O caso “Dominique Strauss-Khan” foi finalmente arquivado esta terça-feira. E, neste caso, dado tudo o que se passou desde o dia 14 de Maio, pode dizerse que a montanha nem sequer pariu um rato. O Supremo Tribunal de Justiça de Nova Iorque aceitou o pedido do procurador de Manhattan para arquivar todas as acusações, entre as quais as de violação e de abuso sexual.
Tudo porque a vítima, uma empregada guineense do hotel Sofitel de Nova Iorque, durante a investigação, entrou em sucessivas contradições, tendo mentido deliberadamente aos juízes do processo. Concluindo, a inconsistência das suas declarações traíram-na.
Sobre o desfecho deste caso já ouvi dizer muita coisa: que os ricos ganham sempre aos pobres, que os brancos ganham sempre os negros, que a não condenação de Strauss-Kahn iria inibir futuras vítimas de violações sexuais nos Estados Unidos de apresentar queixas porque já não iriam confiar na Justiça.
O mais curioso de tudo é que esta última tese foi defendida em editorial no “The New York Times”, um dos mais conceituados jornais norte-americanos, como se a Justiça deve-se dar o exemplo em vez de julgar um caso concreto. Aí é que seria, seguramente, a inversão total do que deve ser a Justiça, pagando neste caso, para dar o exemplo, imagine-se, o justo pelo pecador.
Sem pretender defender ninguém, convém recordar que houve um homem que, sem o mínimo de provas, passou pela extrema humilhação de ser preso no aeroporto quando se preparava para embarcar para o seu país, foi compulsivamente algemado, mantido incomunicável, levado para uma prisão de alta segurança como se fosse um perigoso criminoso e sem qualquer direito à presunção de inocência, o que não é apanágio dos países civilizados e respeitadores dos direitos humanos mais básicos.
Em relação a este último ponto, a América não dá lições ao mundo, antes pelo contrário. Gosta de achincalhar, de humilhar, sente prazer ao ver o circo mediático que constitui sempre um indivíduo algemado entre polícias que o empurram para o isolar do assédio da imprensa. Todo este circo vende, rende, é fotogénico, sobretudo se o visado foi alguém famoso como o ex-responsável do FMI.
Convém ainda lembrar que Strauss-Kahn, antes de tudo isto começar, era o principal candidato socialista às próximas eleições presidenciais em França e, segundo a maioria das sondagens, um dos favoritos à vitória final.
Por conseguinte, neste caso, há muitos a ficar mal na fotografia: a Justiça americana, a direita francesa e a esquerda em geral. A primeira pela forma desumana como condena as pessoas antes do julgamento.
A segunda porque se viu livre do seu principal rival à cadeira do Eliseu – há quem diga mesmo que tudo não passou de uma conspiração orquestrada por Sarkozy e pela direita francesa para inviabilizar a candidatura de Strauss-Kahn.
A terceira porque o rico e poderoso derrotou o negro pobre, coisa que a esquerda, sobretudo a pacifista e defensora das minorias, não consegue digerir.
Editorial escrito por João Vaz de Almada, @Verdade
Tudo porque a vítima, uma empregada guineense do hotel Sofitel de Nova Iorque, durante a investigação, entrou em sucessivas contradições, tendo mentido deliberadamente aos juízes do processo. Concluindo, a inconsistência das suas declarações traíram-na.
Sobre o desfecho deste caso já ouvi dizer muita coisa: que os ricos ganham sempre aos pobres, que os brancos ganham sempre os negros, que a não condenação de Strauss-Kahn iria inibir futuras vítimas de violações sexuais nos Estados Unidos de apresentar queixas porque já não iriam confiar na Justiça.
O mais curioso de tudo é que esta última tese foi defendida em editorial no “The New York Times”, um dos mais conceituados jornais norte-americanos, como se a Justiça deve-se dar o exemplo em vez de julgar um caso concreto. Aí é que seria, seguramente, a inversão total do que deve ser a Justiça, pagando neste caso, para dar o exemplo, imagine-se, o justo pelo pecador.
Sem pretender defender ninguém, convém recordar que houve um homem que, sem o mínimo de provas, passou pela extrema humilhação de ser preso no aeroporto quando se preparava para embarcar para o seu país, foi compulsivamente algemado, mantido incomunicável, levado para uma prisão de alta segurança como se fosse um perigoso criminoso e sem qualquer direito à presunção de inocência, o que não é apanágio dos países civilizados e respeitadores dos direitos humanos mais básicos.
Em relação a este último ponto, a América não dá lições ao mundo, antes pelo contrário. Gosta de achincalhar, de humilhar, sente prazer ao ver o circo mediático que constitui sempre um indivíduo algemado entre polícias que o empurram para o isolar do assédio da imprensa. Todo este circo vende, rende, é fotogénico, sobretudo se o visado foi alguém famoso como o ex-responsável do FMI.
Convém ainda lembrar que Strauss-Kahn, antes de tudo isto começar, era o principal candidato socialista às próximas eleições presidenciais em França e, segundo a maioria das sondagens, um dos favoritos à vitória final.
Por conseguinte, neste caso, há muitos a ficar mal na fotografia: a Justiça americana, a direita francesa e a esquerda em geral. A primeira pela forma desumana como condena as pessoas antes do julgamento.
A segunda porque se viu livre do seu principal rival à cadeira do Eliseu – há quem diga mesmo que tudo não passou de uma conspiração orquestrada por Sarkozy e pela direita francesa para inviabilizar a candidatura de Strauss-Kahn.
A terceira porque o rico e poderoso derrotou o negro pobre, coisa que a esquerda, sobretudo a pacifista e defensora das minorias, não consegue digerir.
Editorial escrito por João Vaz de Almada, @Verdade
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