Monday 16 February 2009

Chale vence, a democracia perde!

Em democracia há vencedores e vencidos mas a vida prossegue normalmente porque o importante mesmo é que a vontade do povo seja cumprida. Em Moçambique nem sempre é assim, frequentemente os resultados são manipulados a favor da Frelimo. Nas recentes eleições em Nacala há indícios de irregularidades que beneficiaram o candidato da Frelimo. O que torna esta fraude ainda mais grave, é que se sabe quem foram os autores das irregularidades, mas todos fecham os olhos e os prevaricadores continuam em liberdade como se nada tivesse acontecido.
Para além de a fraude ser sempre um crime, a vontade do Povo é atraiçoada e a imagem do País fica manchada. A longo prazo, as fraudes prejudicam a Frelimo, pois fica sempre a dúvida se os seus candidatos, mesmo aqueles com qualidade, se vencem honestamente ou fraudulentamente. Não interessa ao País que a CNE e STAE sejam desacreditadas e manipuladas pela Frelimo. O único meio de combater este cancro é denunciar e castigar severamente todos os que cometem ilegalidades nos processos eleitorais.
Em ano de eleições, é preocupante constatar que a Frelimo continua a apostar em campanhas sujas e na fraude eleitoral!

20 comments:

Júlio Mutisse said...
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Júlio Mutisse said...

Meu caro, houve fraude ou há indícios de que houve fraude? Pode não parecer, mas dizer que houve fraude, não é o mesmo que dizer que há indícios (que quando investigados e provados podem levar à certeza da existência) de fraude.

V.Excia trata as duas coisas indistintamente, o que leva a certas contradições.

Num momento diz: "Nas recentes eleições em Nacala há indícios de irregularidades que beneficiaram o candidato da Frelimo." Logo a seguir, exactamente a seguir, abandona este "conservadorismo" e já não fala de indícios mas da fraude em si, nos seguintes termos: "O que torna esta fraude ainda mais grave, é que se sabe quem foram os autores das irregularidades, mas todos fecham os olhos e os prevaricadores continuam em liberdade como se nada tivesse acontecido."

Em que é que ficamos José? Há fraude ou indícios de que houve fraude? Antes desse vacticínio, custa esperar pelo CC e pelo pronunciamento da CNE?

Mais, e se calhar pior, já imputa à FRELIMO a fraude que num momento é indício e noutro já é a própria fraude.

Apesar de ao que dizem, os indícios de fraude beneficiarem a FRELIMO pode o senhor afirmar com certeza que "é preocupante constatar que a Frelimo continua a apostar em campanhas sujas e na fraude eleitoral"?

Desculpa, por defeito de formação tenho que ser prudente com as minhas afirmações e acho que as pessoas, no geral, devem sê-lo.

A sua sentença me parece precipitada e faltam dados para tão tamanha severidade.

Anonymous said...

Sr. J. Mutisse, faca o favor de ler o blog do "Reflectindo", entao podera compreender melhor as manobras da Frelimo para vencer as eleicoes. A CNE e a STAE sempre foram controladas pela Frelimo, diria ate, pertenca deles. Como sera possivel que os votos invalidos ou anulados, sao sempre os que favorecem a Renamo? E leu o que aconteceu em Nacala-Porto onde foram detidos deputados da AR apesar da imunidade de que usufruiem, mas isso aconteceu simplesmente por pertencerem a outra ala? Desconfio que o Sr. pertence a Frelimo, mas isso e opcao sua, que respeito, so que nao implica que nos queira deitar areia nos olhos,pois o maior cego e o que nao quer mesmo ver. A Frelimo sempre teve as suas manobras sujas, todos sabemos, e o 'leopardo nunca muda as suas manchas'. Acha mesmo que irao investigar a fraude eleitoral? E quem estaria por detras dessa comissao? Os membros da Frelimo, assim como os veteranos, sofrem de tratamento especial, podem cometer as maiores atrocidades que serao sempre os eternos 'intocaveis'. Em Mocambique existem varias leis, que ate poderiam funcionar, mas aplicam-se de forma diferente dependendo de quem nos esteja apadrinhando. Maria Helena

Anonymous said...

