Monday 17 October 2016

O que mais resta acontecer?

O que se pode esperar do futuro de Moçambique? Pelo andar da carruagem a resposta é para já negativa. Ou seja, excessivamente nada. Aliás, os últimos acontecimentos no país são paradigmáticos de que Moçambique continua a ir a pique, devido à imprudência de um bando de improdutivos e corruptos que insiste em manter-se no poder desde a independência.
Moçambique é, presentemente, assolado por situações que o fazem dele um dos piores países do mundo para se viver. Prossegue uma guerra civil, assiste-se ao extermínio pelo esquadrão da morte de indivíduos ligados aos partidos da oposição, para além das dívidas ilegalmente avalizadas pelo Estado moçambicano. Todos esses factores, que na verdade são reflexo da má governação que nos é imposta pela Frelimo, empurra o futuro dos moçambicanos para o pântano da incerteza.
O que está a ser feito para mudar a situação? De certeza nada de novo. Nada que relance a esperança de mudança e um futuro diferente. Na verdade, com o desenrolar dos últimos acontecimentos, especialmente o assassinato do Conselheiro do Estado e membro da Renamo, Jeremias Pondeca, e a descoberta de nova dívida contraída com o aval do Estado moçambicano, fica claro que a situação vai piorar mais do que já está.
O mais caricato é o facto de, com direito à holofotes, o Governo da Frelimo continuar a gabar-se da sua inércia intelectual, e viver à margem da realidade. Aliás, essa apatia tem outra justificação, ou seja, representa uma falta de consideração com os moçambicanos que dia e noite sentem na pele a dor da crise financeira e do conflito armado.
É, sem dúvidas, importante que se diga que não se pode esperar outra coisa quando um partido vive maritalmente com o Estado, aliás tem como seus fiéis-servidores, na mão direita, o Grande Capital, media hegemónica e o Poder Religioso e, na mão esquerda, instituições do Estado e os seus respectivos súbditos.
Porém, o mais preocupante é que ninguém, em Moçambique, questiona a ostentação obscena em que vive um punhado de gente politicamente demente. Ninguém questiona até quando irão ouvir discursos estupidificantes e sem entranhas de verdade. Ninguém questiona as dívidas, nem as causas do conflito armado. Talvez por medo do esquadrão da morte. Talvez porque o povo foi habituado a escutar histórias moralistas, lendas, mitos, propagandas enganosas e a idolatrar a Frelimo de modo a garantir que não falte na sua mesa o pão-nosso de cada dia.



Editorial, A Verdade

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