caso a que o detido é dado como estando a ele completamente alheio. O agente que tem o processo a seu cargo veio especialmente de Maputo tratar do assunto à Beira. Trata-se de Basílio Luciano David. Na PGR provincial de Sofala, onde é procuradora da República provincial a Dra.Beatriz Buchili, não há ninguém envolvido com o processo 199/PGR/2008.
A reportagem do ZAMBEZE e do jornal diário electrónico Canal de Moçambique teve acesso a documentos que se admite que ainda não constem dos autos mas que sugerem que o ainda vereador António Obadias Ernesto Simango poderá estar inocente embora detido, e o ex-director de Mercados e Feiras em liberdade mas com culpas a apurar que ainda o possam vir a comprometer.
Todas as fontes ouvidas por nós se recusam a fazê-lo abertamente temendo serem envolvidas em problemas. Todas elas alegam que “este caso é político” por haver vontade tanto do partido Frelimo como do partido Renamo de usar a figura de Obadias Simango para denegrir Daviz Simango candidato independente à sua própria sucessão no cargo de Presidente do Município para o qual haverá eleições no dia 19 deste próximo Novembro.
Segundo todas as fonts contactadas na Beira Obadias está completamente inocente e só está preso para se fazer crer à opinião pública eleitora que na edilidade presidida pelo candidato independente Daviz Simango rouba-se com a sua cumplicidade.
Das averiguações que empreendemos concluímos a partir de provas documentais agora em nosso poder, já digitalizadas e arquivadas em sítio adequado na Internet, no dia 30 de Agosto de 2005 um grupo de comerciantes do Mercado do Maquinino, um dos mais importantes mercados municipais, pediu um empréstimo para terminarem as obras em armazéns. O apoio destinou-se sobretudo à compra de material para construção das coberturas dos “armazéns” que são mais propriamente bancas. Alegaram os “armazenistas” que estavam a passar “dificuldades de ordem financeira, originada pela paralisação das actividades no mercado do Goto”.
Subscreveram o pedido António Mutondo, Eugénia Cerveja, Virgínia Vilankulos, Constâncio Ricardo, Augusto Here, Florentina André, Daniel Carneiro, Admiro Zanguza, Adelina, e José Beira. Propuseram-se a pagar em duas fases distintas: “1.ª fase” a pagar até dez mil meticais novos (na altura 10 milhões), “até seis meses” e na “2.ª fase” a pagar 13.685,00 MT da Nova Família (então 13 milhões 685 mil meticais) “até à sua conclusão”.
O vereador Obadias Simango, agora detido pela PGR, como prova a entrada 2903 na Secretaria Geral do CMB, submeteu ao presidente do Município a Nota 731/D/6/1/VEICT/138/2005, de 09 de Setembro de 2005 propondo o adiantamento para aquisição do referido material, conforme facturas que anexou. O presidente Daviz Simango autorizou a 12 de Setembro de 2005 e a Contabilidade do Município foi notificada e tomou conhecimento do expediente a 13 de Setembro de 2005. Foram assim requisitados para o efeito, através da Requisição de Fundos 1993, 150.435,00 MT da nova família (na época ainda eram milhões). O beneficiário do cheque foi a SONIL-Sucursal da Beira, empresa fornecedora dos materiais de que os armazenistas estavam a precisar para acabar o que tinham por acabar no Mercado do Maquinino. O cheque é do B.M.C.I, e tem o n.º 3000396744. A ordem de pagamento dada pelo presidente do Município e foi classificada na rubrica SECT 10/CAP 21/ART.º 10/ n.2 AI em nome de Daviz Mbepo Simango, a 23 de Novembro de 2005. Foram requisitadas 356 chapas de Lusalite; 120 barrotes 15x5; 800 parafusos para lusalite e 27 cumeeiras a 25 de Novembro de 2005. O recibo emitido pela SONIL que tem o nr. De NUIT 400023591, foi emitido no dia 01 de Dezembro de 2005 e tem o nr. 000330, no valor de 150.435,00 MT.
A 13 de Abril de 2007, o ano passado portanto, foi paga a primeira tranche no valor de 31.214,00 MT. António Mutondo pagou 10 mil meticais, Eugénia Cerveja outros 10 mil, Virgínia Vilankulos 5 mil, Franrêncio André 5.014,50 MT e Daniel Carneiro 1.200,00 MT. Este montante de 31.214,00 MT, correspondente à soma de vários devedores que foram inicialmente depositando as suas importâncias na conta de Obadias Simango onde estiveram desde o dia 03 de Abril de 2007 até perfazer o montante que no dia 13 de Abril “foi levantado para dar entrada nos cofres do Conselho Municipal da Beira e deu entrada de facto por inteiro como consta da Folha de Entradas relativa aos Movimentos de Tesouraria de 13 de Abril de 2007”, data em que as receitas globais do Município se cifraram em 245.796,37 MT, como consta de cópia em nosso poder.
Dai em diante os montantes passaram a dar entrada em datas sucessivas de que há recibos emitidos em nome dos armazenistas que estão a amortizar. O Zambeze/Canal de Moçambique tem em seu poder também cópias disso e do mapa de pagamentos efectivos realizados. Do valor emprestado 150.435,00 MT já foram devolvidos pelos armazenistas aos cofres do Município 126.550,50 e estão por amortizar 23.887,00 MT.
A matéria do autos relativa a este ponto, conforme documentos em nosso poder já foi auditada pela Inspecção Geral de Finanças no dia 26 de Agosto último, como consta assinado no mapa de receitas diárias da tesouraria do Conselho Municipal da Beira. O nr. da guia de receita auditado foi o 2179 sujeito à classificação Sector 13, Capítulo 21, Art.º 19. O valor é de 31.214,50 MT correspondente ao primeiro montante amortizado pelos armazenistas. Tal montante resultou de pagamentos feitos: Recibo 899, em nome de Daniel Carneiro (1.200,00 MT); Rec. 898 em nome de Virgínia Vilankulos (5.000,00 MT); Rec. 901 – Florentina André Matane (5.014,50 MT); Rec. 897 – Eugénia Cerveja (10.000,00 MT); Rec. 896 – António Mutondo (10.000,00 MT). Destes valores apenas Eugénia Cerveja e António Mutondo depositaram a 03 de Abril de 2007 os montantes na conta de Obadias Simango que depois os levantou dez dias depois, a 13/04/07, para dar entrada deles nos cofres do Município
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O segundo motivo de suspeitas

O segundo indício contra António Obadias Ernesto Simango diz respeito a vencimentos pagos a um trabalhador que “abandonou o posto e nunca mais voltou ao município”. Esse trabalhador chamase Jeremias Pajero Iremue. Em nome dele foram pagos salários de Janeiro a Julho de 2007 no valor total de 13.161,51 MT: Janeiro (1765,83 MT) Fevereiro (1.765,83) Março (1.745,83) Abril (1.765,83) Maio (1.765,83) Junho (1.765,83) e Julho (2.586,53 MT). Um documento em nosso poder de 02 de Agosto de 2007, assinado pela directora do Plano e Finanças, Chinona Amélia Veape serve de prova de tudo isso.
Mas quem recebia em nome do trabalhador fantasma. Fotocópias das folhas de vencimentos dos referidos meses provam que quem levantou indevidamente em nome do trabalhador que abandonara o posto foi precisamente o ex-director de Mercados e Feiras, ou seja, como consta o denunciante do vereador agora detido.
Mas há ainda um dado: o presidente do município, quando foi informado de que o que seria devido ao trabalhador Jeremias Pajero Iremue se ele não tivesse deixado de trabalhar foi levantado e pago indevidamente ao então director dos Mercados e Feiras, Arnaldo Alberto Armando Tivana, mandou ressarcir imediatamente os cofres do Município. Mas Daviz Simango mandou descontar tudo ao vereador Obadias Simango agora detido, sob alegação de que se Arnaldo Tivana fez o que fez como está provado nas folhas de vencimentos na coluna de Jeremias Pajero Iremue, foi porque o vereador não cumpriu devidamente com as suas obrigações de controlar estas coisas. E pagou Obadias Simango por inteiro os 13.161,51 MT. Isso consta na folha de vencimentos de Agosto de 2007.

Terceiro caso

O terceiro caso de que está indiciado Obadias Simango diz respeito a dois computadores que foram roubados e cujo caso foi entregue oportunamente à PIC. Ele não tem nada a ver com isso, disseram-nos várias fontes no município.

O processo Obadias

O processo Obadias Simango (199/PGR/2008) está a correr os seus trâmites na Beira. O investigador do caso é Basílio Luciano Daviz, de Maputo, que se deslocou propositadamente à Beira. As informações de que dispúnhamos à hora do fecho desta edição indicam que Obadias Simango foi presente ao juiz de instrução dentro do prazo legal e o juiz confirmou a detenção preventiva, isto é, legalizou-a.
O advogado de Obadias Simango, já constituído réu, interpôs entretanto um requerimento a solicitar a liberdade condicional mediante caução.
O tribunal, do que se sabe agora, remeteu o processo de novo à PGR para que o Ministério Público se pronuncie sobre o pedido do advogado do vereador detido. Só depois o juiz voltará a pronunciar-se em despacho conclusivo.
Esperava-se esta quarta-feira pelo Pronunciamento.

(Fernando Veloso, Canal de Moçambique, 30 de Outubro de 2008)

NOTA: As manobras sujas da FRENAMO não passarão, torna-se evidente que esta é uma brincadeira de mau gosto para desacreditar Daviz Simango. Estamos atentos!

Daviz Simango

Devido a uma feliz coincidência, tive acesso a um arquivo com fotos de Daviz Simango e da Beira. Estou devidamente autorizado a usar essas fotos, e certamente que essa autorização se estende a todos os que querem avançar a causa de Daviz Simango, podem ser copiadas ou podem pedir-me directamente , mas apenas para esse efeito. Irei publicando as fotos aos poucos, são a preto e branco porque eram destinadas à Imprensa.

