Tuesday 13 December 2016

Sociedade civil moçambicana propõe conferência nacional de paz



O Painel de Monitoria do Diálogo Político (PMDP), que integra personalidades de organizações não-governamentais moçambicanas, defendeu hoje a realização de uma conferência nacional de paz em Moçambique e exige a cessação imediata das hostilidades militares.
"Parar com a guerra deve ser uma prioridade. Este é um sentimento unânime", declarou Roberto Tibana, um dos membros da PMDP, durante a apresentação da proposta da Conferência Nacional sobre Paz, Reconciliação e Desenvolvimento em Maputo.
Além de reiterar a necessidade de se estender o diálogo para outros atores políticos, em especial a sociedade civil, o documento apresentado hoje pelo PMDP propõe que se acionem os órgãos internacionais dos quais Moçambique faz parte para a criação de uma clima de segurança entre o Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), como forma de garantir condições para um cessar-fogo.
"Moçambique é um país membro da comunidade internacional e as organizações internacionais têm deveres para com o país", afirmou Roberto Tibana, alertando para as consequências de "se deixar as coisas até à implosão".
A proposta do PMDP, que resulta de uma audição feita um pouco por todo país, insiste ainda na necessidade de despartidarização das Forças de Defesa e Segurança e do exército, um ponto que faz parte da agenda do atual processo negocial entre o Governo moçambicano e o principal partido de oposição.
"É preciso definir princípios para a gestão das Forças Armadas, de tal forma que se defendam os interesses da nação e não partidários", observou Roberto Tibana.
De acordo com Tibana, as pessoas ouvidas durante este processo associam as dívidas ocultas, contraídas entre 2013 e 2014 e que totalizam mais de dois mil milhões de dólares, ao conflito político e militar e exigem que o resultado da auditoria internacional em curso seja publicado.
"Os moçambicanos querem a responsabilização das pessoas envolvidas neste processo", concluiu o economista, que lembra que há uma forte relação entre a gestão económica e o conflito político num país.
A proposta de um encontro nacional para refletir sobre a paz, reconciliação e desenvolvimento surgiu no âmbito da conferência Pensar Moçambique, organizada pelo Parlamento Juvenil, em julho.
O encontro culminou com a emissão de quatro cartas, destinadas ao Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, ao líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e aos chefes das delegações das duas partes nas negociações, Jacinto Veloso, do Governo, e José Manteigas, do maior partido de oposição, exigindo a participação da sociedade civil no diálogo em curso.
A região centro de Moçambique tem sido palco de confrontos entre o braço armado do principal partido de oposição e as Forças de Defesa e Segurança, além de denúncias mútuas de raptos e assassínios de dirigentes políticos das duas partes.
A Renamo acusa a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) de ter viciado as eleições de 2014, que deram vitória ao partido no poder há mais de 40 anos, e exige governar em seis províncias onde reivindica vitória.
As autoridades moçambicanas têm responsabilizado a Renamo por várias ataques a alvos civis nas principais estradas do centro do país, onde a circulação está condicionada a escoltas militares obrigatórias




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