Wednesday 7 October 2015

Dhlakama confirma contactos com Governo

   

   

Em entrevista exclusiva ao O País e Stv



Como está e onde?

Estou em Moçambique, na província de Manica, em particular no distrito de Gondola, onde houve aquela tentativa de me assassinar, no dia 25 de Setembro. Aliás, antes, houve outra tentativa, a 12 de Setembro, naquela zona de Zimbata, em Vandúzi. Em menos de um mês, tentaram acabar com a minha vida, mas, porque Deus é grande, não foi possível, porém, morreram meus seguranças. Estamos aqui para continuarmos a missão de trabalhar em prol da paz e democracia no nosso país. É a missão que recebemos há anos, décadas e décadas, não é hoje que nos impedirão de assumir as nossas responsabilidades, porque há gente de má-fé que quer acabar connosco.

Desde 25 de Setembro, não saiu mais de Gondola. continua em Gondola?É quase isso. por razões de segurança, estou em Gondola, não posso andar para nenhum sítio. quando digo Gondola, não estou na vila...

Naquele ataque, foi ferido ou não?
Não, estou bem. embora esse ataque fosse dirigido a mim, felizmente - digo felizmente porque não fui atingido - estou bem. Embora haja feridos ou mortes, alguém estava a telefonar-me ontem, porque teria recebido informação de que fui atingido numa das partes do meu corpo. Mas disse que não, que estava bem e que não havia razões de esconder, caso estivesse ferido. Por acaso não fiquei ferido, estou bem!

Gostava de saber se desde  o dia 25 houve algum contacto do governo ou há alguma negociação?
 Temos o governo que existe. O governo da Frelimo é responsável por isto, embora tente desmentir. mas é uma pouca vergonha, porque todo o mundo vê, o povo moçambicano evoluiu muito, já não é o povo de 1975. hoje, com facebook, internet, as pessoas filmam; um miúdo qualquer filma o combate e põe na internet, nas redes sociais de todo o mundo. Respondendo à sua pergunta, sim, estamos em contacto. E há um grupo que nós criámos aí em Maputo. Está incluso o chefe do meu gabinete, o Mateus Augusto, outras pessoas que estão em contacto com o governo, assim como os mediadores, aqueles facilitadores grupo de Dom Dinis Sengulane, o Lourenço, Chembeze, Padre Couto, e vamos convidar também alguns jornalistas, como da Stv, para testemunharem a minha saída. Estou bem e preparado para continuar a trabalhar, é a missão que tenho. Ainda ontem, estavam a encher mais efectivos no interior de Gondola, saíam de Chimoio com mais viaturas, e isto fez com que, de facto, atrasasse mais, porque já havia um dia indicado em que eu poderia sair com mediadores, jornalistas e outros... Não é por ter medo, é bom que haja testemunhas a ver-me sair, porque também não sou um miúdo qualquer, sou uma pessoa que escapa à morte duas vezes em menos de 30 dias. Eu sou um ser humano, tenho direito à vida e preciso também que as pessoas sintam que algo estava para correr mal. mas por causa dos efectivos que andaram aqui das Forças Armadas, FADM, Intervenção Rápida, alguns escondidos nas esquinas, achei (melhor) dizer que não, vamos estudar outras vias, mas dentro em breve estarei na cidade, para continuarmos o nosso trabalho. Mas dentro em breve, Mandlate, dentro em breve, porque não há guerra, é uma coisa que você deve gravar e pôr em cheio, para os moçambicanos se sentirem tranquilizados. Eu não estou aqui no mato a planificar a guerra. Depois daquele ataque, para evitar o pior e tudo, e porque os meus membros podiam  enervar-se e começar a reagir de uma maneira descontrolada, decidi não continuar a viagem a Nampula ou a Beira e entrei no mato, isto é, sempre estrategicamente, para evitar o perigo. não é porque estava a fugir da morte, porque o combate começou às 11h00 e até às 18h00 e eu estava no sítio, tranquilamente, a comandar os nossos homens para contra-atacarem os das FADM, para capturar armas. Houve muitos mortos, nós perdemos um número de 14 pessoas, tanto motoristas como os meus seguranças, e eles perderam centenas. Embora estejam a esconder, havia alguns coronéis feridos da Frelimo, aí de Maputo mesmo. Mas, pronto, a responsabilidade é deles. Dentro em breve estarei aí, deixe as pessoas ouvirem a minha voz, é o Dhlakama que está a falar e disposto, como sempre. não estou no mato a fazer a guerra, isto podem tirar mesmo da cabeça, tirar mesmo. Se eu quisesse, Moçambique já estaria a arder, não há interesse nisso. A minha idade... já não sou jovem. Cresci na guerra, esta democracia dependeu de luta e de sacrifício. Sinto-me muito emocionado, já há liberdade de um povo, já há parlamento a funcionar, existe investimentos, já há economia de mercado, já há partidos novos, a pena da morte acabou, as aldeias comunais acabaram, guias de marcha acabaram, campos de reeducação... tudo desapareceu, pelo menos há um bocado de liberdade de imprensa. Isto deveu-se também ao sacrifício da minha juventude. Portanto, Mandlate, eu quero dizer-te: não tenho intenção de me vingar desses ataques, claro que tenho que ser prudente, sou um ser humano, tenho família, tenho filhos, os meus filhos, por eu estar no mato, ligam todos os dias a chorar. Mas eu não sou escravo da Frelimo. Quero garantir que eu, entanto que Dhlakama, embora seja líder da rebeldia moçambicana e de tudo, não vou vingar-me com guerra, mas com a luta pacífica, com discursos, comícios, diálogo, palestras e tudo. Entanto que um líder, eu vou continuar, porque é preciso que Moçambique continue a ter um homem como Dhlakama.

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