Wednesday 29 October 2008

Beira vai humilhar FRENAMO

Na Beira, talvez não só, os membros da bancada do partido Frelimo, na assembleia municipal da Beira, da forma muito estranha e pouco comum, em sistemas democráticos, juntaram, na sua derradeira tentativa de arrebatar a gestão do município, ou, na pior hipótese, inviabilizar os trabalhos municipais, ao grupo da Renamo, comandado pelo delegado provincial do partido da perdiz.
A estranha e inédita coligação entre os dois partidos, aparentemente adversários aos olhos menos atentos, o povo chama de FRENAMO, uma miscelânea entre traição e ganância pela vida fácil de uns que se batem em nome bases inexistentes e ganância pelo poder político e económico absoluto, de outros.
O povo logo percebeu a jogada política e catalogou-a com este curioso nome, que reflecte o cenário que se vive na Beira, onde membros dos dois grandes partidos históricos se juntaram para expulsar Simango do município, que é apoiado, em massa, pelas bases da Renamo e interessados em manter a bandeira da oposição a flutuar bem alto.
É interessante verificar que os integrantes da FRENAMO se socorrem quando se trata de atacar e humilhar os seus oponentes que se recusam ser um rebanho de carneiros, a caminho do matadouro. Uma colagem perfeita nos objectivos e na forma. Esta cooperação, até prova em contrário, é uma traição. Citam-se uns aos outros para sustentar as suas acusações ora contra Simango, ora contra o presidente da assembleia, Borges Cassucussa.
Quando chegou a vez de aprovar o orçamento rectificativo, a bancada da Frelimo foi, efusivamente, apoiada por seis elementos da Renamo, pertencentes ao grupo de Fernando Mbararano, com objectivos de inviabilizar a execução de actividades do município. Na concertação antes da aprovação da proposta de orçamento rectificativo, o delegado político provincial avisou que recebeu instruções de Afonso Dhlakama para votarem contra, revelou o chefe da bancada, José Cazonda.
Não há mais quaisquer dúvidas sobre as intenções, até então ocultas, do grupo que acabava de se entregar, em público, à Frelimo. Ficou claro que os objectivos perseguidos pela FRENAMO são, exactamente, idênticos.
Foram evidentes, públicos e de suspeição os rasgos elogiosos dirigidos a Mbararano pelo chefe da Frelimo, Mateus Saide, pelo facto de ter tido coragem de participar, de forma bastante activa, na pseudo denúncia nas alegadas irregularidades sobre a gestão do município. Todos os presentes na sala onde decorriam os trabalhos ficaram corados de vergonha, à excepção do grupo Mbararano que se deve ter sentido muito úteis à FRENAMO. O mau serviço prestado, por esse grupo, aos beirenses é patente.
No momento da verdade, os munícipes da Beira vão punir a coligação FRENAMO. Um partido com pretenses de ser poder, tem que deixar de apostar em cavalos que não correm. Insistimos que Manuel Pereira vai ser, seguramente, derrotado, nas eleições de 19 de Novembro. Não há dúvidas sobre a incapacidade de Pereira de superar Daviz Simango.

( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax de 28/1008 )

O pensamento de António Antique

Apetites, voos e ameaças que Eng. Simango representa

Quando me chegou a quimérica informação sobre a decisão da liderança da Renamo de preterir Daviz Simango para candidato à edil da Beira, experimentei uns estonteantes rodopios antes de ligar já abalado de intermináveis tonturas a um amigo (já algures mencionado dentro deste espaço) que na altura se encontrava em Palma, na província de Cabo Delgado. Agreste e sagosa, minha voz deu foz ao sucedido dando-o a conhecer a triste notícia. O amigo interrogou-se, primeiro, se Afonso Dhlakama decidira por velhice, ou por um outro motivo que facilitasse a vitória muito facilitada ao adversário político, a Frelimo. E que foi motivo e apetites para sua inusitada satisfação.

Apostado a não dar cavacos ao dito zombeteiro, perguntei ao meu amigo, se neste caso ele não podia pensar como cidadão. Pensar primeiro pelo bem da nação. Pensar como cidadão, não é apenas a servidão ao poder, ao status quo. Pensar como cidadão extravassa os labirintos períscos das organizações partidárias, e desemboca na nação, aquela que nos compele a ser cidadãos e sua parte activa. A meu ver, essa devia ser a posição do meu amigo que, ao invés, optou, convenientemente mudar de conversa.

Para quem se interessa na análise discursiva ou simplesmente reflecte sobre discursos, tem na atitude do meu amigo uma boa matéria para tirar ilasões. Todos, independemente do nível de escolaridade, podemos muito bem reflectir sobre a retórica discursiva relativa à (re)candidatura de Daviz Simango a edil da Beira.

Se nossa mente nos ilumina, a minha viagem e participação em discussões atinentes ao tema notei e noto que a maioria de simpatizantes e membros da Renamo ou de partidos de oposição ou simplesmente apartidários, pendem e porfiaram na candidatura de Daviz Simango à presidente do município da Beira. Membros e simpatizantes moderados da Frelimo alinham pelo mesmo diapasão; ou seja, ver Simango a renovar os aposentos e dirigismo da segunda urbe mais importante deste país.

Se nossa mente ainda nos ilumina, a candidatura de Simango, permite-me/nos definir o conceito “moderado” no contexto moçambicano ou mesmo africano. Pois, a moderação é aversa ao partidarismo extremista bem assim sui generis aos que nela pautam.

Se nossa mente melhor nos ilumina, podemos tecer duas conclusões inespugáveis e que se traduzem em dois voos a distintas velocidades. Uma, é a ginga deste processo de democratização e liberdade que atravessa mares bastante turbulentos da sua história, de cuja responsabilidade dos cidadãos activos que me referi acima. Outra, repousa na jocosa e, muitas vezes, triste, como alguns cidadãos usam abusivamente o seu direito do seguidismo pouco perspicaz. Terá isto um efeito implicatico ou ameaças contra o eng. Simango no devir partidário-nacional? Se sim, quem são os actores mais interessados na sua queda ou ascenção retumbante? Gostaria de deixar a reflexão do leitor, para na próximo postagem esgrimirmos as arrestas com que se monta o triângulo que fazer Eng. Simango, líder não só na “Perdiz”, como o é, na nação.

Convenhamos que este não seja um espaço p(a)ra lamentar nem para tomar posições inescrupulosas, como alguém, Pois é (!), que se empriquitava para ir a Assembleia da República pedir que se passe a lei que lei é a produção e consumo da diamba. Pois é (!), não é aqui. Dos apetites, as ‘colombias’ para legalizar, eis aqui o dia do são nunca. A projecção de um jovem pode ter sido um escárnio quer da liderança da Frelimo quer da própria Renamo. A candidatura independente de Daviz Simango e a não candidatura de Eneas Comiche como independente provam diferença de uma única realidade de ambos terem sido rejeitados pelos colegas directos; se quiserem, um golpe palaciano. Não coloco em questão às interpretações e ilações que muitos fizeram e fazem, mas o modus operandus similar.

Por estranho que pareça, a candidatura "independente" de Daviz Simango incómoda os poder do dia da Frelimo pari passu o da Renamo, que os verdadeiros membros e simpatizantes da Renamo e uma boa parte de simpatizantes e membros moderados da Frelimo. Mas, são igualmente muitos frelimistas, incluindo académicos de referência, que pensam que Daviz Simango devia engolir “sapos vivos”. O condão do único argumento, que tais lides partidárias têm, é a disciplina partidária; ou seja, o respeito às ordens da liderança dum partido. Se perguntar não ofende, a quem ameaça a candidatura de Daviz Simango? As minhas conclusões são, com muita pena, chocantes.

Valha-nos sermos iluminados nas mentes para conjecturar que Daviz Simango é uma ameaça à cultura ou suposta cultura política moçambicana, em que o povo não é importante. Nessa cultura, as bases dos partidos não residem no povo, mas sim nas estruturas políticas, nos órgãos, sobretudo, repousando nas mãos dos presidentes dos partidos. Foi um desafio sério que Simango lançou ao aceitar que sejam as verdadeiras bases o escolher, contrariamente aos cerca de oitenta e seis candidatos, cujas candidaturas sairam dos gabinetes à ilharga dos cidadãos com direito ao voto.

Valha-nos sermos ainda iluminados nas mentes para deduzir que Daviz Simango ameaça a Frelimo que se julga dona de Moçambique. Daviz Simango está ameaçar a hegemonia política da Frelimo e, sobretudo, dos donos da Frelimo. A ser assim, o próximo "rebelde" virá da própria Frelimo. A ser assim, nascerá em Moçambique uma oposição credível, que nos próximos anos tirará sono o Frelimo no poder. Por esta razão, Daviz Simango não merece admiração da parte conservadora das várias alas que fazem o mapa da Frelimo de hoje.

Valha-nos sermos bem iluminados nas mentes para denotar que, de facto, Daviz Simango é ameaça ao grupelho da Renamo. Digamos que, alguns dos actores clandestinos, durante a guerra civil, que se julgam donos da Renamo, que querem ditar ordens como Daviz Simango deve/devia governar a Beira.

Por último, valeria sermos melhor iluminados nas mentes para compreender que Daviz Simango ameaça à certos sectores dos dois lados das águas partidárias. Nesses grupos estão indivíduos menos cidadãos, menos conformados pelo alinhamento democrático-constitucional. Tais sectores que vêem nas regras autocráticas (diga-o Mswati III), seu móbil com o fito último de arrastar Moçambique ao estágio de chefaturas ou regulados, de que confissões dos seus actores/autores já andam devidamente documentadas.
NOTA: Pensamento sempre actual. Fonte: www.comunidademocambicana.blogspot.com

Tuesday 28 October 2008

Continua “emboscada” contra Daviz Simango: Direcção da Renamo em «canoa furada»


