11 de Fevereiro de 2015, 22:32
Maputo, 11 fev (Lusa) - A proposta de autonomia da Renamo para o centro e norte de Moçambique prevê várias regiões e não apenas uma, esclareceu hoje António Muchanga, porta-voz do partido de oposição, que hoje terminou o boicote ao parlamento.
Cerca de 70 deputados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), segundo o porta-voz e também deputado do maior partido da oposição moçambicana, foram hoje investidos na Assembleia da República (AR), depois de terem faltado à primeira sessão parlamentar, a 12 de janeiro, por considerarem que as eleições gerais de 15 de outubro foram fraudulentas.
Moçambique não tem regiões como divisões administrativas, por isso vai-se autonomizar as províncias", afirmou António Muchanga, falando aos jornalistas momentos após a sua investidura na capital moçambicana como deputado eleito pela província de Maputo, esclarecendo declarações anteriores do líder do partido, Afonso Dhlakama, que começou por exigir uma república autónoma no centro e norte do país, da qual seria presidente, e depois falou em região e regiões autónomas.
"Viemos para a AR porque houve aceitação das revindicações da Renamo e o partido vai organizar um projeto para autonomização das províncias", disse Muchanga, referindo-se ao anúncio de Dhlakama, na segunda-feira, após um encontro com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, de que a sua exigência será discutida na Assembleia da República.
A Renamo elegeu 89 dos 250 deputados na AR nas eleições gerais de 15 e outubro e o grupo de eleitos que não foram ainda investidos deverão chegar hoje à noite à capital moçambicana para assumir os seus lugares e participar na segunda sessão parlamentar, prevista para quinta-feira.
"Cá estamos, ao lado dos colegas da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] e do Movimento Democrático de Moçambique [MDM], vamos agilizar a criação deste instrumento, porque a população do centro e norte está à espera da autonomia das províncias", afirmou António Muchanga.
O fim do boicote da Renamo foi anunciado por Dhlakama no sábado, após a primeira reunião com Nyusi e confirmada dois dias mais tarde, implicando ainda os 294 eleitos pelo partido para as assembleias provinciais.
O líder da Renamo não reconhece os poderes políticos saídos das eleições gerais de 15 de outubro, alegando que foram fraudulentas, e começou por exigir um governo de gestão, envolvendo as forças minoritárias, que o Governo e a Frelimo recusaram.
As reuniões entre os dois líderes representam uma diminuição da temperatura política e da radicalização do discurso de Dhlakama, que descrevia Nyusi como um "miúdo" e "um ladrão de votos" e avisava para o perigo de uma vaga de violência, caso o Governo não acatasse as suas exigências.
Lusa
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