Thursday, 27 November 2008

Dhlakama vai fazer harakiri?

O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, que com a sua decisão de expulsar, do seu partido, no dia 20 de Setembro de 2008, numa sessão do Conselho Nacional, realizado em Quelimane, o edil da Beira, Daviz Simango. Ele é reconhecido como o melhor gestor municipal da actualidade nacional, tendo arrecado prémios internacionais pela correcta, transparente e dinâmica como tem conduzido os destinos da cidade – o segundo maior centro urbano de Moçambique - retirando-a do marasmo a que esteve votada desde que o País se tornou independente.
Numa embrulhada de intrigas, com base em traição, como um video exibido pela estação televisiva stv veio a demonstrar ao público, um pequeno grupo de antigos militares da Renamo, integrado pelo delegado político da cidade, Faque Fararia e brigadeiro Lucas Machava, liderado pelo delegado político da província de Sofala, Fernando Mbararano, com a carta branca do líder do partido, preteriu, à última hora, a candidatura de Simango pelo veterano e controverso membro da Assembleia da República, Manuel Pereira. A medida - anti-estatutária - deixou a Renamo dividida e as suas repercussões bastante nefastas fizeram-se sentir em todos os níveis.
O líder da Renamo foi alertado, porém, em vão, para se preparar para as eleições e não perdesse tempo com guerras intestinais que, só, levam ao descalabro. Tal como se previa, a Renamo ficou afundada. Foi varrida dos cinco municípios onde governava e não logrou ganhar em nenhum outro. Não ganhou Chimoio que, durante os últimos cinco anos, foi desastrosamente gerida – sem água, com ruas esburacadas e de cidade mais limpa passou para uma das mais sujas. Baqueou na Vila de Gorongosa, em Sofala, que dista a poucas dezenas de quilómetros do antigo quartel general da guerrilha da Renamo.
Na Mocímboa da Praia, em Cabo Delgado, onde a Frelimo semeou mortes na eleição intercalar, de 21 de Maio de 2005, conseguiu vencer. A mulher do administrador distrital local invalidou mais de 500 votos favoráveis à Renamo, por falta de preparação dos delegados de candidatura da Renamo.
Depois desta espectacular hecatombe, esperava-se que Dhlakama anunciasse a sua resignação da liderança do partido pela manifesta incapacidade de tornar a perdiz ganhadora. No mínimo, deveria ter anunciado a data do congresso para ser eleita uma nova direcção que faça a Renamo atravessar o túnel da desgraça.Um resultado tão desastroso, em democracias consolidadas, levaria qualquer líder do partido a pedir sua resignação. Os japoneses são mais radicais, não suportariam, assim, tanta humilhação. Na praça pública e, em frente às câmaras televisivas, entregariam a alma a Deus, fazendo hara-kiri – espetando-se, na barriga, com uma espada pontiaguda, até à morte. Dhlakama fará isso? Que houve fraudes? – Sim, houve e muitas. O partido no poder, Frelimo, nunca vai deixar de fazer fraude enquanto a Renamo for incapaz de as evitar. Não se evita uma fraude, denunciando-a, mas, não permitindo que ela aconteça.
( Edwin Hounnou, em A Tribuna Fax com data de 27/11/08 )

2 comments:

Anonymous said...

Concordo plenamente com este artigo. Durante anos discordamos das sujeiras e atitudes anti-democraticas da Frelimo, depois apostamos na Renamo ... para que? Eles provaram ser ditadores e traidores. Desiludiram-nos muito!!! Podemos agradecer-lhes os resultados das ultimas eleicoes... Precisamos de uma nova veia em Mocambique e nao de oportunistas. Viva D. Simango!

JOSÉ said...

Este é um assunto que magoa muito, temos mesmo razão em nos sentirmos abandonados e frustrados. Agora temos todos de pagar a factura da irresponsabilidade, foi um grande retrocesso na luta pela liberdade e democracia e o monopartidarismo está aí a ameaçar!
Entretanto, não podemos desanimar, os verdadeiros democratas saberão encontrar caminhos que nos conduzam ao nosso sonho: democracia, liberdade, prosperidade e justiça social. Vale a pena ter esperança!
Abraço forte!