A Primeira-ministra, Luísa Diogo, e o ministro do Interior, José Pacheco, haviam prometido, alguns meses antes do fim do ano, que até Dezembro, mês em que estavam previstas as eleições provinciais, que a paz voltaria às cidades de Maputo e Matola. Tal declaração foi entendida como sendo propaganda, uma forma de transmitir confiança aos eleitores para votarem no partido governamental. O Governo pode neutralizar os criminosos, porém, não o faz porque espera momentos eleitorais, para tirar dividendos.
O combate à criminalidade é uma missão difícil que, só, pode ser executadapor pessoas motivadas e dirigidas por um comando estratégico esclarecido. Não temos motivos para duvidar das capacidades do titular do Ministério do Interior, MINT. Pode ser que seja um bom técnico da agricultura. Em nós, suscita imensas dúvidas quanto às capacidades de Pacheco na direcção da Polícia.
Vemos o seu vice-ministro, José Mandra, mais ocupado em organizar a segurança pública enquanto o chefe anda a mobilizar o povo para aderir o seu partido. Quando sai às províncias, fica-se na dúvida se vai em missão do partido ou do Estado. Não é por acaso que a criminalidade voltou a ocupar às cidades, não apenas em Maputo, mas em todo o País.
Quando o povo invade esquadras e faz justiça pelas suas mãos, é sinal de ausência de autoridade e falta de confiança. A revolta do Chimoio, a 23 de Fevereiro de 2008, deveu-se à manifesta incapacidade da Polícia em combater os criminosos. Os comícios não enchem a barriga. Os dirigentes têm que trabalhar mais, se quiserem granjear respeito do cidadão.
Vemo-lo, sempre, em lides políticas. Ora em Manica, ora em Sofala, a engatar membros para o seu partido, esquecendo-se da sua missão que é de organizar a Polícia para defender oscidadãos, seus bens e instituições. Um comandante fraco torna um exército
forte em fraco, dizem as enciclopédias militares. Este é o caso típico de Pacheco que teve o único sinal louvável o facto de entregar à Procuradoria o processo dos 200 milhões sumidos no tempo de Almerino Manhenje.
Os levantamentos de Fevereiro, em Maputo, revelaram as fraquezas da Polícia. A corporação policial demonstrou que não está preparada nem equipada para enfrentar uma revolta popular de pequena monta. O Presidente da República que tem demonstrado grande preocupação em relação ao sector da agricultura, deveria ter a mesma inquietação quanto à tranquilidade e ordem públicas, substituindo Pacheco por outro dirigente à altura das exigências da segurança que o País requer.
Pacheco tem mais vocação para comissário político que pela gestão do Ministério sob sua direcção, pelo qual tem um grande salário, faz-se transportar em Mercedes Benz de luxo e rodeado de altas mordomias. Querendo, pode continuar fazer política, porém, teria que pedir demissão efectiva. Não vale burlar a opinião
pública. Os comissários políticos não são pagos, directamente, pelo Estado.
( O autor deste artigo é Edwin Hounnou, retirado, com a devida vénia, do “A TribunaFax”, de 03/03/08 ).
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