Tuesday 22 October 2013

Ex-número dois da Renamo diz que Dhlakama poderá contra-atacar



O ex-número dois da Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, Raul Domingos, disse hoje que o país vive uma situação de "guerra não declarada", considerando que Afonso Dhlakama poderá contra-atacar à incursão do exército à sua residência
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Afonso Dhlakama e um grupo de antigos guerrilheiros do partido por si liderado, Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), o principal do país, estão em lugar incerto, após serem desalojados por uma ofensiva do exército moçambicano de uma antiga base do movimento, no centro do país.
Afonso Dhlakama havia-se instalado na referida base, em Sandjunjira, na província de Sofala, há mais de um ano, em protesto contra a alegada ditadura da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Em declarações à Lusa, Raul Domingos, expulso da Renamo, na sequência das eleições gerais de 1999, disse que Moçambique vive "uma situação de guerra não declarada", pois o Governo está a recorrer às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) e poderá desencadear uma reação armada da Renamo.
"Lamentavelmente, vivemos uma situação de guerra não declarada, pois o Governo está a usar as FADM, que, pela Constituição, só são convocadas a intervir em caso de guerra", afirmou Raul Domingos.
Raul Domingos, que chefiou a delegação da Renamo às negociações de paz com a Frelimo, em Roma, em 1992, tendo então como interlocutor o atual Presidente moçambicano, Armando Guebuza, é agora presidente do Partido para a Paz, Democracia e Desenvolvimento (PDD), formação sem assento parlamentar.
"Atrevo-me a dizer que conheço muito bem Afonso Dhlakama: alguém que, quando é atacado, como o fizeram na sua casa, que eu nem chamo base, mas casa, se sente obrigado a atacar", afirmou Raul Domingos.
O ex-número dois da Renamo enfatizou que o Governo e a Renamo devem voltar à mesa do diálogo para ultrapassar as suas divergências e permitir que o país volte à normalidade.
Moçambique vive a sua pior crise política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz (AGP) em 1992, após o exército moçambicano ter desalojado na segunda-feira o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, Afonso Dhlakama, da base onde se encontrava aquartelado há mais de um ano, no centro do país.
Afonso Dhlakama e o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, fugiram para local incerto, enquanto as forças de defesa e segurança moçambicanas mantém a ocupação da residência do líder do movimento, em Sandjunjira, na província de Sofala, e o partido denunciou o acordo de paz assinado em 1992 com a Frelimo.
Entretanto, homens armados da Renamo ocuparam hoje e assumiram o controlo da vila de Maríngué, na Gorongosa, constatou a Lusa no local.
Em junho último, elementos da Renamo levaram a cabo ataques contra autocarros e camiões na região de Machanga, também no centro de Moçambique, que se saldaram em pelo menos três mortos e seis feridos e que levou o exército a fazer escoltas militares na principal estrada da região.
O partido de Dhlakama reivindicou ainda a morte de 36 militares e polícias das forças de defesa e segurança moçambicanas, a 10 e 11 de agosto, numa "ação de autodefesa", no centro do país, e o líder da Renamo já tinha condicionado as negociações com o Presidente Armando Guebuza à retirada do exército da serra da Gorongosa.
Lusa

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