Somalis recebem alimentos num campo em Mogadíscio. Milhares de pessoas chegaram a Mogadíscio nas últimas semanas procurando assistência
A resposta à seca e subsequente fome tem sido largamente liderada por grupos humanitários e as Nações Unidas
“Há um desapontamento geral que se sente por todo o continente. O que falta é uma voz africana. Uma voz africana corajosa, uma face de liderança corajosa nesta matéria".
Com o aumento dos apelos a uma maior assistência no combate à fome na Somália, o grupo OXFAM, diz que os países africanos também têm que fazer a sua parte para aliviar o sofrimento.
Após a declaração da União Africana, os países africanos observam um dia de solidariedade e consciencialização para com as vítimas da actual onda de fome na Somália. Mas, uma coligação de organizações da sociedade civil e de ajuda critica a resposta de África à crise alimentar que varre a região do Corno de África.
O grupo Africanos Actuam por África, conhecido pela sigla AA4A, apela ao continente para fazer mais do que está a fazer.
Desde que se tornou do conhecimento público há cerca de um mês, a resposta à seca e subsequente fome tem sido largamente liderada por grupos humanitários e as Nações Unidas. As nações ocidentais, particularmente da Europa e da América do Norte, prometeram fundos para os esforços de ajuda. Mas a porta-voz da OXFAM Internacional, Anne Mitaru, afirma que os dirigentes africanos ainda não desempenharam o papel que deveriam na resposta à crise.
“Há um desapontamento geral que se sente por todo o continente. O que falta é uma voz africana. Uma voz africana corajosa, uma face de liderança corajosa nesta matéria.”
E por detrás desta liderança africana, o grupo AA4A, afirma que o continente não está a envolver-se financeiramente. Residentes de países como Quénia e África do Sul organizam campanhas de angariação de fundos para o combate à fome, mas quando faltam cerca de 1,3 biliões de dólares para a campanha, o grupo sustenta que os governos africanos vão ter que se envolver.
Inicialmente a União Africana anunciou uma contribuição de 500 mil dólares. A África do Sul também anunciara uma contribuição de mais de 150 mil dólares. Mas Mitaru afirma que estes montantes não são aceitáveis.
“Quando olhamos para a economia sul-africana, uma das maiores, actualmente a principal economia do continente, 150 mil dólares é pouquíssimo. Os governos africanos podem não ter os recursos para cobrir tudo o que é preciso, mas não podem deixar de ser parte da solução.”
A África do Sul desde então aumentou a sua promessa de contribuição para um milhão de dólares. O Botswana, o Sudão e outros países prometeram também dinheiro. Mas o grupo AA4A afirma que os governos africanos podem fazer melhor do que isso. Nota que em mais de uma semana, os quenianos que se envolveram na angariação de fundos recolheram mais de dois milhões de dólares em donativos de organizações privadas e públicas.
A OXFAM e o AA4A apelam aos governos africanos para, pelo menos, contribuírem com 50 milhões de dólares para o combate à fome na Somália. Os grupos divulgaram um relatório que mostra quanto cada governo pode, alegadamente, contribuir. E segundo ele a África do Sul, a Nigéria, a Líbia, o Egipto e a Argélia pode, cada um, contribuir com mais de 5 milhões para a campanha.
Ana Guedes, Voz da América
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