Maputo (Canal de Moçambique) -
Enquanto a data das eleições autárquicas está cada vez mais próxima (19 de Novembro), a direcção da Renamo continua a mostrar-se cada vez mais desorientada, como um fantasma surpreendido em pela luz do dia. Afinal, as suas atenções estão centradas não para a caça ao voto, mas contra um “inimigo” que de repente elegeu chamado Daviz Simango, mas figura com a qual este partido içou a sua bandeira na cidade da Beira nas últimas eleições e que agora é seguido pelas “bases” em desavenças nítidas com a direcção em contramão. Presentemente a direcção da Renamo, que ainda não mostrou nenhum trabalho sério relacionado com as eleições que se avizinham, está entretida a tentar impedir que Simango vá a votos a exercer o cargo e ao mesmo tempo a tentar encontrar pretextos para impedir que o autarca seja candidato à sua própria reeleição a título independente com forte suporte das bases do partido na Beira.
Quanto a candidatura de Simango às eleições de Novembro próximo, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) já reagiu. Ao analisar cuidadosamente o caso, o presidente da CNE já veio a público dizer que não há qualquer irregularidade e por isso Simango pode concorrer livremente. A direcção da Renamo, porém, entende que a posição da CNE está carregada de leviandade, justificando que, embora Deviz Simango não se tenha filiado a qualquer outro partido depois de verbalmente ter sido afastado da Renamo, por Afonso Dhlakhama, a sua candidatura é sustentada por um grupo de indivíduos, alegando que assim o sentido de independência que a norteia não tem fundamento algum.
Mas no fim de contas, o que a direcção da Renamo quer, na verdade, como alias deixou a nu Francisco Machambisse, é ridicularizar e desacreditar Daviz Simango, pois quando ele questionado por jornalistas, na semana passada em Maputo, sobre qual seria realmente o problema da Renamo quanto a Simango, Machambisse não conseguiu explicar-se devidamente, tendo-se limitado a procurar subterfúgios no pronunciamento dado pelo Ministério da Administração Estatal (MAE), relativo ao pedido para que o edil da Beira cessasse imediatamente funções.
A Renamo remeteu um documento ao MAE pedindo que este legitimar a pretensão da Renamo de fazer com que o mandato de Daviz Simango fosse imediatamente interrompido. No entanto, ao analisar o referido documento, o MAE não encontrou qualquer justificação legal que sustentasse o interesse da Renamo, pelo que indeferiu o aludido pedido. A candidatura de Daviz Simango ficaria assim definitivamente confirmada.
Com esta posição do MAE a direcção da Renamo não se conforma, alegando que não compete a este ministério tomar tal decisão, mas sim ao Conselho de Ministros, nos termos do número 5 do artigo 11 da Lei nr. 7/97, de 31 de Maio, pois, no seu entender, nos termos do número 4 dos mesmos artigo e lei, o MAE é um mero instrutor do competente processo e não o decisor final. Destes argumentos dirimidos por Machambisse que age em nome da direcção da Renamo, fica a ideia que ao agir desse modo a direcção da Renamo não está contra a decisão tomada, mas contra quem a tomou.
Amplos sectores do próprio partido, em clara afronta à direcção do partido que está há dois anos por promover um congresso que legitime os seus órgãos, já diz à boca cheia que tudo isto não passa de uma “brincadeira”. A viúva de Evo Fernandes, o secretário-geral da Renamo assassinado em Lisboa antes do acordo geral de Paz, frontal e publicamente disse aliás há dias a Afonso Dhlakhama, facea- face, que a Renamo não deve andar a perseguir assuntos desviantes e insignificantes, mas sim preparar a vitória que pretende nas eleições de Novembro próximo. Dhlakhama baixou os olhos no momento mas nada mudou na prática e o seu prestígio vai caindo a níveis nunca dantes vistos. Apesar disso nos seus argumentos Francisco Machambisse insiste que, independentemente da resposta dada pelo MAE, a Renamo tem legitimidade para impugnar o mandato de Deviz Mbepo Simango. Ele argumenta que o número 5 do artigo 11 da Lei 7/97, de 31 de Maio, apenas exige que a entidade de tutela tome conhecimento dos factos susceptíveis de conduzir à perda do mandato. Defende que qualquer interessado que dê conhecimento dos factos constitutivos da alegada violaçãonão tem de ser do partido político, coligação ou lista em que o impugnado se apresentou ao sufrágio, pelo que a impugnação de
Simango não tem que vir necessariamente da coligação Renamo-União Eleitoral. Pode partir de qualquer, defende.
Deste modo, Renamo continua a entender que Deviz Simango violou as disposições contidas na alínea d.) do número 2 do artigo 10 da Lei que evoca, e segundo a qual “perdem o mandato, os titulares de órgãos das Autarquias Locais que aos as eleições se inscrevam em partido político diverso ou adiram a lista diferente daquela em que se apresentaram ao sufrágio”.
Por outro lado, a perdiz ajuíza que o fundamento da extinção da coligação Renamo- União Eleitoral, que serviu de base para o indeferimento do pedido de perda de mandato em análise, não tem sustentação jurídica nem factual, porque “a coligação não foi extinta, dado que a sua existência jurídica vai até ao fim dos mandatos daqueles eleitos nas suas listas, nas eleições autárquicas de 2003 e nas gerais de 2004.” Assim, a Renamo considera nula a decisão tomada pelo MAE quanto ao processo que esteve a instruir pelo que o caso não está encerrado, devendo o mesmo seguir os seus trâmites legais até à última decisão a ser tomada pelo Conselho de Ministros, algo que, como aflorámos mais acima, não implica necessariamente a mudança da decisão que foi dada a conhecer, mas apenas e simplesmente a mudança do decisor.
No terreno já está claro: Deviz Simango é candidato e em consequência de todas as afrontas, entretanto, ele aparece cada vez mais como um mártir, aglutinando cada vez mais simpatias e apoios.

(Almeida Oliveira, no Canal de Moçambique com a data de 28 de Outubro de 2008)

Favoritismo de Daviz Simango é prenúncio de nova era política

➢Na atitude dos apoiantes de Daviz Simango, aparentemente animados pela dinâmica de vitória que a candidatura adquiriu e tem vindo a expandir, uma eventual derrota do mesmo só poderia ter como causa uma ausência de transparência eleitoral – vulgarmente chamada “roubo eleitoral”
XAVIER DE FIGUEIREDO *

A candidatura independente de Daviz Simango à presidência do Município da Beira apresenta condições “vantajosas” para vencer as eleições de 19 de Novembro.
Este cenário e o processo que deu origem à apresentação da candidatura são vistos como um precedente na política moçambicana, susceptível de lhe dar nova feição no futuro.
De acordo com observações in loco da actual situação na Beira, Daviz Simango dispõe do apoio “praticamente total” do eleitorado da RENAMO, ali maioritário, acrescido de apoios expressivos na massa de votantes do PDD, de Raul Domingos, e MONAMO, de Máximo Dias, mas também em franjas da própria FRELIMO.

Factos apurados ou baseados em informações verificadas:

- As estruturas políticas da RENAMO – delegados de bairro, membros das Ligas Feminina e da Juventude – estão activamente envolvidas na candidatura de Daviz Simango, inclusive em áreas tradicionais de apoio à RENAMO, como Munhava, Nhangau, Manga e Inhamízua (declinaram prestar apoio ao candidato oficial).
- As sedes da candidatura de Daviz Simango são geralmente visitadas por militantes da FRELIMO, do MONAMO e do PDD que se voluntariam para cooperar, por vezes em atitudes de rompimento com as suas militâncias partidárias; o fenómeno é extensivo ao Chiveve, zona de especial influência da FRELIMO.
Os mais recentes desenvolvimentos do tema não têm confirmado tendências anteriores segundo as quais as candidaturas de Daviz Simango e do candidato oficial da RENAMO – o deputado Manuel Pereira, dividiriam o eleitorado da “perdiz” em duas metades, criando condições para garantir a eleição do candidato da FRELIMO, Lourenço Bulha.

Nova avaliação do assunto

- O eleitorado tradicional da RENAMO que não votará em Daviz Simango é pouco expressivo (cerca de 10/15% do total).
- A lacuna derivada da não atracção dessa parte do eleitorado da RENAMO pela candidatura de Daviz Simango é colmatada por apoios novos, oriundos do PDD, do MONAMO e da própria FRELIMO (influenciados pela popularidade do candidato por “sentimentos benevolentes” para o próprio que a sua candidatura gerou).
O apoio a Daviz Simango provindo da população beirense conotada com a RENAMO não apresenta características que permitam considerá-lo uma manifestação de ruptura com o partido; aparenta ser uma atitude de rebeldia face à decisão da direcção do partido de preterir Daviz Simango em benefício de outro candidato, M. Pereira.
2 . O líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, denota estar ciente de que ele próprio e por extensão a direcção do partido (na periferia da qual têm ocorrido dissidências) são o objecto da animosidade dos renamistas da Beira – cujas lealdades partidárias parecem manter-se intactas.

Factos da conduta de Dhlakama considerados elucidativos:

- Evitou realizar na Beira (foi em Quelimane) a reunião extraordinária do Conselho Nacional do partido que deu o seu beneplácito à candidatura de Manuel Pereira, por exclusão de Daviz Simango.
- Ao contrário do que prometera, não se deslocou à Beira, em 11 de Outubro, para apresentação do candidato oficial, Manuel Pereira (um comício marcado para o efeito, no Alto da Manga, foi cancelado, por escassez de público).
- Não anuiu a um convite para estar presente na cerimónia pública de inauguração de um monumento evocativo de André Matsangaíssa, fundador da RENAMO, implantado numa praça da cidade que leva o seu nome; fez-se representar por sua esposa, Rosália e seu filho Afonso Dhlakama Júnior.
A fidelidade à RENAMO mantida pelo seu eleitorado tradicional, de natureza étnica e regional, transparece igualmente de um fenómeno singular, que é o de se ter concluído que o seu apoio a Daviz Simango e a intenção de votar no mesmo para presidente do Município coexistem com a inclinação de votar na lista da RENAMO para a Assembleia Municipal.
Esta linha de conduta é considerada decorrente de um sentimento colectivo de acordo com o qual a preterição da recandidatura de Daviz Simango e a escolha, em seu lugar, de Manuel Pereira são actos que comprometem pessoalmente Afonso Dhlakama, enquanto a lista de candidatos à Assembleia Municipal é uma decisão que vincula o partido.

Eventuais efeitos

O apoio do eleitorado da RENAMO na Beira a Daviz Simango é visto pelos apoiantes deste à luz de um critério de “utilidade dupla”: uma vitória do filho do primeiro vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique ofuscará Afonso Dhlakama e dará lugar a um movimento interno na RENAMO que tendencialmente levará à eleição de um novo líder – provavelmente o actual edil de Chiveve.
Na atitude dos apoiantes de Daviz Simango, aparentemente animados pela dinâmica de vitória que a candidatura adquiriu e tem vindo a expandir, uma eventual derrota do mesmo só poderia ter como causa uma ausência de transparência eleitoral – vulgarmente chamada “roubo eleitoral”.
A posição da FRELIMO face ao “caso” da Beira é objecto de conjecturas de sentido contraditório:
- Interessa-lhe (ou não desdenha) uma vitória de Daviz Simango, como factor capaz de pôr em causa Afonso Dhlakama e, acrescidamente, enfraquecer/desacreditar a Renamo.
- Não lhe interessa uma vitória de Daviz Simango, como factor capaz de dar azo a uma renovação da Renamo que a torne mais acutilante e eficaz como principal partido da oposição.
* in Africa Monitor Intelligence e CORREIO DA MANHÃ – 27.10.2008

Monday 27 October 2008

Foto histórica


Nesta histórica foto, podemos ver os mártires Uria e Celina Simango, juntamente com os seus três filhos.

