Thursday 14 April 2016

“O Comité Central da Frelimo deve ser um espaço de legitimação de decisões”, defende

Politólogo reagia ao discurso inaugural de Filipe Nyusi





O país pode enfrentar, nos próximos 6 ou 12 meses, uma instabilidade social e económica de grande envergadura, que, inclusive, escape do controle do Governo, caso a 5ª Sessão Ordinária do Comité Central da Frelimo não funcione como um espaço de legitimação de decisões a serem tomadas pelo país em breve. Quem defende esta abordagem é o politólogo João Pereira. Para o académico, o Governo precisa do apoio do partido, pois assim ficará mais fácil Filipe Nyusi avançar com acções concretas para resolver os problemas dos moçambicanos, o que requer pensamento estratégico do partido.
“Durante muito tempo a Frelimo mostrou aos moçambicanos a capacidade que tem de antecipar os eventos, mas, nos últimos tempos, perdeu essa faculdade”, disse Pereira, sugerindo acções a serem desenvolvidas para que a situação dos moçambicanos melhore. “É preciso que a Frelimo comece a pensar qual é o tipo de descentralização que este país precisa. Depois disto, é preciso também antecipar futuras soluções para futuros problemas que o país possa enfrentar. Por exemplo, o problema económico de como distribuir a riqueza e o problema da exclusão, que deve ser resolvido para criar uma sociedade mais aglutinada”.
De acordo com o politólogo, o exercício de reflexão conjunta sempre fez parte dos pressupostos da Frelimo, mas o partido perdeu porque a crítica do partido diminuiu. Os membros, hoje, têm medo de falar. A Frelimo deve recuperar o sentido crítico interno. Se isso não acontecer, a crise social e económica vai agravar-se.
Quanto aos últimos assassinatos, algo que não escapou à atenção de Filipe Nyusi, Pereia afirma que o presidente já apercebeu-se da necessidade de dar um sinal claro ao nível do sistema de justiça e do Ministério do Interior, para pôr fim às acções promovidas por indivíduos desconhecidos. Caso contrário, será difícil criar um Estado de direito e ficar-se-á com a percepção da incapacidade do Governo em gerir o dia-a-dia do país. Mas o politólogo mostra-se meio séptico em relação ao sucesso da 5ª Sessão a esse respeito. “Não sei se partir deste Comité Central a Frelimo irá sair com medidas concretas no sentido de levar acabo um processo de paz efectiva em Moçambique, porque o país não está a precisar de remendas, mas de uma politica que reflicta seriamente sobre a natureza do sistema politico moçambicano”.
João Pereira falava em directo para Stv Notícias, num programa moderado por Boaventura Mucipo, minutos depois do discurso de Filipe Nyusi.
Neste momento, o Comité Central da Frelimo avalia o Relatório da Comissão Política.





O País

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