Monday 22 August 2016

"Talvez seja morto quando chegar". Etíope festeja medalha com gesto polémico





Feyisa Lilesa não se conteve. Depois de cruzar a meta da maratona "lutou" pelo seu povo, de braços cruzados.

O momento era de festa. Fevisa Lilesa ficou em segundo lugar na prova masculina de maratona. Com a medalha de prata conquistada, o atleta não resistiu e cruzou a meta com os braços cruzados e juntos à cabeça.
Mais tarde, Feyisa Lilesa explicou o motivo deste gesto. Deixou quem o ouvia num estado de perplexidade.

O atleta etíope referiu que os braços cruzados e levantados, junto ao rosto "é um sinal de apoio aos manifestantes do meu país que foram mortos pelo governo", começou por dizer. "Eles faziam o mesmo sinal. Queria mostrar que não estou de acordo com o que está a acontecer. Tenho amigos e familiares presos. O governo está a matar o meu povo, os Oromos, que não tem recursos", acrescentou.A tribo Oromo, historicamente marginalizada pelo Governo, revoltou-se por temendo perder as terras. Uma revolta travada pelo executivo. A organização Human Rights Watch diz que já morreram por esta causa cerca de 400 pessoas às mãos das forças de segurança.E agora? O que pode acontecer? Nem Feyisa Lilesa sabe, mas admite que algo de mal pode acontecer. Sem meias palavras declarou que "Talvez seja morto quando chegar, ou então preso. Também posso ser detido no aeroporto ou forçado a mudar de país. Como não tenho outro visto... talvez fique aqui", concluiu."Em 9 meses mais de mil pessoas morreram. Outras foram acusadas de traição. É uma situação muito perigosa para o nosso povo. A minha mãe, o meu pai e os meus irmãos não foram presos, mas outras pessoas sim. Não podes falar lá. Não podes falar com outras pessoas sobre política... Nada. Tudo o que escreveres tem de ser a favor do Governo", acrescenta o maratonista etíope.
O maratonista confessou que gostaria de ir para os Estados Unidos da América. No entanto, e para já, talvez não saia mesmo do Brasil. A mulher e os quatro filhos estão em Tóquio, onde Fevisa treina, mas a restante família continua na Etiópia e Lilesa teme por eles.

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