Falsos juristas ensombram Renamo

As bases da Renamo negam ser reféns de Afonso Dhlakama que engana seus amigos e dribla quem o rodeia. As bases não são um rebanho do líder. A teoria dos bastiões vai cair por terra. Nós reconhecemos o papel histórico fundamental por ele desempenhado na luta contra o regime comunista. Por esse feito, rendemos-lhe a nossa mais profunda homenagem. Mas, não podemos assistir, mudos, Dhlakama a destruir a Renamo, um património do povo, em benefício pessoal, desprezando os sacrifícios consentidos pelos que derramaram o seu sangue na luta pela democracia.
As perdizes de Dhlakama insistem no absurdo, alegando que o ministro da Administração Estatal, Lucas Chomera, é ilegítimo para responder à impugnação ao mandato do edil da Beira, Daviz Simango, solicitada pela Renamo, desqualificando-o da corrida eleitoral. Chomera agiu bem ao indeferir a reclamação da Renamo e considerando o assunto encerrado. O Governo está de parabéns ao recusar embarcar na canoa da Renamo.
Os falsos juristas da Renamo estão a reclamar um litígio eleitoral, por isso, deveriam dirigir a sua reclamação ao Conselho Constitucional e não ao Governo, por ser parte interessada no assunto. A maldade é tanta que até batem a porta errada!
Dhlakama está decidido a entregar o município da Beira à Frelimo. Ao trocar, de repente, violando os estatutos do partido, Daviz Simango por Manuel Pereira, o líder da perdiz deu sinal de que está a seguir uma agenda contrária da que propala em público, como seja democracia e equilíbrio político. Está a cometer um erro histórico grave. Quem permite o retorno ao sistema monopartidário é Dhlakama com a sua maneira de não fazer política.
A Renamo alega que o suporte para a candidatura de Simango é distinto do que o elegeu ao cargo de presidente do município, é falso e prenhe de ignorância jurídica. Procedendo tal argumento, pode levar a um descalabro eleitoral generalizado, porquanto, como consequência lógica, os presidentes dos municípios de Angoche, Ilha de Moçambique, Nacala, Marromeu e todos os membros das assembleias municipais eleitos pela Renamo- União Eleitoral, RUE, perderiam, de imediato, os seus mandatos.
Manuel dos Santos, de Nacala; Alberto Omar, de Angoche; Gulamo Mamudo, da Ilha de Moçambique; e João Germano, de Marromeu, foram eleitos pela RUE. Agora, são propostos pela Renamo, portanto, uma entidade distinta da que os elegeu para os presentes mandatos. Porquê esses não perdem seus mandatos? Todos os membros das assembleias municipais pela RUE constam, para o próximo mandato, da lista da Renamo. Pela lógica dos falsos especialistas da perdiz, esses teriam que ser girados e interditos de concorrer para a legislatura de 2009-2013.
Mais uma vez, alertamos a Dhlakama que o seu candidato, Manuel Pereira, não tem qualquer hipótese de ganhar, na Beira. É melhor desistir da peleja antes que seja humilhado. O líder ainda vai a tempo de se reconciliar com a Beira, apelando a um massivo voto para a Renamo e Simango.
(Edwin Hounnou, em A TribunaFax de 27 de Outubro de 2008 )

Sunday 26 October 2008

PUMPKIN



A woman was asked by a coworker, 'What is it like to be a Christian?' She replied, 'It is like being a pumpkin.' God picks you from the patch, brings you in, and washes all the dirt off of you. Then He cuts off the top and scoops out all the yucky stuff. He removes the seeds of doubt, hate, and greed. Then He carves you a new smiling face and puts His light inside of you to shine for all the world to see.'

Ronaldinho



NAS QUATRO LINHAS ELE É VEDETA IMPARÁVEL

"Ronaldinho" é "estrela" de desminagem em Moçambique

PEDRO FIGUEIREDO *

Ronaldinho é um dos melhores do mundo naquilo que faz: com quatro patas, olfacto apurado e um apetite insaciável por bananas e amendoins, este rato corpulento e de focinho afilado é a nova "estrela" na detecção de minas em Moçambique.
No entanto, tal como o seu homónimo do futebol internacional, Ronaldinho joga em equipa: "actua" juntamente com Robinho e Nelson, todos a serem treinados por uma organização não-governamental belga (APOPO) para detectar minas através do olfacto em Gaza, que confina a sul com a província de Maputo.
Numa manhã soalheira, Ronaldinho estava com os seus companheiros de equipa no seu "campo de treino", um imenso descampado nos arredores da cidade de Inhambane, no Sul de Moçambique, dividido por cordas em secções de 10 metros quadrados, onde vão passar os próximos seis meses.
Foram "acordados" às 06:00 e trazidos de jipe nas enormes caixas individuais de acrílico transparente, onde dormem e onde não falta um bebedouro.
"Moçambique é o primeiro país em que estamos a testar os ratos para apanhar minas", conta Vendeline Emmanuel Shirima, tanzaniano, natural de Morogoro, uma cidade na base do monte Kilimanjaro, que, desde 2003, treina esta insólita equipa de roedores transformados em caçadores de explosivos, previamente treinados na Tanzânia, que nesse ano ajudaram a extrair da terra 25 minas.
O treino...

De equipamento bege, Manuel Shirima ajuda os outros treinadores moçambicanos a descarregar as enormes caixas, que transportam debaixo do braço até à área atribuída a cada um dos enormes ratos – "
Uma vez chegou um gato, parou aí no muro e ficou a assistir. Nem teve coragem de descer", conta Egídio José Guilherme, 35 anos, um dos treinadores moçambicanos dos animais.
Aqui chegados, Ronaldinho e os seus companheiros são presos a um arnês, fixado numa corda amarrada nas extremidades por treinadores que seguram na mão um cacho de bananas e um balde de amendoins – os ratos são trazidos para o campo em jejum para "trabalharem bem", como explica Shirima.
É neste momento, quando Ronaldinho e os seus "companheiros" entram em campo, que a magia acontece: num movimento pendular atentamente vigiado pelos dois treinadores, com a cauda hirta e o focinho colado ao chão, em poucos minutos os "grecestomys gambianus" (nome da espécie) detêm-se e escavam incessantemente a terra vermelha no local onde a mina foi colocada, recebendo em troca um pedaço de banana e amendoins. ...
...E a operação

"
Estes ratos costumam cheirar à procura de comida, que normalmente está enterrada no solo, e por isso têm um olfacto muito apurado. Mas podem ser ensinados a fazer o que quisermos. Neste caso estão ensinados para cheirar TNT", explica Emmanuel Shirima, acrescentando, orgulhoso: "Os sapadores com detectores de metais normalmente demoram seis dias para fazer este quadrado. Estão a ver quantos minutos o rato demorou?".
A fórmula, aparentemente simples, é olhada com cepticismo por muitos: de muitos habitantes locais que passam nas imediações do campo e ainda olham incrédulos para o que vêem, mas também de Alfredo Adamo, natural de Gaza, no Sul de Moçambique, um dos treinadores moçambicanos de Ronaldinho e dos seus companheiros.
"Ao princípio foi um pouco estranho. Era difícil acreditar nisso. Sabia que se usavam cães e máquinas para a desminagem, mas nunca ratos. Só depois quando vi o que estava a fazer, o que estava a acontecer na verdade, é que convenci-me", confessa este antigo professor de História, que trabalha desde 2003 com a organização não-governamental belga.

Hoje, cinco anos volvidos, Alfredo Adamo admite: "Antes via os ratos como animais que não deviam existir, porque realmente não via nenhuma vantagem neles. Só podia matar os ratos. Mas depois descobri que podiam ser úteis. Eu sei o que fazem as minas às pessoas".

Mas Ronaldinho e os seus companheiros de equipa cativaram todos os que trabalham neste projecto pioneiro, sobretudo para Lídia Jeremias, 54 anos, a única mulher a trabalhar na equipa, cuja adaptação foi complicada.

"Sim, fiquei assustada ao princípio. Senti vontade de fugir para cima da mesa. São grandes, não são como esses ratos que existem nas casas. Mas não fugi porque eles disseram- me que não faziam nada, que eram animais domésticos. Só não quero aproximar-me dos ratos, nem nunca lhes fiz festinhas", exclama. Sentada num dos muros da sede da APOPO, uma pequena moradia azul e branca no centro de Inhambane, Lídia Jeremias não hesita na altura de apontar o animal que prefere ter em casa: "gosto de criar um cão".

Fora de portas, no entanto, tudo é diferente: não existe sequer um mapa sólido das áreas minadas durante a guerra civil de 16 anos em que o país esteve mergulhado após a independência. Existe 484 áreas identificadas. Em 2007, 19 pessoas morreram e várias dezenas ficaram feridas em consequência da explosão de minas terrestres - em 2006, as minas mataram 23 pessoas e feriram 34.

Talvez por isso Joaquim Ricardo, natural de Inhambane, antigo jardineiro do projecto promovido há alguns anos a treinador, atalha, trocando os termos a um velho aforismo: "O rato é o melhor amigo do homem".

(*da LUSA com Redacção CM)
Extraído do "Correio de Manhã" - Moç. - 21/07/2008

Saturday 25 October 2008

Humor

O QUE É POLÍTICA?

Um pai. Um miúdo de 11 anos. Um trabalho escolar.

- Pai, preciso fazer um trabalho para a escola! Posso fazer-te uma pergunta?
- Claro, meu filho, qual é a pergunta?
- O que é a política, pai?
- Bem,política envolve: Povo; Governo; Poder econômico; Classe trabalhadora; Futuro do país..
- Não entendi nada. Dá para explicares melhor?
- Bem, vou usar a nossa casa como exemplo: Sou eu quem traz dinheiro para casa: então eu sou o poder económico. A tua mãe administra, gasta o dinheiro: então ela é o governo. Como nós cuidamos das tuas necessidades, tu és o povo. O teu irmãozinho é o Futuro do país e a Zefinha, a nossa criada, é a classe trabalhadora. Entendeste, filho?
- Mais ou menos, pai. Vou pensar.
Naquela noite, acordado pelo choro do irmãozinho, o menino, foi ver o que havia de errado. Descobriu que o irmãozinho tinha sujado a fralda e estava todo emporcalhado. Foi ao quarto dos pais e viu que a mãe estava num sono muito profundo. Foi ao quarto da criada e viu, através da fechadura, o pai na cama com ela. Como os dois nem ouviram o menino a bater à porta, ele voltou para o quarto e adormeceu.
Na manhã seguinte, à hora do café, o miúdo falou com o pai:
- Pai, agora acho que entendi o que é a política.
-Óptimo filho! Então explica- me com palavras tuas.- Bom, pai, acho que é assim: Enquanto o poder económico fornica a classe trabalhadora, o governo dorme profundamente... O povo é totalmente ignorado e o futuro do país fica na merda!!!
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CAMÕES


Numa prova de entrada para a Universidade... Questão : Interpretar o seguinte trecho de poema de Camões:
'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer'.
Uma aluna deu a sua interpretação:
'Ah Camões, se vivesses hoje em dia,
tomarias uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Comprarias um computador,
consultarias a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'
Teve nota máxima. Foi a primeira vez, depois de mais de 500 anos, que alguém entendeu qual era a ideia do Camões...

