Wednesday 7 October 2015

Renamo confirma preparativos para reaparecimento público de Dhlakama




Beira, Moçambique, 07 set (Lusa) - A Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, confirmou que está a preparar a retirada do seu líder, Afonso Dhlakama, do local desconhecido onde se encontra desde 25 de setembro e que o seu reaparecimento público pode ocorrer a qualquer momento.
Em declarações à Lusa a partir da cidade da Beira, o porta-voz da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) disse que era esperada ainda hoje a chegada de observadores e membros do Governo para concretizar a operação, escusando-se a precisar o momento em que ela vai ocorrer.
"O Governo disse-nos que ia tratar deste assunto o mais depressa possível", declarou António Muchanga, que não quis identificar os membros do executivo envolvidos neste processo.
Afonso Dhlakama não é visto em público desde 25 de setembro, após um incidente com a sua comitiva em Gondola, província de Manica.
Entre varias especulações sobre o paradeiro de Dhlakama, a Renamo apenas admitiu que ele tinha escapado do local dos incidentes a pé e que estava bem, algures na província de Manica, centro de Moçambique.
Vários jornalistas estão desde hoje no Chimoio, capital de Manica, aguardando mais informações da Renamo sobre a saída de Afonso Dhlakama do lugar onde se mantém escondido há quase duas semanas
Além de jornalistas, a Renamo convidou também observadores e dirigentes da sociedade civil, informou à Lusa António Muchanga.
Afonso Dhlakama já tinha avançado no domingo a existência de contactos para sair do seu esconderijo e reatar negociações com o Governo para ultrapassar a crise política em Moçambique.
"Sim, estamos em contacto e há um grupo que criámos aí em Maputo. Está incluso o meu chefe de gabinete, Mateus Augusto, mais outras pessoas que estão em contacto com o Governo, assim como os mediadores, e vamos convidar alguns jornalistas para testemunhar a minha saída", afirmou em entrevista ao canal privado STV.
Segundo Dhlakama, o seu reaparecimento público foi adiado devido a um reforço de efetivos das forças de defesa e segurança naquela região.
"Não é porque eu tenha medo, é bom haver testemunhas a ver-me sair", declarou o líder da oposição, que reiterou a sua indisponibilidade para a guerra e alegou que, se fosse sua vontade, já tinha incendiado o país.
"Não há guerra em Moçambique. É claro que também não há paz, porque paz não significa apenas o calar das armas. Não há justiça, não há transparência, tudo arrogância", disse o líder da oposição, que voltou a condicionar um encontro com o chefe de Estado, Filipe Nyusi, à fixação de uma agenda concreta.
A violência política aumentou nas últimas semanas e a 02 de outubro forças de defesa e segurança e militares da Renamo voltaram a confrontar-se no distrito de Gondola, província de Manica, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio e entre rumores sobre a presença no local de Afonso Dhlakama.
Foi no mesmo distrito que, no passado dia 25, Afonso Dhlakama disse ter escapado de uma emboscada das forças de defesa e segurança, que por sua vez acusam os homens da Renamo de ter iniciado o incidente ao abrir fogo sobre uma viatura de transporte semipúblico que ia a passar e alegando que a polícia apenas se dirigiu ao local para repor a ordem.
Dos confrontos morreram pelo menos sete elementos da Renamo e dezenas entre os atacantes, segundo o partido da oposição, e 23 homens de Dhlakama, de acordo com o Governo moçambicano, além do motorista da viatura civil.
Esse foi o segundo incidente em menos de duas semanas envolvendo a comitiva de Afonso Dhlakama, após, a 12 de setembro, a sua caravana ter sido atacada também na província de Manica, num caso que permanece por esclarecer.

Moçambique vive sob o espectro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de recorrer à força nas seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro de 2014.





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