Thursday 22 December 2016

Dhlakama diz que “não é fácil” garantir que não haverá ataques durante o Natal

"Não é fácil afirmar que não haverá ataques [durante a quadra natalícia]. Eu gostaria que isso não acontecesse, mas isso não depende só de uma das partes", afirmou Dhlakama, em entrevista ao diário O País, divulgada hoje.

A Renamo, prosseguiu o líder do principal partido de oposição, não pode garantir que não será alvo de ataques das Forças de Defesa e Segurança (FDS), o que torna inviável um compromisso de tréguas unilateral.
O líder da Renamo assumiu a recente série de ataques atribuídos pelas autoridades moçambicanas ao abraço armado do movimento, incluindo a uma cadeia de onde se evadiram 48 reclusos, justificando a acção com a legítima defesa.
"Faz parte da defesa. Sabe que todos os dias somos atacados aqui [serra da Gorongosa, centro do país]. No dia 6, uma das bases [da Renamo] foi atacada, e houve incursões para fazer uma ofensiva de grande envergadura contra a serra da Gorongosa", acrescentou Afonso Dhlakama.
O líder da Renamo disse que a proposta do Governo de excluir os mediadores internacionais de uma comissão especializada criada para discutir questões sobre a descentralização da paz emperrou as negociações de paz entre o Governo e Renamo e inviabilizou a possibilidade de uma trégua.
"Nós olhamos isso com desconfiança, porque isso aparece depois de os mediadores terem ajudado e trabalhado com a Frelimo e a Renamo, sendo que as coisas estão maduras e há esta proposta de afastá-los?", questionou o líder da Renamo.
Noutra entrevista, publicada Quarta-feira pelo semanário Canal de Moçambique, o presidente da Renamo acusou a Frelimo, partido no poder, de pretender levar a força de oposição a perder a cabeça e a agir no desespero, ao promover assassínios políticos.
"[A Frelimo) quer levar a Renamo a perder a cabeça e agir no desespero. Que a Renamo diga que isto é brincadeira e que nós já não queremos mais", afirmou o líder da Renamo.
O líder do principal partido de oposição declarou que a Frelimo não quer as negociações de paz, acusando o partido no poder de ser responsável pelo homicídio em Outubro de Jeremias Pondeca, negociador da Renamo no actual processo de paz.
"Por isso mesmo, quando assassinaram Jeremias Pondeca, todo o mundo ficou com medo de que [Afonso] Dhlakama poderia romper as negociações, mas fiz declarações à imprensa a dizer que não, embora tenha acontecido isso", afirmou o dirigente da Renamo.
Reiterando a acusação de que a Frelimo não está a ser séria no processo negocial, Afonso Dhlakama assinalou que a alternativa é continuar o diálogo político e que essa é a via para vingar Jeremias Pondeca.
O centro e Norte de Moçambique estão a ser assolados pela violência militar, na sequência da recusa da Renamo em aceitar os resultados das eleições gerais de 2014, considerando que a Frelimo viciou o escrutínio para se manter no poder.
Os trabalhos da comissão mista das delegações do Governo e da Renamo pararam na semana passada sem acordo sobre o pacote de descentralização exigido pela Renamo para cessar a crise política e militar em Moçambique e os mediadores abandonaram Maputo, referindo que só regressarão se forem convocados pelas partes.


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