Friday 24 October 2008

Ivete Fernandes chama Dhlakama de demagogo

EM PLENA CELEBRAÇÃO DO 29° ANIVERSÁRIO DA MORTE DE ANDRÉ MATSANGAÍSSA
Viúva de Evo Fernandes chama Dhlakama de demagogo

Caiu mal o convite da perdiz à imprensa, na sexta-feira última, para falar do clima que se vive no partido e concomitantemente para celebrar o vigésimo nono aniversário da morte de André Matsangaíssa, considerado o fundador da ex-Resistência Nacional Moçambicana, hoje denominada Renamo.
É que a viúva de Evo Fernandes, antigo secretário geral da Renamo, morto em Lisboa, nos finais da década 80, aproveitou o mesmo encontro para acusar o líder da perdiz, Afonso Dhlakama, de demagogo. Ivete Fernandes, a viúva retromencionada, sem exitar disse que Dhlakama era demagogo, facto que tem perigado o convívio são dentro do partido.
“ Vai me desculpar, mas o senhor está a ser demagogo. Isso é demagogia” , disse Ivete Fernandes, reagindo aos pronunciamentos de Dhlakama, segundo as quais, Matsangaíssa foi o primeiro presidente da Renamo.
Para o desespero de alguns militantes da perdiz, presentes no encontro, Ivete Fernandes disse que o marido é que deu um cunho político à Renamo em 1983, tendo no primeiro congresso sido nomeado Afonso Dhlakama como presidente.
Reagindo, Dhlakama disse que conheceu muito bem André Matsangaíssa de quem foi companheiro quando ambos eram militares da Frelimo, na cidade da Beira, por volta dos finais dos anos 70, antes de desertarem.
Mas a viúva de Evo Fernandes não desarmou, disse alto e em bom som que nenhum elemento da Renamo alguma vez prestou homenagem ao seu marido, pessoa que foi assassinada quando ocupava um alto cargo no partido, coisa que não aconteceu com André Matsangaissa, que perdeu a vida em combate quando era um simples comandante de um pequeno grupo de guerrilheiros. Dhlakama, visivelmente embaraçado, disse que a reclamação de Ivete Fernandes era legítima e havia sido registada.
“ A senhora tem que colaborar, fazendo uma proposta da política das mulheres da Renamo” , referiu o líder da Renamo, tendo encontrado embaraço, pois Ivete Fernandes deu continuidade à sua explicação de que “Dhlakama está preocupado em mesquinhices, de fazer rir as pessoas, em vez de tratar de coisas sérias para o partido. Isso é demagogia.”
Foi bastante notório durante o encontro, que o líder da Renamo evitou falar do motivo do encontro e começou a auto-elogiar-se..
“ Os jornalistas abrem os seus jornais com Dhlakama. Isso só acontece porque sou importante. Qualquer editor para ter lucro usa o meu nome. Atacam-me porque sou forte” , disse, numa voz gutural. continuando acrescentou que “ sou um incómodo para os não democratas.
Mas não me importo, sou bonito, nem pareço um antigo guerrilheiro. Pareço um europeu”.
À margem do encontro, não faltaram apupos à Dhlakama, o qual, fazendo esforço para se mostrar despreocupado, dizia que um dia vai escrever a verdadeira história da Renamo, porque nos dias que correm aparecem muitas pessoas a chamarem a si a autoria da fundação do movimento.

Sobre a demissão de assessores
Por outro lado, Afonso Dlhakama menosprezou o papel dos seus assessores, que têm vindo a abandonar os seus cargos, considerando-lhes como sendo “simples estudantes e recrutas” . “São assessores? São estudantes, são recrutas. Eu nunca tive assessores, eu é que os aconselho”, disse Dlhakama.
Nos últimos dias, diversos membros da Renamo têm vindo a colocar a disposição os seus cargos de assessores de Dlhakama, justificando, alguns deles, não se sentirem úteis no desempenho das suas funções.
Semana finda, Augusto Ussore, quadro sénior do partido e deputado na Assembleia da República (AR), demitiu-se das funções de assessor político do líder da perdiz.
Há dias, os deputados Ismael Mussá e João Colaço demitiram-se dos seus cargos de conselheiros do
presidente da Renamo para os assuntos parlamentares e de administração pública, respectivamente.

Matsangaíssa visto por Dhlakama
Na sua comunicação dirigida aos membros e simpatizantes da Renamo, Dlhakama enalteceu os feitos de André Matsangaíssa, justificando que, “graças” a ele, “Moçambique hoje é um país democrático, com o sistema multipartidário, onde as pessoas têm direito a reunião, por exemplo”.
Ele contou que, depois da morte de André Matsangaíssa, cerca de 80 por cento dos guerrilheiros do movimento abandonaram as fileiras.
Contudo, segundo ele, em pouco tempo, a Renamo iniciou o “recrutamento massivo” de jovens, treinou-os e integrou-os na guerra.
“Hoje, estamos no parlamento”, disse ele, acusando a Frelimo, partido no poder, de ser a “única entidade empenhada na luta visando matar” a democracia no País.
“A Frelimo anda a incendiar sedes dos outros partidos, as nossas bandeiras. Dispara contra pessoas inocentes, prende pessoas sem culpa formulada. Eles dizem ser um partido, mas, na verdade, são uma guerrilha, assassinos, aldrabões”, disse Dlhakama, argumentando que a Renamo é “o único partido democrático, cujo líder pode dar aulas de democracia à Frelimo”.
Na verdade, Afonso Dlhakama já se afirmou ser um ditador.
Falando aos membros do seu partido, reunidos Setembro passado em Conselho Nacional realizado na cidade de Quelimane, província central da Zambézia, ele disse que essa ditadura visava “ salvar a democracia” .Na ocasião, Dlhakama disse também que, no dia que ele “acordar mal disposto” , a paz
existente no País há 16 anos, pode desaparecer. Ainda no Conselho Nacional da Renamo, este partido
expulsou o actual edil da Beira, Daviz Simango, por ele ter decidido se candidatar para a presidência do
município da capital de Sofala na qualidade de independente. Daviz Simango, considerado o gestor municipal mais exemplar da Renamo, foi preterido pelo líder da pediz à favor do deputado Manuel Pereira, candidato legitimado pelo partido para concorrer pela cidade da Beira.

DIÁRIO DE NOTÍCIAS – 21.10.2008

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Thursday 23 October 2008

Wednesday 22 October 2008

Sem linha, mas...

Por incrivel que pareca, continuo sem Internet. Basicamente, o meu problema deve-se a incompetencia da Telkom, a empresa estatal que monopoliza as comunicacoes, e a companhia com quem tenho contrato, a Mweb, tem a ver com a falta de comunicacao na instalacao da banda larga. Depois de muita irritacao e dezenas de chamadas via telemovel, penso que o problema foi identificado mas se tiver sorte so no fim-de-semana terei acesso normal a Internet. Toda esta situacao me tem transtornado!
Apesar desta situacao, tenho tentado manter-me informado e algumas noticias chamaram-me a atencao.
1 - Cada vez esta mais certa a vitoria de Daviz Simango na Beira e por isso nao surprendem os ataques contra ele, mas os esclarecidos sabem que sao actos de desespero. Prosseguem as escaramucas entre os jovens apoiantes de Simango e de Manuel Pereira, a Frenamo vai ter a vida muito dificil na Beira! Curioso, quanto mais Daviz Simango e atacado mais apoio apoio consegue obter.
2 - Afonso Dhlakama tem feito algumas declaracoes no minimo intrigantes . Ele afirmou que nao precisa de assessores e que da conselhos aos conselheiros. Alguem que conhece bem Dhlakama afirmou-me exactamente o mesmo, ele nao aceita conselhos de ninguem. Penso que isto explica bem porque a Renamo se encontra no abismo!.
3 - Dhlahama afirmou tambem que tencionava escrever a historia da Renamo quando for Presidente mas que resoleveu comecar a escrever agora. Nao sera esta uma admissao de que nunca chegara a ser Presidente de Mocambique?
4 - Afonso Dhlakama providenciou 3 viaturas 4x4 de cabine dupla a Fernando Mbararamo, Manuel Bissopo e Jose Faque, os vereadores expulsos por Daviz Simango, para estes fofoqueiros fazerem trabalho politico. A Renamo queixa-se de que neo tem dinheiro para fazer trabalho politico mas nao teve problemas em financiar estes intriguistas!
5 - Afonso Dhlakama tinha sido convidado para a inaugacao da Praca Andre Matsangaissa na Beira mas nem ele nem nenhum quadro senior se dignaram aparecer. Sera que estao a fugir da Beira?
6 - Na passada Sxta-Feira, numa reuniao de quadros da Renamo para assinalar a morte de Andre Matsangaissa, Ivete Fernandes. viuva do ex-Secretario Geral da Renamo, Evo Fernandes, acusou Afonso Dhlakama de ser demagogo e de divertir as pessoas em vez de tratar dos assuntos do Partido. Estas observacoes provocaram embaraco a Dhlakama e risos nervosos na assistencia.

Por hoje fico por aqui, ate breve!

Thursday 16 October 2008

Frustrado!

Ha ja alguns dias que estou sem net devido a um problema na linha, espero ter acesso muito em breve mas nao posso garantir quando.
Pensava que estas coisas so acontecem em Mocambique?

Sunday 12 October 2008

Felicidade!


Reparem bem nesta imagem!
Não têm sítio para dormir mas sempre arranjaram espaço para o cão e para o gato.
Água caindo do telhado mas vejam o sorriso de paz e contentamento nas suas faces.
As pessoas mais felizes não são aquelas que não têm problemas mas sim aquelas que aprendem a viver em situações difíceis, mantendo sempre o seu sorriso.

