“De palavras está o Inferno cheio”… Governantes prevaricadores devem merecer a “porta de saída” através de moções de censura parlamentares…
Num jogo sujo que mistura política barata com tendências abertamente de “empoderamento económico ilícito” oportunamente chamado de “negro” e de correcção da história vemos porta-vozes e governantes se tornando ricos sem trabalhar e sem investir capital ou conhecimentos. Puro tráfico de influências, ligações familiares é o que está na moda neste também chamado “país da marrabenta”.
Os cidadãos deste país chamado Moçambique, em sua boa-fé até não têm razões de queixas quanto a produção nacional de discursos ou de proclamações verbais respeitantes as mais diversas esferas da vida nacional.
Cresceu a capacidade local de justificar realizações e mesmo daquilo que não constitui realização alguma.
Há um deficit enorme de cumprimento do programado e dos planos, em geral só há referência a arranjos estatísticos visando a convencer o público e os doadores de que a situação está controlada e os planos sendo realizados conforme o previsto.
Embora o país reúna condições para conhecer outro destino dos diversos cantos ouvem-se queixas e sussurros sobre o real estado da nação.
Numa situação clara de manobras camuflando a realidade vivida por milhões de pessoas há investimentos públicos continuados no sentido de apaziguar os cidadãos e adormece-los com “espectáculos musicais e circos”. Quem vai deliciar-se com um “Kassav” e umas doses de bebidas alcoólicas esquece-se por alguns dias da sua miséria.
Quem recebe um suposto crédito de algumas dezenas de meticais provenientes do Fundo de Iniciativas Locais dá-se por sortudo e esquece-se que em termos reais não é o pequeno negócio de venda de bebidas alcoólicas de cariz duvidoso que vai produzir lucros que lhe permitam amortizar o crédito recebido. Mas será difícil a quem se beneficiou de tal “oferta” não votar em quem concedeu o valor monetário.
Os cabritos estão de maneira soltos que o país se tornou em campo fértil para negociatas e em geral não se concebe a vida normal sem a inclusão de tais esquemas para aumentar a renda pessoal.
Os grandes projectos de infraestruturas públicas são a principal fonte de enriquecimento ilícito através da organização de circuitos de atribuição de empreitadas completamente revestido de ilicitudes e de tráfico de influência.
Dificilmente se pode falar de um empresa privada moçambicana que floresça a custa do empenho de seus gestores e proprietários.
Quando se fala de agricultura e de projectos no sector ao fim ao cabo verifica-se que está tudo minado e que os fundos disponíveis serão encaminhados para pessoas relacionadas com quem elabora os concursos e com quem detém o poder discricionário no sector.
As famosas joint-ventures misturam generais boers, generais moçambicanos ministros, directores nacionais, ex-Sellous Scouts e outros de proveniência duvidosa. Quando não se consegue reunir os fundos necessários para fazer os projectos funcionarem anulam-se DUATS e concessões. Vigarizam-se investidores internacionais em nome e com base em posições na nomenclatura local. A lei vale para uns e para outros é documento para esquecer.
Se o país se encontra na cauda da classificação do “Doing Business” isso deve-se a factos concretos e não a invenções de consultores mal-intencionados.
Cada vez que alguém se levanta e lança uma crítica quanto aos procedimentos adoptados ou a ausência de políticas realistas para fazer face aos problemas nacionais rapidamente é catalogado de “apóstolo da desgraça”” ou algo pior.
Os governantes arranjaram uma forma peculiar de proteger-se ao “contratarem” escribas e advogados de sucesso para se lançarem em sua defesa incondicional.
“Taxistas” abundam de tal forma que os sujeitos de acções lesivas ao interesse nacional nem tem de se preocupar respondendo pois há quem o faça com uma regularidade preocupante.
Falhanços espectaculares em sectores vitais são considerados de ânimo leve e sem consequências para os que não apresentam desempenho aceitável.
Um país com carência de recursos não se pode ao luxo de pagar salários principescos e mordomias a ministros que não trazem resultados positivos ao fim do dia.
Porque não interesse em ver implementados códigos de qualidade no que se refere ao tratamento de assuntos como os graves conflitos de interesse entre o público e privado, quem prevarica se sente seguro de suas “costas quentes”.
Uns até dizem que somos uma “república das bananas” e com boa dose de razão.
As preocupações são quase sempre reactivas e não se vê governantes pensando proactivamente.
Quando surgem moçambicanos com ideias fundamentadas e oferecendo-as mesmo gratuitamente, os governantes de seus pódios, não se prestam a escutá-los e depois vendem o discurso que estão fomentando desenvolvimento participativo como alguém vendendo “banha de cobra por banha de porco”.
Algumas atitudes e posturas relacionadas denotam falta de respeito pelos cidadãos. Outros são casos de mera descriminação com base em critérios confusos que tanto misturam algum tribalismo como racismo incipiente.
São justificações encontradas por quem não consegue realizar o que é sua responsabilidade. Num jogo sujo que mistura política barata com tendências abertamente de “empoderamento económico ilícito” oportunamente chamado de “negro” e de correcção da história vemos porta-vozes e governantes se tornando ricos sem trabalhar e sem investir capital ou conhecimentos. Puro tráfico de influências, ligações familiares ’e o que está na moda neste também chamado “país da marrabenta”.
Não se observam sinais de seriedade quanto co controlo migratório e cidadãos africanos e asiáticos exilados no país terão alegadamente se tornado em pivots do narcotráfico. As detenções de moçambicanos na Tailândia, Índia, Brasil em posse de drogas constituem um sinal indubitável de que cidadãos nacionais estão sendo recrutados e utilizados como passadores de drogas.
Circulam no país madeiras, troféus de animais selvagens dirigindo para portos e aeroportos nacionais para a exportação e isso está trazendo prejuízos irrecuperáveis ao país perante algum silêncio preocupante das autoridades.
Se falarmos dos contratos para a exploração de recursos minerais nacionais seria conveniente acrescentar o contrato de reabilitação da Linha de Sena dos CFM. Aos moçambicanos não é explicado em que moldes se firma tais contratos e como se rescindem. Mesmo os deputados da AR choram e queixam-se de recusas quando procuram obter informações sobre assuntos públicos, financiados por fundos públicos e por créditos que será o público a pagar.
Sinceramente gostaríamos de ver a Assembleia da República desenvolvendo-se e alcançando patamares similares a outros de países onde as coisas já atingiram alguma maturidade.
Mesmo que sem hipótese de passar na votação é preciso começar a exercer-se o direito de apresentar moções de censura parlamentares para desempenhos sofríveis do governo e para declarações que acabam sendo conhecidas como mentiras.
Urge que os moçambicanos conheçam com profundidade as razões porque alguns governos que financiam nosso OGE e outros programas públicos estão retirando fundos, cortando fundos, exigindo a devolução de fundos.
Cabe ao governo do dia explicar-se e responsabilizar-se pelo que aconteceu.
Aos ministros ou governadores de pelouros encontrados em falta e em abuso de suas prerrogativas deve restar o caminho da exoneração sem contemplações…
Noé Nhantumbo, Canal de Moçambique – 28.11.2012, citado no Moçambique para todos
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