Thursday 16 June 2016

Sociedade civil moçambicana organiza marcha contra crise política e económica


Maputo, 15 jun (Lusa) - Organizações da sociedade civil de Moçambique anunciaram hoje a realização no próximo sábado de uma marcha contra a crise política e a situação económica do país, exigindo a responsabilização dos autores das chamadas dívidas escondidas.
Falando durante uma conferência de imprensa em Maputo, a presidente da Liga dos Direitos Humanos, Alice Mabota, uma das promotoras da marcha, disse que esta é uma forma de repudiar o rumo que o país está a tomar, exigindo o fim dos confrontos entre as forças de defesa e segurança e o braço armado da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, bem como a responsabilização judicial dos autores das dívidas contraídas pelo Governo à revelia do parlamento.
"Queremos nos exprimir em defesa de uma sociedade pacífica e sem corrupção", disse Alice Mabota, acrescentando que o povo não deve pagar o preço pelas "políticas irresponsáveis" que arrastaram o país para a atual situação.
A marcha, que decorrerá sob o lema "Pelo Direito à Esperança", iniciará às 07:30 de Maputo (06:30 em Lisboa) e vai percorrer as avenidas Eduardo Mondlane, Karl Marx e Ho Chi Minh até à Praça da Independência, no centro da capital moçambicana.
Além da dívida e da crise política, as organizações da sociedade civil estão preocupadas com a liberdade de expressão, num momento em que atentados contra académicos, analistas, jornalistas e personalidades políticas têm abalado o país.
Depois do protesto, de acordo com os organizadores, será elaborado um documento com sugestões às lideranças moçambicanas e que, posteriormente, será de acesso público.
"Trata-se de um ato solicitado por todos os moçambicanos", sustentou Alice Mabota, referindo que os organizadores foram obrigados a corrigir o primeiro documento de pedido de autorização e, no momento, aguardam pela resposta das autoridades municipais.
"Esperamos que este não seja um pretexto para não realizarmos a marcha, porque, de qualquer forma, a marcha será realizada", observou Alice Mabota, revelando que está a ser alvo de ameaças para cancelar a ação.
Em maio, partidos extraparlamentares tentaram organizar uma marcha contra a situação política e económica que Moçambique atravessa, mas, no dia em que estava agendada a conferência de imprensa do anúncio do protesto, o líder do mesmo, João Massango, foi agredido nos arredores de Maputo e a marcha acabou por não ser realizar.
Nos finais de abril, o receio de agitação nas ruas deixou Maputo a meio-gás por um dia e os acessos ao centro da capital sob forte vigilância policial, após a circulação de mensagens anónimas nas redes sociais convocando um protesto contra as dívidas ocultas.
Empréstimos contraídos entre 2013 e 2014 pelo anterior governo fizeram disparar a dívida pública de Moçambique para mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB).
Por outro lado, o país enfrenta uma crise política e militar, marcada por confrontos entre as Forças de Defesa e Segurança e o braço armado da Renamo.



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