Saturday 11 October 2008

Efeitos da crise americana


Humor sem limites

HUMOR ANGOLANO

Kussumbé, lá nos Angola, foi numa estação de gasolina onde havia um cartaz que dizia:
'Encha os depósito e concorras a uma noite de sexo grátis'
Depois de encher o depósito, Kussumbé chamou o funcionário e perguntou:
-Como si faz pa concorere a esse promoção?
-É fácil, basta dizer um número de 1 a 10. Se for o mesmo número em que eu estou a pensar, o senhor ganha - explicou o empregado. Kussumbé disse então:
-8.
-Errou. Eu estava a pensar no número 4..
.Uns dias depois, Kussumbé voltou ao posto com o seu amigo João, encheram o depósito, chamaram o funcionário e perguntaram:
-Ainda está nos promoção?
-Sim... diga um número de 1 a 10. Se coincidir com o número em que estou a pensar, ganha uma noite de sexo grátis.
E Kussumbé disse:
-5.
O funcionário:
-Errou... Eu estava a pensar no número 2...
Depois de voltarem varias vezes sem nunca terem acertado, acertado, João comentou com Kussumbé:
- Acho que o gajo do posto está a enganare a genti pá... nois nunca acerta!...
- Deixa di disconfiança João... só nus semana passada minha mulher acertou treis vez.... nois é que é burros!
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EMPREGADA PEDE UM AUMENTO

- Madame, estou precisando de um aumento.
A senhora muito chateada pergunta:
- Maria, porque você acha que merece um aumento? - Você só está aqui há 3 meses.
- Madame, há três razões porque eu acho que mereço um aumento. - Em primeiro lugar eu passo as roupas melhor do que a senhora.
- Quem foi que disse isso?
- Foi o patrão quem disse. Em segundo lugar eu cozinho melhor do que a senhora.
- Que absurdo, quem disse isso?
- Foi o patrão quem disse.
-Em terceiro lugar eu sou melhor na cama que a senhora.
- Filha da P... Foi meu marido quem disse isso também?
- Não madame, foi o motorista.

Ela conseguiu um excelente aumento...

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Uma mulher de 80 anos de idade foi ao médico para fazer um checkup. O médico disse-lhe que ela estava a precisar de mais actividad ecardiovascular e recomendou que fizesse sexo três vezes por semana.Um pouco embaraçada, ela disse ao médico:
"Por favor, diga isso a meu marido".
O médico foi à sala de espera e disse ao marido da paciente que sua esposa precisava de sexo três vezes por semana.O velhinho, de 82 anos, perguntou:
"Que dias da semana, doutor?"
O médico respondeu: "O ideal seria às segundas, quartas e sextas."
O marido disse: "Eu posso trazê-la... às segundas e quartas, mas às sextas ela terá que vir de chapa”…

Friday 10 October 2008

Combate à corrupção exige mãos limpas


MAPUTO – “O combate à corrupção, “guerra” decretada pelo Presidente da República, Armando Guebuza, para que tenha resultados positivos, os seus promotores têm que ter mãos limpas”.
Quem assim afirma é Eduardo Namburete, deputado na Assembleia da República, AR, pela bancada da Renamo União Eleitoral, RUE, docente universitário e candidato à presidência do Município de Maputo, que proferiu esta declaração, durante um debate televisivo à volta do “caso generais corruptos que criam empresas fictícias, para delapidarem os Cofres do Estado”.
“Para mim, a questão fundamental não é a constituição de uma empresa, mas sim, o facto de o Estado ser burlado por indivíduos do poder decisório, ligado ao governo, que criam empresas, pagas pelo Estado, para lhe fornecer serviços, que não chegam a ser canalizados aos beneficiários”, diz, e sublinha “eles fazem de contas que estão a fornecer serviços e o Estado paga, mas nunca recebe esses serviços. É um esquema que está a ser usado, em muitos ministérios, e este caso é do conhecimento do governo do dia, mas nada faz e continua no silêncio cúmplice”.
A posição de Namburete vem a respeito da existência da empresa Chicamba Investimentos, uma instituição de prestação de serviços para o Estado, em particular, para o Ministério do Interior, MINT, empresa fantasma criada pelo ex-ministro, Almerino Manhenje, supostamente, em conluio com alguns generais daquela ministério, alguns dos quais supostos seus comparsas, no “caso 220 milhões de meticais”, furtados na instituição responsável pela Polícia.
“Penso que não há condições para o governo resolver este caso, pois, muitos dos dirigentes estão atados a este tipo de esquemas de corrupção. Quem são as pessoas que estão a dirigir as empresas que fornecem serviços ao Estado?” — questiona, e prossegue – “são as mesmas pessoas que estão no governo e decidem tudo”, afirma.
Prosseguindo, o candidato pela Renamo para a presidência do Município de Maputo frisa, a pés juntos, que a ligação de nomes dos generais da Policia com empresas fictícias, com o objectivo de drenar dinheiro do erário público, usando o esquema de prestação de serviços ao Estado não constitui novidade, mas uma prática dos dirigentes da Frelimo, no poder desde a Independência, no ano de 1975.
“A suposta constituição da empresa Chicamba Investimentos não é novidade, mas sim, uma prática”, diz, e sustenta, “dos finais dos anos 80 para cá, os fundos públicos são drenados para interesses privados”, afirmou.
Segundo Namburete, “não há algo surpreendente e, desta vez, o caso caiu para os gestores do MINT, mas há outros ministérios que têm a mesma prática. Quem são os donos das empresas que fornecem viaturas ao Estado?” — questiona, frisando que, no caso vertente, o surpreendente trata-se de um processo selectivo.
“Não é só o ex-ministro Manhenje que deve estar a contas com a Justiça, pois, existe uma teia de dirigentes corruptos e não sei se a Procuradoria Geral da República, PGR, vai ter a coragem de seguir o caso até ao fim, porque já se reportaram muitos escândalos, noutros ministérios e a PGR nunca se pronunciou”.
Segundo a fonte, o “caso MINT” é um processo selectivo e, se os nomes dos generais policiais estão ligados a escândalos corruptos, vamos ver se a PGR vai dar o devido andamento aos mesmos. Duvido muito”.
Na mesma diapasão, Venâncio Mondlane afirma que os nomes dos generais da Polícia ligados, supostamente, a esquemas de corrupção para drenar o dinheiro do erário público são uma matéria indiciária. “Ao que tudo indica, há conflito de interesses. Trata-se de uma matéria de investigação, pois, estamos perante um crime económico”, diz, reiterando que “a lei da defesa da economia é estreita, em relação a esta matéria”.
“Não acredito que o Ministério das Finanças tenha autorizado o funcionamento da empresa Chicamba Investimentos, sendo seus accionistas dirigentes do MINT e com esta empresa a fornecer seus serviços ao Estado. Se isso aconteceu, estamos perante um crime de peculato”, afirmou o provável presidente do Município de Maputo para a próxima legislatura.
A empresa Chicamba Investimentos recomendada, supostamente, a Armando Pedro, comparsa de Manhenje, no “caso 220 milhões de meticais”, furtados no MINT, não é o primeiro a saquear os Cofres do Estado. Num passado não distante, foi criado, por Armando Pedro, “especialista em engenharia de empresas fantasmas”, apadrinhado por pessoas de proa, nos píncaros do poder, que criou, no Ministério da Defesa Nacional, a empresa Monte Binga, com o mesmo propósito, delapidar os fundos do erário público e arremessando a maioria da população à penúria que o governo do dia a decretou como o principal mal a combater, figurando, deste modo, nos pomposos discursos de todos os timoneiros do poder político constituído. (R)

