Saturday 2 March 2013

Marco do correio, por Machado da Graça

Olá Julião
Como vai a tua vida? Do meu lado, tudo bem, felizmente.
Mas, como acontece frequentemente neste nosso país, bastante preocupado. E convencido de que, entre nós, há quem goste de brincar com o fogo, correndo o risco de se queimar. Mais grave ainda, correndo o risco de nos queimar a todos.
Tudo isto por causa da brincadeira de muito mau gosto que as chefias policiais pregaram aos nossos polícias.
Na verdade, aquele desconto de 300 mts nos salários de todos os polícias, de forma obrigatória e sem pré-aviso, não lembra ao diabo.
A desculpa foi a solidariedade para com as vítimas das calamidades naturais, mas isso não pega. A solidariedade é uma coisa que se pratica de livre vontade, não se impõe. Quando é imposta, deixa de ser solidariedade e passa a ser um abuso de poder, uma violência inaceitável.
Para muitos dos polícias, de vencimento mais baixo, os 300 mts não andarão longe dos 10% do seu salário mensal. Para os chefes, que tomaram a decisão, não significam nada, nos seus chorudos salários. Para os pequenos pode ser menos pão na boca dos filhos.
E isto acontece numa altura em que, quer o comandante Khalau goste, quer não, há polícias a ameaçarem entrar em greve a partir de 1 de Abril.
Khalau diz que uma greve de polícias é ilegal, mas o Ministro da Saúde dizia o mesmo sobre os médicos e o resultado viu-se.
E, por falar em polícias, as autoridades, mais uma vez, afirmam que não há dinheiro para melhorar os seus salários. Mas, esse dinheiro que não há, para umas coisas, parece sobrar para outras.
Recentemente a FIR inaugurou uma grande quantidade de equipamento e armamento novos para repressão da população descontente. Para isso não houve falta de dinheiro.
São as prioridades definidas a partir de cima.
Para os pobres não há nada, mas para os ricos e para a repressão, os cofres estão sempre cheios.
A História tem-nos mostrado para onde conduz, geralmente, este tipo de tendência. E espero, sinceramente, estar enganado a esse respeito.
Um abraço para ti do

Machado da Graça

CORREIO DA MANHÃ – 01.03.2013

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