Temos de estar atentos as manobras do inimigo. Os Beirenses podem ensinar-nos uma licao nesse aspecto. Sigamos o seu exemplo. A Frelimo tambem cometeu fraude na Beira, mas D. Simango venceu com uma grande maioria, ali eles nao tiveram hipotese... Maria Helena

Anonymous said...

se conseguiram prender os deputados da Renamo, porque e' que nao faz o mesmo com os indiciados na invalidacao de votos eleitorais?

Anonymous said...

Resposta ao anonimo/a: essa e uma boa pergunta! Quem ira prende-los? Se o partido no poder e que esta perpretando estas fraudes? Acha que eles vao prender os seus comparsas que estao agindo a mando deles? Maria Helena

Reflectindo said...

Caro amigo Júlio

Olhando para o artigo de AWEPA, este, será mesmo que há algo de contradição no que o José escreve? Não sei se em linguagem jurídica, mas em corrente há indícios e fraude provada em Nacala. Para o caso do Amido Fernando há até testemunhas.

Eu não vejo nenhuma contradição e acima de tudo há factos nas eleições passadas que reforçam isto que se passou em Nacala.

Vejamos uma coisa será que a fraude eleitoral e a tomada de medida contra os eventuais infractores cabe unicamente ao Conselho Constitucional? A questão e tu sabes é que se Amido Fernando fosse doutro lado estaria agora na cela sem esperar-se pelo CC. Temos muitos exemplos, não é?

Em Nampula, nas eleições de 1999 apanhou um boletim de voto numa caixa de lixo e um delegado da mesa da Renamo, o sr. Verde, desconfiou-se e foi logo levado a cadeia. Acusados por violência na campanha eleitoral de 2004, lembro-me que membros da Renamo em Manica foram julgados condenados.

Ao contrário, temos o Albuquerque da Beira que desde 2003 goza a liberdade. Em 2004 em Tete e Niassa encheram-se votos nas urnas a ponto de participação ultrapassar 100 %. Alguém respondeu por isso, mesmo sabendo que há presidentes das mesas?

Porquê não ser um jogo da Frelimo? Porquê a Frelimo nunca se distância de tais actos já estes podem pôr em causa a nossa estabilidade política? Isso para não falar da violação da lei eleitoral que mesmo eu não passei pela faculdade de direito vejo e aponto. Já registei muito disso e com fotografias no Reflectindo. Penso que é preciso não tolerarmos mais a artimanha da Frelimo se queremos eleições justas, livres e transparentes. A Frelimo não precisava de fazer aquilo ali a uma Renamo muito débil. É mesmo uma manha. Em Nacala, mesmo a Renamo já se via convidada a violar claramente a lei eleitoral porque é o que o seu asdversário estava a fazer, o que a ser assim nas próximas eleições gerais a estabilidade política estará em risco.

Eu também digo que este tipo de manha estraga a festa da vitória dos camaradas, porque fica-se a imaginar que a Frelimo nunca ganha sem recorrer fraudes. Mas também isto mancha o nosso processo eleitoral.

Abraço

JOSÉ said...

Ilustre Júlio Mutisse, tomei nota dos seus argumentos mas não retiro nem uma vírgula ao que escrevi. Reparo que está mais interessado em debater a terminologia que usei, do que em contestar as minhas alegações, num exercício fútil de Semânticas. Sendo assim, vou ser mais claro: em Nacala há indícios fortes que apontam para uma fraude que beneficiou o candidato da Frelimo. Não há contradição nenhuma!
Se tem problemas com a palavra FRAUDE, podemos ser criativos e tentar outros sinónimos: vigarice, trafulhice, falcatrua, tramóia, marosca, etc. Se hesita na escolha, proponho uma palavra bem moçambicana para explicar o que se passou em Nacala: CANGANHIÇA, perdoe-me se a grafia está incorrecta.
Posso esperar pelo CC e pela CNE, mas tenho muito mais confiança nos relatos das organizações idóneas e dos jornalistas sérios e corajosos.
Como mencionou a sua formação, sabendo que o ilustre Júlio é jurista, gostava de saber a sua opinião sobre as irregularidades cometidas pela Frelimo na campanha eleitoral e se considera aceitável que deputados e membros da Renamo sejam detidos levianamente enquanto os autores das CANGANHIÇAS nem sequer sejam interrogados!
Saudações fraternas!