FONTE: A Tribuna Fax, com a data de o7/09/08

Depois de Manhenje



A detenção do antigo Ministro do Interior, Almerino Manhenje, pode ser um indicador de que finalmente a engrenagem do controlo da corrupção em Moçambique está a arrancar? Estaremos perante o início da tão esperada limpeza? Ou trata-se apenas de um curto-circuito sem consequências a longo prazo? A resposta a estas questões é: depende. Depende da forma como a classe política dominante vai reagir neste caso e, sobretudo, se existe um aval partilhado que permita que a máquina da Justiça comece a atacar a grande corrupção dentro das balizas da lei. O grande desafio do Ministério Público (MP) é perceber se os incentivos para a sua acção são genuínos e se essa acção vai ser complementada por outros processos de promoção da transparência, alguns dos quais implicam a redução das oportunidades de acumulação de rendas por parte de altas figuras do artido Frelimo e do Estado.
Depende porque no Partido Frelimo (o principal centro de decisão em Moçambique) há grupos de interesse e teias de cumplicidade que podem reagir de maneiras distintas (lançando sinais com incentivos negativos) em função dos laços de patronagem e clientelismo que moldam a correlação de forças no seu seio.
A reacção do antigo Presidente da República, Joaquim Chissano, sobre esta detenção, numa entrevista à TVM, é um desses incentivos negativos e mostrou que a Frelimo está ainda dividida quanto à forma como a investigação judicial deve (e se pode) escrutinar figuras sonantes suspeitas de envolvimento em casos de corrupção. Aliás, Chissano não fez qualquer esforço para defender o Sistema de Administração da Justiça, sugerindo até que Manhenje podia ser investigado em liberdade.
Em todo o caso, a notória acção do MP, enquadrada nas suas competências, pode também ser compreendida como resultado de um aval político do Presidente da República (PR) para que a investigação de casos de grande corrupção avançasse até as últimas consequências. Como sempre foi, em Moçambique, a acção penal contra a corrupção foi sempre alvo de controlo político, dada a natureza embrionária da nossa Justiça, nascida no auge da revolução pós-independência, um passado umbilical que continua a marcar o domínio do Partido sobre os restantes poderes (incluindo o Judicial), podendo até dizer-se que a forma ineficiente como a Justiça se estrutura e trabalha (e o atraso da sua reforma) é funcional à própria reprodução do poder e seu controlo pelas elites políticas dominantes.
Ao longo dos últimos anos, em que o rent seeking e o tráfico de influências floresceu, a Justiça apadrinhou – porque o Partido não quis que ela fizesse o contrário – os processos de acumulação primária de capital centrados no Orçamento do Estado, na banca antes da sua privatização completa e nos créditos do tesouro que ainda hoje não têm sido reembolsados. Muitos destes processos nunca foram clarificados e ainda não se tem a certeza sobre se existe vontade para que essa clarificação aconteça.
O grande desafio do MP é, pois, perceber a natureza dos sinais que lhe são transmitidos pelo Partido e pelo Governo e avaliar até que ponto esses sinais representam incentivos genuínos e duradoiros no sentido de que Manhenje e Cia (independemente do desfecho deste caso) estão apenas a inaugurar uma nova etapa na forma como o Estado lida com a má governação.
Por uma razão:
Se é certo que a reacção judicial contra a corrupção deve ser despolitizada, também é verdade que onde se envolve a grande corrupção (a corrupção política) essa reacção é eminentemente politizada, no sentido em que o poder Judicial só age se tiver um suporte firme da classe política (é esta quem define o âmbito e os alvos que presidem ao início da limpeza). Haverá esse suporte agora? Porque é que o anterior PGR, Joaquim Madeira, queixava-se de que alguns supeitos neste caso nem sequer compareciam às audições? Madeira não percebeu os sinais? Os sinais de vontade política não eram claros? No caso vertente, estamos apenas perante a coragem do PGR Augusto Paulino? O que é que molda essa coragem num contexto em que a administração da Justiça continua formal e informalmente controlada pela liderança política? O que acontecerá depois de Manhenje? Terá o PGR, depois, um reforço desses incentivos?
É, pois, preciso perceber se estamos na presença de um interesse genuíno da liderança política ou se se trata de um mero interesse de reprodução de poder por parte dessa mesma liderança. A percepção dos sinais e dos incentivos estruturais necessários para alavancar uma operação mãos limpas duradoira é fundamental para se evitarem alguns riscos que a acção penal anti-corrupção corre em países onde a corrupção é sistémica (e em muitos casos descontrolada), o clientelismo político-partidário estrutural, a partidarização do Estado seminal e a regulação do conflito de interesses (envolvendo a esfera política e os seus apetites de acumulação) precária.
Um desses riscos é o risco de selectividade. Se a acção do MP neste caso é institucionalmente centrada, no sentido em que os sinais recebidos foram considerados genuínos e a máquina da Justiça tem espaço para agir, é preciso evitar que essa acção seja marcadamente selectiva, abrangendo apenas alguns processos e não o conjunto alargado de práticas que até são do conhecimento público (alguns por via dos relatórios do Tribunal Administrativo sobre a Conta Geral do Estado).
O que torna difícil – mas não desencorajador – o trabalho do MP hoje é que o poder político foi sempre condescendente em relação à corrupção. A transição para a democracia foi, ironicamente, marcada por um desengajamento moral da classe política, que arrastou a sociedade a níveis de promiscuidade jamais vistos. O discurso da construção da burguesia nacional alimentou todo um conjunto de desmandos que se permitiram na transição e que hoje continuam, agora com novos actores, novas e mais sofisticadas formas e fontes de enriquecimento e estratégias de acumulação, etc. É este quadro que se espera seja invertido, para que a dependência externa seja reduzida, evitando-se que os recursos públicos e os negócios do Estado sejam apenas para o benefício de uma minoria.
O Ministério Público demonstrou uma enorme coragem política, tendo em conta a figura de Manhenje e o grupo a que ele pertence dentro do Partido. É pois preciso elogiar essa coragem. Mas o que o MP não precisa apenas de palmadinhas nas costas. Há várias formas de se iniciar uma limpeza anti-corrupção. Fritar um peixe graúdo é uma delas, dado o simbolismo subjacente de se ir demonstrando à sociedade que novos tempos se avizinham. Outra forma é ir-se criando pequenas reformas administrativas, algumas ilhas de integridade, mais rigor das entidades de fiscalização (Assembleia da República) e auditoria (Tribunal Administrativo).
Qualquer que seja a abordagem escolhida, a coragem do MP deve ser amparada para se evitar o risco do isolamento. O pior que pode acontecer à liderança de Augusto Paulino na PGR é ele ficar sozinho neste trabalho. E aqui está um dos grandes desafios que a classe política tem pela frente: não basta permitir que se capturem um ou dois peixes graúdos; é preciso que se limitem as estruturas de oportunidades para que os peixes graúdos tenham menos espaço para delapidação do erário público.
Neste processo, o executivo (liderado pelo Partido) e a Assembleia da República tem um papel fundamental na urgente reforma legal anti-corrupção: a regulação do conflito de interesses para o Presidente da República, para os membros do Executivo, para os deputados da Assembleia da República continua precária; a fiscalização da declaração de bens dos titulares de cargos governativos é ainda inexistente. A melhoria do quadro legal específico é instrumental para o controlo da corrupção.
Com a acção do MP neste caso de Manhenje, o sistema nacional de integridade (o conjunto de instituições e normas que contribuem para promover a transparência e a boa governação) acaba de reerguer um dos seus pilares. No actual estágio, apenas os media e o Tribunal Administrativo conseguiram manter-se firmes e vem reforçando paulatinamente os seus alicerces. É preciso mais jornalismo investigativo, é certo; e o TA deve auditar mais contas do Estado, penetrando urgentemente nessa selva descontrolada que são as empresas públicas.
Os ganhos que vêm sendo alcançados exigem dos restantes pilares um complemento efectivo para que o nosso edifício institucional saia do caos. A acção do MP é uma oportunidade para que alguns campeões da integridade que se diz haver dentro das instituições, do Partido e da sociedade saiam do silêncio e dêem o seu contributo. Depois de Manhenje, é preciso que não se deixe a PGR no isolamento. Onde a corrupção virou sistémica, um dos maiores riscos é o de redes clientelares dominantes empurrarem os reformadores para ostracismo.

Por Marcelo Mosse -Director Executivo do Centro de Integridade Pública

Thursday 9 October 2008

Democracia refém de comportamentos bizarros

MAPUTO – A democracia moçambicana está refém de comportamentos bizarros, devido à falta de escrúpulo por parte de alguns dirigentes políticos que, no lugar de promover a democracia, desenvolvem atitudes anti-democráticas.
Estes dirigentes ameaçam o projecto de democratização, iniciado com a proclamação da primeira Constituição, já passam cerca de duas décadas.
Trata-se de um fenómeno que está a causar várias inquietações, com consequências drásticas para os períodos eleitoralistas, em que ninguém se massa em ir votar, com a maioria da população moçambicana a optar pela abstinência, devido à falta de postura, por parte dos políticos, que perderam a noção do conceito democrático e passam a vida a promover ataques entre eles, num esforço descabido de levar-se um teatro mal encenado, com actors medíocres, em relação à matéria.
Mais curioso, ainda, é o envolvimento, na cena, de alguns destacados membros de partidos políticos de referência quase obrigatória, ao nível nacional e internacional, casos da Frelimo e Renamo, que rubricaram, em Roma, o Acordo Geral da Paz, que culminou com o cessar fogo, passam 15 anos.
O Acordo Geral Paz veio abrir o espaço para a criação de novos partidos políticos, que participam de vários processos democráticos, que assentaram, na primeira Constituição de Direito, aprovada, em 1990 e, posteriormente, substituída, em 2004, por outro instrumento do género que, também, tem a democracia como um pressuposto básico, para o desenvolvimento do País.
A paz e democracia que se vivem, no País, são fruto do sacrifício de vários membros e simpatizantes da Renamo que, através da guerra, já que pelo diálogo não teria sido possível, convenceram o governo da Frelimo, a reconhecer o direito à democracia que era negado aos moçambicanos.
Esta é uma das razões que fundamenta o discurso segundo o qual “Afonso Dhlakama é pai da democracia”, sobretudo, porque, durante o processo da luta, ele foi o negociador nato do processo que levou à democratização do País.
Neste momento, Dhlakama, baptizado com o nome de pai da democracia, deve estar desapontado com o ambiente tenso que se vive, País.
A Frelimo está a fazer tudo, na tentativa de abafar a oposição, com o destaque para o partido liderado por Afonso Dhlakama.
Na cidade portuária da Beira, Sofala, a Frelimo promoveu um conflito que se degenerou na expulsão de Daviz Simango, numa tentativa de abafar a Renamo, naquele ponto do País. (AA)
FONTE: A Tribuna Fax, com data de 07/09/08

Tuesday 7 October 2008

Mbuzini em foco



Passou há momentos no canal de televisão sul-africano SABC3, no programa Special Assignment, um documentário sobre o acidente de Mbuzini que há 22 anos vitimou Samora Machel e os seus acompanhantes.
Dois operativos dos Serviços Especiais afirmam que a morte de Samora não foi um acidente mas sim uma conspiração.
Pik Botha, antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, o Professor Andre Thomasshaussen, antigo assessor da Renamo, e Dumisa Ntsebeza, da Comissão da Verdade e Reconciliação, afirmam que deveria ser constituída uma Comissão de Inquérito para ser apurada a verdade.
Eu não acredito muito nesta teoria, à luz de diferentes inquéritos e declarações, mas tenho o espírito aberto a todas as possibilidades. A ser verdade, muitas outras questões terão de ser levantadas.

LAM vai de mal a pior

Viajar nas Linhas Aereas de Moçambique, LAM, é uma desilusão, devido ao mau serviço prestado, contradizendo-se com o elevado preço das passagens. Pelo baixo nível de serviços, é difícil haver passageiros que queiram voltar a voar nesta companhia, empurrada à falência propositada. Os aborrecimentos de quem procura a LAM começam quando se dirigem à terminal, sem contar com constantes atrasos. Deslocando-se de províncias a Maputo, para consulta médica, marcada com antecipação, ou ligações internacionais, corre-se o risco de falhar.
A ninguém podemos confessar, nem mesmo às paredes o martírio por que temos vindo a passar sempre que viajamos de LAM. Pedimos, sem mais tempo a perder, para o governo encontrar a terapia, necessária e urgente, para salvar a nossa companhia aérea da morte certa a que está condenada, insuflando novo sangue no seu envelhecido Conselho de Administração que pouco faz para melhorar as condições de viagem.
A bicha de espera, para ser atendido, é enorme e a disputa, para conseguir um lugar, parece ser um jogo de azar. Já em pleno voo, vem, em cascata, o problema de jejum forçado. Falta, apenas, anunciar que cada passageiro, querendo, pode levar, para lanche, massanika, papaia, dhoro, maheu, sura, mandioca, etc., para evitar pedir. É inaceitável que uma companhia aérea sirva, a passageiros, um copito de sumo ou um pingo de refresco, com um pacote de 150 gramas de batatas fritas, comparável ao que os meninos levam à escolinha.
Temos viajado, diversas vezes, de LAM e verificamos que os serviços de bordo são, invariavelmente, maus. Pegam LAM na falta de outra companhia como alternativa. Na falta do melhor, o pior serve, diz o povo. A administração da LAM está a transformar os seus aviões em verdadeiro “chapa aéreo”. Não acreditamos que o ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, desconheça esta situação. Se conhece, então, está a faltar à sua obrigação.
Em que companhias viajam nossos dirigentes? – Em companhias estrangeiras bem confortáveis, para as habituais sessões do xitó pidir ajuda. Pedimos indulgência do Ministério Público para não nos processar, alegando atentado à segurança do Estado. Perguntar não ofende nem tem que haver vinganças. O problema, na nossa opinião, talvez, resida na falta de concorrência. Enquanto existia a Air Corridor, a LAM não apanhava sono. Agora ficou sozinha na área, logo se esqueceu de servir bem os seus passageiros.
A LAM tem, apenas, quatro aeronaves. Os membros do seu Conselho de Administração auferem salários de luxo, incomportáveis com as suas receitas produzidas. O presidente do Conselho de Administração ganha o mesmo que o seu homólogo sul-africano que dirige a South African Airways – SAA – companhia com 64 aeronaves, incluindo um Airbus A340-600, um A340-300E e outro A319. A SAA opera uma malha com 39 destinos em 29 países, mais de 900 voos regulares, por semana, transportando mais de 6.5 milhões de passageiros por ano.

