A África do Sul sempre foi um destino desejado para os que pretendem emigrar, é um facto que a pujança económica deste país se deve em grande parte ao esforço e dedicação dos imigrantes provenientes das mais diversas latitudes. Desde que foi alcançada a democracia, é notório o aumento paulatino de estrangeiros oriundos do continente africano, mas nos últimos anos esse fluxo migratório tornou-se numa verdadeira avalanche. À volta das grandes cidades os bairros da lata crescem cada vez mais, é para lá que diariamente vão parar milhares de pessoas que travam uma luta titânica pela sobrevivência.
Apesar de a África do Sul ser um país relativamente estável e próspero, os efeitos da crise económica são bem evidentes. O desemprego tomou proporções endémicas, é um cancro que ameaça o tecido da sociedade sul-africana. O Governo é acusado de não cumprir as promessas de uma vida melhor para todos e os pobres sentem-se desiludidos e abandonados pois a democracia trouxe a liberdade mas não conseguiu providenciar as necessidades básicas de muitos milhões de pessoas.
Dois factores contribuiram para o aumento de imigrantes na África do Sul: a abolição dos vistos de entrada e a situação no Zimbabwe. A abolição dos vistos de entrada foi um risco calculado, é uma porta aberta para a vinda de estrangeiros e corre-se o risco de se estar a internacionalizar o crime, os oriundos dos países vizinhos entram e saem sem problemas e muitos entram como visitantes e acabam por ficar, caindo numa situação de ilegalidade. Quando se fala de integração, a consequência imediata é a abertura das fronteiras, isso passa-se por exemplo na Europa onde praticamente não há fronteiras. O problema na África do Sul é que não existe uma polítca coerente para os imigrantes e refugiados, as fronteiras não são vigiadas e os níveis de corrupção são muito elevados.
A situação dos zimbabweanos é dramática pois deve-se inteiramente à incapacidade e insensibilidade dos politicos. O Zimbabwe é potencialmente um país rico e encontra-se no caos devido às acções lunáticas de um ditador sanguinário e ao silêncio cúmplice dos líderes da região. As coisas certamente teriam sido diferentes para esta região se Mbeki e Zuma tivessem dado ouvidos aos avisos proferidos há vários anos numa reunião da Commonwealth em Durban!
Não se sabe ao certo quantos zimbabweanos terão chegado à África do Sul nos últimos tempos, mas fala-se em mais de três milhões e se acrescentarmos os provenientes de outras paragens estaremos a falar em mais de quatro milhões de pessoas que aqui procuram uma vida nova. A verdade é que poucos países poderiam acomodar harmoniosamente um afluxo desta magnitude num curto espaço de tempo e as consequências são a constante luta pelos escassos recursos , os serviços sociais têm problemas e procurar emprego num mercado de trabalho deprimido é extremamente difícil.
O Governo de Thabo Mbeki tem-se distinguido em negar e ignorar problemas, foi assim com o Sida, com o crime, com a corrupção, etc., e tem sido assim com o Zimbabwe. Estes políticos vivem na ilusão de que fingindo que está tudo bem talvez os problemas possam desaparecer, puro sindroma de avestruz. Os politicos usam muito este estratagema para encobrirem a sua incompetência e no caso dos zimbabweanos é lógico que se não há crise no Zimbabwe então não é verdade que os zimbabweanos estejam a fugir do paraíso de Mugabe e sendo assim também não há refugiados.
Ao finalizar esta segunda parte quero deixar bem claro que esta violência xenófoba deve-se a uma combinação de diversos factores, mas tem muito a ver com a crise no Zimbabwe e com a incompetência e irresponsabilidade do Governo.
( Continua)
2 comments:
Sim senhor, estou a gostar da sua forma de ver as coisas. Ide em frente!
Vou ter de meditar e por as ideias em ordem.
Bom fim-de-semana para ti!
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