JOSÉ said...

A Maria Helena fez aqui uma análise lúcida e exaustiva sobre as eleições e deixa um alerta importante: temos de estar atentos às manobras do inimigo. Nós estamos bem atentos! Obrigado pela sua preciosa contribuição!

JOSÉ said...

Anónimo (a), a sua pergunta faz sentido e seria óptimo que fosse um frelimista a responder.
Obrigado pela sua participação!

Júlio Mutisse said...

Obrigado a todos pelos vossos comentários.

Há certas coisas que me escuso de debater por não ter muitas bases como as referidas pela Sra. Maria Helena sobre a pertença da CNE e STAE à FRELIMO. Posso lhe assegurar que a imunidade dos deputados não é absoluta; se não teríamos cidadãos acima da Lei autorizados a fazer de tudo um pouco. Me parece mais preocupada com a detenção e não com as circunstâncias que ditaram tal detenção. São critérios.

Ser membro da FRELIMO (que sou de facto) não me inibe de debater os temas mais prementes da actualidade política nacional. Aliás é um sinal de cidadania fazê-lo.

Não recuso, nem afirmo que haja fraude. Se houver deve ser penalizada e os seus autores devidamente punidos. Ao contráro do José, julgo que a semântica é importante. E ao dizer "em Nacala há indícios fortes que apontam para uma fraude que beneficiou o candidato da Frelimo" o José colocou os pontos nos iis e resolveu a contradição que exisitia de facto no texto dele. Agora o importante, antes de pôr a caroça a frente dos bois e falar da própria fraude, é, como cidadãos conscientes (não sei se o José é cidadão moçambicano) e como pessoas interessadas noprocesso (isso o José parece ser) forçarmos que esses indícios sejam investigados e as conclusões trazidas a público.

Reflectindo,

Trazes questões importantes que mostram o seu lado incrédulo em relação às instituições que administram a justiça em Moçambique, principalmente pela parente franja partidarizada que o caracteriza. Ainda bem que haja quem fale sobre isso como fazes, espero, com bases para o afirmar. Esse é o papel de cidadãos conscientes participarem na resolução dos problemas que afligem a vida do Estado a cada momento. Denuncie Reflectindo mas faça o devidamente documentado sob o risco de tal denuncia ter o mesmo destino que muitas outras; não porque tal e tal sejam frelimos ou frelimizados mas porque a aplicação de penas depende de um conjunto de pressupostos de que nos esquecemos sempre que decidimos DENUNCIAR.

Se há indícios de fraude, quero crer que as pessoas certas, algumas das quais da minha geração (idade e formação) tratarão de confirmar e promover a devida penalização.

De qualquer forma não vi claramente resposta à questão que colocava nos termos da qual Apesar de ao que dizem, os indícios de fraude beneficiarem a FRELIMO pode o senhor afirmar com certeza que "é preocupante constatar que a Frelimo continua a apostar em campanhas sujas e na fraude eleitoral"?

Vemo-nos.

Mutisse.

PS: vamos debater ideias. Não importa se eu sou da FRELIMO ou do PANAOC nem se sou branco ou negro... parece há quem dê enfase a essas coisas.

Anonymous said...

Desculpe, Sr. Julio Mutisse, agora voce descarrilou mesmo, voce meteu mesmo agua... Quando escreveu no seu P.S. a afiliacao politica ou cor da pele - essa ofende mesmo muita gente. Sabe, eu acho que essa e uma arma que muita gente usa quando nao tem mais argumentos ou nao atinge o seu objectivo, ou e a cor da pele ou o estrato social/associacao politica. Muitos de nos estamos casados com pessoas de raca diferente da nossa, ou temos mistura de outras racas na nossa familia, ou ate pensamos de forma politica diferente. O que interessa a raca? O que e isso? Voce nao deveria de sentir isso na pele, se o sente, e porque consente que o facam, cabe a voce acabar com esse flagelo que lhe atinge pessoalmente. Penso que somos todos democratas, aceitamos opinioes diferentes da nossa, porque nao? Eu vejo pessoas, com sangue nas veias e com coracao, com valores morais, com sentido de etica, com um bom fundo, e tenho todas as cores na minha familia, tambem tenho amigos dos quatro cantos do mundo, a quem trato da mesma forma. O Sr. como advogado poderia ter arranjado outro argumento. Desculpe-me, o que voce escreveu em relacao ao meu comentario, nao me abalou a alma, mas ofendeu-me bastante com o seu PS. Maria Helena

JOSÉ said...

