Thursday, 6 December 2012

Diário do Congresso MDM: O cantar do galo


 
 
Com apenas três anos de existência, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força política do país, quer afirmar-se como “alternativa de governação”. O seu primeiro congresso começou a 05 Dezembro em curso e termina este sábado (08), na cidade da Beira. Aquele partido político definiu estratégias importantes para fazer jus ao slogan “Moçambique para Todos”, além de ter mostrado uma estrutura partidária funcional, o que deixa antever que estes são apenas os primeiros anos de uma organização partidária que caminha entusiasticamente para acabar com o “uso abusivo da maioria parlamentar”.
“Não tenho dúvidas de que o MDM chega hoje, na altura do seu congresso, como o verdadeiro partido da Unidade Nacional representado por pessoas e culturas de todas as regiões do país”, começou por dizer Daviz Simango, presidente do Movimento Democrático de Moçambique, no seu discurso de abertura do primeiro congresso daquela terceira maior força política em Moçambique. Simango não poupou críticas ao Governo de turno, liderado pelo partido Frelimo, afirmando que o Estado moçambicano precisa de ser emancipado, onde a população goza dos seus direitos. “Precisamos de um Estado livre do fenómeno selvagem de partidarização das suas instituições e do saque do património do povo em nome dos libertadores”, disse tendo ainda acrescentado que se precisa de “um Estado onde a esposa do chefe do Estado não usurpa as funções dos titulares das instituições estatais”.
Cerca de 900 pessoas, entre delegados e convidados, participaram no primeiro congresso do MDM realizado na cidade da Beira, província de Sofala. A escolha do local do evento não teve nada com a génese do partido, pelo contrário, mas uma razão específica: evitar qualquer tipo de sabotagem por parte do partido no poder. Motivos para tal não faltam. Em apenas três anos, o MDM atingiu um nível de desenvolvimento invejável. “As conquistas que em tão pouco tempo conseguimos fazem de nós os alvos principais daqueles que durante anos viveram como os principais e incontornáveis actores e protagonistas políticos neste país. A nossa existência constitui um grande incómodo para os beneficiários da falecida bipolarização”, afirmou Simango.
Os desafios do partido continuam os mesmos definidos em Março de 2009 aquando da sua formalização. Decorriam apenas cinco meses, altura do registo oficial da força política, quando o MDM decidiu concorrer nas eleições gerais, tendo quebrado a bipolarização e, presentemente, é a terceira força política em Moçambique. Servir o povo moçambicano com profissionalismo, transparência e dignidade no exercício das suas funções políticas-partidárias e governativas é a promessa que o Movimento Democrático de Moçambique faz. Segundo o líder do partido, o vazio ético que se vive no Estado moçambicano conduz à anarquia.
Estiveram na mesa do primeiro congresso diversas matérias, nomeadamente o relatório de actividades, estatutos, programa do partido, participação nas eleições municipais, provinciais, legislativas e presidenciais, hino do partido, entre outras políticas sectoriais, com destaque para as da juventude e da mulher. As discussões centraram-se também na necessidade da criação da capacidade interna, promoção do empoderamento da mulher e dos jovens, pertinência de quadros comprometidos com os princípios e valores do partido e a instituição duma escola interna do partido para formar os quadros e harmonizar os princípios e ideologia do partido.
Um partido consolidado
Os delegados ao primeiro congresso do Movimento Democrático de Moçambique afirmaram que o MDM já é um partido consolidado na arena política nacional e acrescentaram que os próximos serão de afirmação como uma alternativa de governação. “O MDM era concebido como um partido da Beira, porém, com as intercalares, sobretudo a vitória em Quelimane, já vimos que não somos apenas um partido local, mas sim de âmbito nacional. Somos uma alternativa de governação”, disse Abel Mabunda tendo acrescentado que “estamos preparados e temos uma visão nacional”.
Mabunda disse que não existem políticas sociais, razão pela qual as crises agudizam-se em Moçambique, sobretudo com a exploração de recursos minerais e naturais, e afirmou ainda que a Frelimo tem uma agenda familiar, do grupo do partido e perdeu a visão nacional. “Além da agenda nacional, nós temos o presente para a juventude”, disse.
Abdul Rahimo Satar disse que o primeiro congresso do MDM representa uma vitória do povo moçambicano. “Posso dizer que já é o momento de os moçambicanos começarem a olhar para o MDM como uma alternativa. O partido já conquistou o seu espaço e os próximos anos serão de vitórias”, garantiu e acrescentou que "estávamos a precisar de um congresso para medir a nossa capacidade organizativa interna e dar a conhecer aos moçambicanos as nossas políticas".



Hélder Xavier, A Verdade
 

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