Tuesday 1 March 2016

Renamo disponível para negociar mas governação em seis províncias moçambicanas "é irreversível"



Maputo, 01 mar (Lusa) - A Renamo manifestou hoje a sua disponibilidade para negociar uma saída para a crise política em Moçambique, mas avisa que é irreversível a sua intenção de governar em seis províncias do país", segundo um comunicado enviado hoje à Lusa.
"A presidência da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] reitera a sua disponibilidade para negociar com o Governo da Frelimo [Frente de Libertação de Moçambique] uma solução definitiva para a atual crise político-militar, que já provocou milhares de refugiados", declara um comunicado do gabinete do líder da oposição, Afonso Dhlakama, no primeiro dia do mês em que o movimento ameaça tomar o poder no centro e norte do país.
A presidência do maior partido de oposição, prossegue o comunicado, "reafirma que o processo de implantação da governação da Renamo é irreversível e será implementado ainda este mês de março", acrescentando que pretende fazê-lo "de forma pacífica e em resposta aos apelos populares".
Ainda sobre a intenção de governar nas seis províncias (Niassa, Nampula, Zambézia, Tete, Manica e Sofala), o gabinete de Dhlakama refere-se a "uma movimentação de grandes contingentes das Forças Armadas de Defesa de Moçambique [FADM] e de armamento pesado do sul para o centro e norte do país", bem como à presença de instrutores militares norte-coreanos para formação das tropas governamentais.
Todas estas alegadas ações, afirma o comunicado, têm "o objetivo de inviabilizar o início da governação da Renamo a partir do mês de março", mas que o partido de oposição insiste que vai concretizar, "apesar das incursões militares, dos raptos e assassínios de membros da Renamo e da destruição de habitações e celeiros de cidadãos moçambicanos, principalmente nas províncias de Manica e Tete, perpetrada pelas FADM".
Esta é a pior crise em Moçambique desde o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, assinado a 05 de setembro de 2014 pelo ex-Presidente Armando Guebuza e o líder da Renamo, que não reconhece os resultados das últimas eleições gerais e pretende tomar o poder nas seis províncias onde reivindica vitória eleitoral.
Apesar de dois encontros entre o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, e Dhlakama no início de 2015, a violência política voltou a Moçambique e agravou-se nas últimas semanas, com acusações mútuas de ataques armados, raptos e assassínios.
Emboscadas atribuídas à Renamo na província de Sofala levaram as autoridades a montar dispositivos de escoltas militares obrigatórias a viaturas civis em dois troços da N1, a principal estrada do país.
A Renamo pediu recentemente a mediação do Presidente sul-africano, Jacob Zuma, e da Igreja Católica para o diálogo com o Governo e que se encontra bloqueado há vários meses.
O Presidente Filipe Nyusi tem reiterado a sua disponibilidade para se avistar com o líder da Renamo, mas Afonso Dhlakama, que se encontra numa das bases do movimento na Gorongosa, tem afirmado que só dialogará depois da tomada de poder, a partir de março, no centro e norte do país.

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