O Júlio, à falta de melhores argumentos, continua a insistir na lengalenga da contradição. Não há contradição nenhuma, trata-se apenas de perspecticas diferentes. Houve indícios e houve fraude. Quando é que o indício se torna fraude? Na perspectiva do Júlio, o indício torna-se fraude se o CC e CNE assim decidirem. Eu não vou por aí, eu sei pensar por mim e a evidência disponível é bem clara, houve mesmo fraude. Como a fraude prejudicou o candidato da Renamo, é evidente que o candidato da Frelimo foi benificiado. Elementar, né? O Júlio pode entreter-se com os jogos de palavras e com a Semântica, eu prefiro restringir-me aos factos.
O Júlio afirma que o facto de ser membro da Frelimo não o inibe de debater os temas prementes da actualidade nacional, essa postura é mesmo de louvar. Porém, não tenho qualquer registo de que o Júlio se tenha dedicado a debater os cancros que afligem o tecido da sociedade moçambicana: corrupção, partidarização da sociedade, tentativas de abafar a Oposição, abusos dos direitos humanos, interferência com o sistema judicial, descalabro nas forças policiais, irregularidades nas eleições e nas campanhas eleitorais, protecção à nomenclatura, tratamento das instituições estatais e dos seus funcionários como se fossem células partidárias, etc., etc.,.Será porque esses cancros são fomentados pela Frelimo?
O Júlio afirma que as fraudes devem ser investigadas e punidas. Mais, afirma que as pessoas da sua idade e formação tratarão de confirmar e promover a devida penalização. Vou acreditar no Júlio, mas nas ocasiões onde houve fraudes grosseiras, não me recordo de o Júlio e os seus comparsas se terem manifestado. Eu afirmo frequentemente, a reluctancia da Frelimo em se distanciar das manobras fraudulentas e da chicana política retira-lhe credibilidade, e é pena pois a Frelimo tem alguns membros válidos.
O Júlio tem dúvidas sobre a minha nacionalidade e introduz neste debate elementos raciais. Sem utilizar subterfúgios e jogos de palavras, o Júlio tem coragem para clarificar as suas insinuações? Sinceramente, fiquei muito desiludido com as suas descabidas diatribes!
Vou terminar com um pensamento de Lincoln:
" Pode-se enganar alguns do povo a todo o momento, e todo o povo algumas vezes, mas não se pode enganar todo o povo a todo o momento."
Saudações fraternas e amistosas!
Orgulhosamente democrata,
José

Júlio Mutisse said...

Senhora D. Maria Helena.

Desculpe se a ofendi. A intenção era mesmo chamar atenção a necessidade de debater ideias. A ênfase que dá à sua desconfiança ao meu frelimismo (assumido) pareceu-me que qualquer frelimista está desqualificado de entrar em qualquer debate que se quer sério.

Não importa se sou alto ou magro, frelimista ou da renamo, branco ou negro, o que importa é o que eu digo, não a minha filiação ou aparência física.

Infelizmente acho que a senhora é que está a meter água pegando o meu PS por um caminho que não tem absolutamente nada a ver.

O que queria atingir com o meu primeiro comentário consegui, com a resposta do José e isso é o mais importante. Mais do que isso até, quero que eu, o José e todos os interessados num país melhor façamos barrulho no sentido de que os indícios de fraude sejam investigados e nos apresentados os resultados.

Quanto ao resto não comento. LEIA BEM O MEU PS que o repito aqui por achar que nda tem de ofensivo: PS: vamos debater ideias. Não importa se eu sou da FRELIMO ou do PANAOC nem se sou branco ou negro... parece há quem dê enfase a essas coisas (a senhora Maria Helena é uma delas, principalmente quando diz: "Muitos de nos estamos casados com pessoas de raca diferente da nossa": o que importa a raça? a senhora casou com a pessoa repito e sublinho PESSOA que lhe preenche as medidas do seu amor; não se tem que dar ênfase que é de raça diferente. É o mesmo que defendo no debate de ideias. Esqueça que sou da FRELIMO e analise os méritos e deméritos da minha argumentação)

Júlio Mutisse said...

