Wednesday 10 December 2008

Daviz Simango: voto de convicção dos beirenses

A reeleição de Daviz Simango para o edil da Beira, no pleito eleitoral autárquico de 19 de Novembro 2008, foi uma demonstração da convicção dos beirenses que sabem o que querem e não apenas vão às urnas para dizer sim proteccionista aos que clamam ter feito para agradecer a democracia. É um voto de convicção para o desenvolvimento da sua terra.
Mais do que munícipes de outras cidades e vilas, os beirenses, assistiram e viveram momentos tão conturbados no período que antecedeu às eleições, caracterizado por acusações infundadas proferidas por alguns membros da Frelimo e da Renamo, insatisfeitos com sucessos logrados.
A convicção dos beirenses ardia como línguas de fogo que acontecera com os discípulos de Jesus quando partiu deste mundo, não deixou abandonado o Mufana/Mpale à zombaria dos seus adversários, pelo contrario, mantiveram-se firme no que queriam e candidataram-no independente, porque viam nele a “Arca do Chiveve” que salvaria a Beira do dilúvio da má governação da Frelimo.
Simango escutou a voz alta do povo beirense tal como Moisés escutara a voz de Javé para salvar o povo de Deus (Israel) de Faraó no Egipto e, aceitou o desafio que lhe era imposto pelo afastamento dos seus colegiais da Renamo e com o júbilo apoio, povo hostilizado e privado de igual direito de ver ter erguido no solo de Chiveve um segundo Estádio Nacional de Futebol asseverou-o que seguia em frente.
O que acontecera, na Beira, cito apenas alguns exemplos como esses: na governação de Teixeira Majama, ex-professor de Educação Politica, na Escola Secundária Samora Machel, vimos Munhava nauseabundo e a cidade a afundar-se nos buracos. Volvidos alguns anos, a Frelimo indicou outro seu membro, Chivavice Muxangaje, que pagava salários a funcionários fantasmas com fundo do Município e Lourenço Bulha na presidência da Assembleia Municipal — órgão fiscalizador — a assistir o comboio a passar. Porquê não ajudou o seu colegial a fazer esse projecto?
Chegou a hora da campanha e vimos Lourenço Bulha — engravatado, perfilando nas avenidas e ruas, nos bairros, de casa em casa, acompanhado de seus colegas como general Alberto Chipande e o propagandista Edson Macuacua e, por vezes, reforçado pelo seu secretário-geral, Filipe Paúnde, gingando com carros luxuoso e banda musical de MC Roger, pensando que enganariam as crianças e jovens que cantam tão bem e até chega além de fronteiras — os Djakas.
Manuel Pereira, da Renamo, e Alfredo Filipe, da Igreja Evangélica, gastavam seu tempo falando do Mufana/Mpale do que apresentar os seus manifestos. Pereira foi a Nhangau para explicar as razões do afastamento de Simango da Renamo enquanto os exonerados vereadores o acusavam sem, no entanto, apresentar provas de desvio de fundos. Queriam matar o inocente e favorecer o poderoso.
Todas essas incoerências de Bulha, Pereira e seus partidos foram, no dia 19 de Novembro de 2008, penalizadas pelo voto da convicção dos beirenses, atribuído ao reeleito que marchava, incansavelmente, com a multidão, debaixo do sol escaldante, pedindo para não deixarem Beira recuar.
Os observadores internacionais e nacionais que embarcava comigo no dia 18, desembarcaram todos naquele voo nocturno da Linhas Aéreas de Moçambique na Beira porque, na verdade, iam testemunhar o verdadeiro pleito eleitoral autárquico jamais visto no País. Este batalhão de observadores assistiu cenas como cortes de energias e atrasos no processo de contagem até campanha a porta das urnas (como no Nhangau) para impedir que os beirenses exercessem o seu voto de convicção por um lado e por outro, para deixar de lado alguns boletins de votos e reduzir a vantagem de Simango.
Mas, os meus irmãos não vacilaram. Muitos mantiveram-se nas longas filas até altas horas da noite e os que estiveram nas mesas de votos não pestanejaram. Tudo para garantir que o voto de convicção vencesse e seja feita a vontade de Javé para a Beira tal como Ele fez para o povo Israel, há milhares anos antes de Cristo.
Simango foi verdadeiramente o escolhido pelo povo. Venceu e convenceu os seus adversários à administração Municipal e, sem duvida, muitos desafios lhe esperam neste mandato. Primeiro, terá que formar um governo municipal competente e zeloso que possa pôr abaixo quaisquer tentativas de sabotagem das bancadas de Assembleia Municipal e trazer seu eleitorado para sede do Juízo do seu desempenho.
Segundo, não terá que estar alheio à crise financeira mundial, facto que sera usado pelo governo central como argumento para não alocar fundos para a Autarquia. Assim, a Simango é-lhe esperado manter a qualidade do que foi feito e melhorar cada vez mais a vida dos munícipes, assegurando-lhe meio ambiente saudável para reduzir a prevalência de cólera e malária, vias de acesso transitáveis, melhores condições de trabalho nos mercados.
Terceiro, é realizar obras de investimentos na medida do possível que gerem mais contribuições para o erário público e engrandeça a imagem da cidade. O Estádio Nacional de Futebol a nós recusado, queremo-lo como estádio Municipal. Estamos cientes de quão oneroso será mas apostámos na sua sabedoria de gestão para o tê-lo.
A Beira é nossa e não de Simango, por isso, os desafios colocados são igualmente nossos.

( Mzimphaeka, em A Tribuna Fax de 08/12/08 )

4 comments:

Ximbitane said...

Ha gente que sabe o que quer, os beirenses mostraram isso

Nelson said...

Tenho orgulho dos beirenses.

Nelson said...
This comment has been removed by the author.
JOSÉ said...

Amigos Ximbi e Nelson, infelizmente não conheço a Beira, apenas passei por lá algumas vezes nos distantes anos 70, mas tenho uma enorme admiração pelos beirenses. Já no tempo colonial, os beirenses distinguiam-se pela união e irreverencia. O exemplo que nos deram nestas eleições é mesmo inspirador.
É legítimo ambicionar que este exemplo de maturidade política seja extensivo a outras cidades.