( Edwin Hounnou, na Tribuna Fax de 24/09/08 )

Monday 6 October 2008

Fundos públicos à deriva

O País perde muito dinheiro, retirado, criminosamente, por agentes do Estado. Os ex-Banco Comercial de Moçambique e Banco Austral ruíram devido aos sistemáticos saques por seus gestores ou com a sua cumplicidade. Ministérios e instituições a eles adstritos não escapam ao furto. A comparticipação no saque de dirigentes das respectivas instituições é evidente. A participação de administradores dos bancos, levados à falência, são tidos como os principais actores do crime do furto.
É impossível que tanto dinheiro desapareça dos bancos, ministérios e empresas públicas sem a Inspecção de Finanças se aperceber. Gatunos criam empresas fantasmas e introduzem- nas no Estado para sacarem fundos. No Ministério da Defesa Nacional generais têm a Monte Binga – que elucida o caos em que se encontram os fundos do Estado. A Monte Binga foi concebida para enriquecer figuras militares. Chamamos a atenção de que as manutenções, messes, pensões, hotéis, etc., sumiram.
De quem é a empresa que abastece os quartéis, em géneros alimentícios? Apesar do mau serviço, ninguém ousa tossir. A Chicamba Investimentos, empresa fantasma que Almerino Manhenje encomendou a Armando Pedro, seu comparsa no suposto festival dos 220 milhões de meticais, furtados no Ministério do Interior. Armando Pedro, especialista em engenharia de empresas fantasmas, apadrinhado por pessoas coladas nos píncaros do poder, criou Monte Binga e Chicamba Investimentos. Igual táctica foi usada para sacar fundos do Instituto Nacional de Seguraça Social, logo que Armando Pedro chegou à presidência daquela instituição. Para azar do crime organizado, o esquema não vingou, por não ter sido carimbado pela tutela. A sobrefacturação é o prato forte da gatunagem. Empresas fantasmas, registadas em nome de seus empregados menores, factura(va)m a preço de ouro.
O Ministério das Finanças tem inspecção de finanças para controlar a gestão dos fundos públicos alocados aos ministérios e instituições públicas. Se a inspecção não funciona, seja por cumplicidade ou ignorância, é sempre culpada. Deveria ser responsabilizada pelos sumiços dos fundos públicos. A ignorância da lei não é, em juízo, um atenuante. A cumplicidade é um crime. O peso da justiça deveria se fazer sentir.
Os ministros do Interior, José Pacheco, e do Trabalho, Helena Taipo, anunciaram haver graves problemas com a gestão de fundos do Estado, nos sectores sob sua jurisdição. O Presidente Armando Guebuza tem dito que os sete milhões não se destinam, como é prática, a financiar projectos de compadres, mas, à geração de emprego. O Presidente não esconde os problemas. Pede que todos procurem a solução. Se fosse a PM diria que tudo está bem. Os inquéritos por ela mandatados não têm desfecho. Nada faz para parar o saque das empresas Aeroportos de Moçambique, PETROMOC e EMOSE. O silêncio é alma do negócio, dizem os iluminados. (Edwin)

FONTE: A TRIBUNA FAX, de 06/09/08

Senhor Ministro das Finanças— Assunto: pedido de financiamento

Gostaria de aproveitar as inéditas oportunidades que o governo tem aberto a cidadãos nacionais que desejam combater a pobreza absoluta, concedendo-lhes ajuda financeira, através dos fundos do Tesouro.
Este gesto tem sido bastante útil para o surgimento da burguesia nacional. Venho solicitar-lhe um modesto empréstimo financeiro de 6,5 milhões de dólares. Se for benevolente, a miséria que me apoquenta será estória para contar às gerações do futuro. Não se arrependerá de ter ajudado a um compatriota seu que tanto o admira.
Compro um iate, para competir com sul-africanos que gingam nas nossas praias. Construo um lodge à beira-mar, para férias. Compro um Jeep para galgar dunas, a gozar com Telmina Pereira. Não é babando estrangeiros, como faz Fernando Sumbana, para virem bufar nas nossas águas. Quem sabe trabalhar, sabe descansar, dizia o camarada Vladimir Lénine. Vou produzir jatropha. Fiquei emocionado quando vi o ministro do Interior, com uma amostra de jatropha à cabeça, num comício, em Maputo. Para quê produzir milho, arroz, trigo, se tudo isso pode vir de fora? Basta um peditório internacional.
É pessoa de bom coração, como a Dra. Luísa Diogo, que distribuiu fundos do Tesouro a figuras do partido governamental, não se esquecendo de financiar projecto do seu marido, como é óbvio. Não me dizer que é tarde. Onde come um, comem dois. Onde comem dois, comem três. Confesso que estou cansado de pobreza. Deus não me quer pobre pelo resto do tempo. A sua ajuda, juro palavra de honra, sinceramente, vai ser minha bóia de salvação. A sua mão seria abençoada, pode ter certeza. O governo tem sido bondoso para com todos os cidadãos, independentemente das tonalidades políticas de cada um.
Com as facilidades que o governo concede a indivíduos que recorreram a essa ajuda, creio que, dentro de pouco tempo, poderei mudar o rumo da minha vida. Os miúdos poderão estudar no colégio e os mais velhinhos avançam para Europa ou América. Os meninos queixam-se de estudar sentados no chão e encurvados, escola sem tecto nem janelas, por isso, andam doentes. Pensei em si que poderia ter pena dos putos e aliviarlhes o sofrimento. Ser pobre é mesmo chato. As regras da banca são pesadas. Se a gente brinca, até nos tiram as cuecas. O Tesouro não incomoda, deixa a gente numa boa.
Segundo usos e costumes africanos, não se exige garantias reais de reembolso. A boa tradição africana tem, mais uma vez, que prevalecer, como foi com outros que nos antecederam nessa coisa de pedir grana do Tesouro. Algo nos une – se não for o partido, temos a mesma pátria, nação e bandeira, logo, saberá que as oportunidades devem iguais a todos. Garantolhe que não sou reaccionário. Sou homem honesto, sincero e respeitador da lei. Ajude-me, por favor!
Espero deferimento.
E mais não disse.


Maputo, aos 06 de Outubro de 2008.


( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax, de 06/09/08 )

Sunday 5 October 2008

O que é afinal a reconciliação?


Maputo (Canal de Moçambique) - Escreveu-se mais uma página da História.
Jacinto Veloso falou e acabou por deixar claro que o reverendo Uria Simango, Joana Simeão, Lázaro Kavandame, Júlio Razão Nihia, Mateus Gwengere, Paulo Gumane e muitos outros foram assassinados.
Quanto ao documento que serviu para tentar "emprestar um cunho jurídico ao acto de assassinato", aliás várias vezes referido aqui no «Canal de Moçambique», mas também em outros órgãos de Comunicação Social, Jacinto Veloso, proeminente figura do ex-Bureau Político do Comité Central do Partido Frelimo e ex-ministro da várias pastas de governos de Moçambique, designadamente da Segurança (ex-SNASP), se dúvidas ainda havia, acaba de permitir que tenham deixado de haver, ao afirmar ao jornalista Laurindos Macuacua, d´ «O País», o que desde já recordamos: "Penso que não assinei. Alguém o preparou. Tinha, efectivamente naquilo que eu entendo hoje, o objectivo de legalizar o julgamento desse grupo de concidadãos que eram considerados reaccionários ou traidores. Mas não posso comentar muito. O que posso dizer é que tem de distinguir uma situação de guerra de libertação onde a lei é da própria guerra. A justiça faz-se onde a coisa acontece, o que é diferente de um Estado de Direito.”
Já não há maneira de se continuar a escamotear os factos. As pessoas estão mortas. Foram mortas sem direito a defesa. Foram sumariamente executadas.
Moçambique já era um Estado independente, já era um País membro da Organização das Nações Unidas. Já tinha Constituição. Já era um Estado de Direito. Não se tratou de situação de guerra nenhuma como alega Jacinto Veloso. Moçambique já era um Estado com governo que deveria ter exercido as suas responsabilidades de proteger por igual todos os cidadãos, mas agiu para lhes tirar a vida.
Passa a ser certamente desconfortável para estados que hoje levam a Haia certas personalidades, continuarem calados perante este reconhecimento tácito de um crime de Estado praticado por pessoas a quem ainda é possível pedirem-se responsabilidades. Afinal trata-se de um genocídio de muito maiores dimensões. O grupo de "concidadãos" que foram vítimas não se limitava aos nomes mais sonantes que hoje servem de referência. São muitos mais. Tantos que há até "correntes de opinião" que amiúde chegam mesmo a falar em "limpeza étnica" quando recordam as proporções da criteriosa operação de eliminação física dos opositores ao regime que com certas práticas acabou por suscitar a violenta Guerra Civil por que Moçambique acabou por ter de passar e viria a terminar com um saldo extremamente negativo. Os «campos de reeducação» e a «operação produção» são também disso memória e referência que não deixa Robert Mugabe só quando se recorda o genocídio de Matabeleland.
Não se trata de pedir que se reabram feridas. O papel dos familiares serve de referência. Tem sido de tolerância e de perdão, particularmente no caso do Edil da Beira, Deviz Simango, e do seu irmão mais velho, Lutero Simango, ambos filhos do reverendo Urias Simango, ex-Vice-presidente da Frelimo, e de Celina Simango, esta fundadora da LIFEMO, primeiro movimento feminino Moçambicano que antecedeu a OMM no início da Luta Armada de Libertação Nacional e que foi por si presidido até à sua extinção a 4 de Março de 1968. De tais perdas humanas não há forma de ressarcir as famílias. Por mais que se faça, o mal está feito e é irremediável.
Mas há certamente um gesto que se pode exigir a quem tem andado ultimamente pelo país a recordar nomes que da História não se podem apagar. Devolver os restos mortais aos familiares é o mínimo que se pode pedir e até mesmo exigir. Esperamos que não falte sentido de Estado a quem tem consciência de que o que já foram "ideias contra-revolucionárias" hoje fazem a política de quem aniquilou os "reaccionários e traidores" de ontem. A razão falou mais alto.
As famílias das vítimas aguardam o momento de poderem ter consigo pelo menos os restos mortais dos seus entes. E o Estado Moçambicano à luz da Nova Constituição deve saber assegurar-lhes esse direito. A Procuradoria Geral da República não tem nada a dizer sobre isto? O que é afinal a reconciliação? (Z)


FONTE: CANALMOZ


A imagem revela a capa do livro de Jacinto Veloso.