José,

Veja o seu perfil e me diga se me permite ter elementos conclusivos quanto à sua nacionalidade. Está no seu blog.

Estamos nos a desviar de elementos essenciais para outros marginais que nada têm a ver e completamente descontextualizados.

Que elemento racial introduzi? Como digo no meu comentário ao comentário da Sra. Maria Helena(?) o meu PS chama atenção a necessidade de debater ideias esquecendo outros elementos como filiação partidária, raça, origem or whatever...

Tenho confiança plena nos meus colegas espalhados por este país que em condições adversas, trabalham nas PGR's, Tribunais e outras instituições públicas garantindo até que continuemos a beneficiar de muitas das coisas de que beneficiamos. Se lhes chegar este processo acredito que serão competentes.

Ao contrário de muitos aqui, acho que tudo tem o seu tempo. Tem o tempo da constatação dos indícios e da sua comprovação. Isso requer um processo, investigação. Ainda bem que o assunto foi levantado cabe a nós moçambicanos e interessados promover que se investigue.

Meu caro José, cada um tem a sua maneira e postura no debate dos temas sobre este país. Há quem opte pela via incendiária, lançando os eu fel contra o Estado e seus representantes. Há quem opte por outras vias. Por visões diversas e por procurar ver as coisas de onde outros se recusam a ver. Isso pode ser nada para quem acha que o caminho certo é dizer mal, é ver gatos pretos em todos os lados. Há quem, como eu, trabalhar TODOS OS DIAS, na melhoria das instituições, acreditando que este país tem capacidade para ir mais adiante sem alinhar com aqueles que todos os dias só nos apresentam motivos para minar a nossa confiança com os nossos líderes (generalisável para África).

Portanto. Há coisas que de mim nunca verá.

Estou de corpo e alma no debate de ideias. Mas há coisas para as quais nunca virarei a cara.

Martin de Sousa said...

Júlio, terias poupado algum tempo se, nas suas duas respostas que precedem esta minha tivesses remetido ao parágrafo do seu 2º comentário que diz: "Não recuso, nem afirmo que haja fraude. Se houver deve ser penalizada e os seus autores devidamente punidos. Ao contráro do José, julgo que a semântica é importante. E ao dizer "em Nacala há indícios fortes que apontam para uma fraude que beneficiou o candidato da Frelimo" o José colocou os pontos nos iis e resolveu a contradição que exisitia de facto no texto dele. Agora o importante, antes de pôr a caroça a frente dos bois e falar da própria fraude, é, como cidadãos conscientes (não sei se o José é cidadão moçambicano) e como pessoas interessadas noprocesso (isso o José parece ser) forçarmos que esses indícios sejam investigados e as conclusões trazidas a público."

Há pessoas hiper sensíveis na blogosfera, deves moderar um pouco. O seu apelo à cidadania pode ser mal interpretado. Assumires que és membro da FRELIMO, em certos meios, te exclui do debate; apelar ao debate de ideias e esquecer aspectos marginais num PS é visto como ofença.

Debater ideias, para muitos, será destilar o veneno do catastrofismo e a ideia de que o país caminha para o abismo, a tal ponto que há quem sonhe e "gostaria de ver um Moçambique livre, democrático e próspero" por não acreditar que este o seja desde 1975, e não acreditar que no jogo democrático há quem perde e há quem ganha. Se o ganhador de hoje é o errado, que os moçambicanos conscientes se preparem e criem uma alternativa como me parecem empenhados os que a partir da Beira criam um movimento nacional que, quando me mostrar ter pernas para andar, é capaz de ter, não o apoio CONDICIONAL que dou agora, mas o meu apoio total.

Um abraço. Estou de volta à blogosfera.

Martin

JOSÉ said...

Júlio, o meu perfil é bem claro, sou moçambicano embora também seja cidadão do mundo. Não lhe posso revelar muitos pormenores sobre a minha vida pessoal, por vários motivos, mas quem me conhece, em Moçambique ou no estrangeiro, não tem dúvidas sobre a minha nacionalidade. A propósito, a minha nacionalidade acrescenta ou retira validade aos meus argumentos?
Sobre a questão racial, o Júlio afirmou que parece que há quem dê enfase a essas coisas. O Júlio não foi bem claro mas fica a ideia que se está a referir a mim, ao meu blog ou a quem o visita e isso é inaceitável e ofensivo. Fiquei ofendido pelos seguintes motivos:
1 - A luta contra o racismo tem sido uma constante da minha vida e essa postura causou-me vários dissabores.
2 - Faço parte de uma família multirracial onde o racismo tem tolerancia ZERO.
3 - O racismo e o tribalismo continuam bem vivos e de excelente saúde em Moçambique.
4 - Verifico que frequentemente, quando não há argumentos sólidos, e isto acontece em várias latitudes, certas pessoas não hesitam em usar a cartada racial para legitimarem os seus pontos de vista.
Júlio, posso estar errado mas detectei uma outra insinuação na sua missiva, e esta é mesmo pérfida e ofensiva. Ao referir-se à Maria Helena, o Júlio colocou um ponto de interrogação. No Reflectindo, um frelimista divertido que por vezes assina como Amorim, suspeita que o Reflectindo e a Maria Helena sejam a mesma pessoa. Será que o Júlio tem suspeitas sobre a identidade da Maria Helena? Fique bem claro, infelizmente eu não conheço a Maria Helena.
Esta troca de galhardetes não é edificante nem conduz a lado nenhum. Eu também sou a favor do debate de ideias, desde que haja respeito e tolerancia, aliás, a minha formação democrática não permite outra postura. Se quiser, podemos continuar esta conversa um dia, olhos nos olhos. Brevemente deverei passar por Maputo, é fácil trocarmos os nossos contactos.
Saudações democráticas, fraternas e amistosas,
José

JOSÉ said...

O Martin de Sousa não se pronuncia sobre a minha preocupação original, os tristes acontecimentos em Nacala, mas não se coíbe em fazer afirmações bizarras.
Quero ser bem claro, eu apelo ao exercício da cidadania e ao debate de ideias, a minha cultura democrática não me permite excluir ou rotular as pessoas de acordo com a sua cor partidária ou condição social.
Quanto ao PS do Júlio, o Martin está a deturpar os factos, os democratas não se ofendem com as ideias, o que ofendeu foi uma referencia que pode ser interpretada como ofensa racial. Costuma-se dizer que quem não se sente não é filho de boa gente. O Martin escreveu no seu blog que o Júlio foi trucidado por causa de um PS, isso é muito feio porque é uma mentira descarada.
Eu continuo a sonhar com um Moçambique livre, democrático e próspero, e não são os Martins deste mundo que me vão desviar desse sonho. Eu não tenho dúvidas que esse sonho é partilhado pela maioria dos moçambicanos.
Ao acreditar que Moçambique é livre, democrático e próspero desde 1975, o Martin está a brincar ou a delirar, a sua afirmação é uma aberração.
Para o Martin, a ditadura marxista, os fuzilamentos, as prisões arbitrárias, os campos de reeducação, o combate à religião, a lei do chicote, as guias de marcha, as bichas, o racionamento, o carapau e o repolho, as nacionalizações selvagens, a corrupção generalizada, a tentativa de silenciar a oposição, a partidarização da sociedade, a interferencia no sistema judicial, a protecção aos grandes, a desigualdade social, a fome e a pobreza absoluta, etc., etc., nada disto aconteceu em Moçambique desde 1975, deve ser fruto de uma imaginação fértil, ou talvez o Martin pense que estas anomalias são a prova de que Moçambique é um país livre, democrático e próspero. A propósito, o Acordo que a Renamo forçou a Frelimo a assinar não foi para acabar com o monopartidarismo?
O Martin revela que vai apoiar o MDM! Eu penso que faz muito mal, devia continuar a apoiar a Frelimo, afinal não foi a Frelimo que introduziu a liberdade, a democracia e a prosperidade em Moçambique? Se está tudo bem em Moçambique, não compreenco porque quer mudar, cheira a traição!
Para terminar, tomo a liberdade para deixar aqui um alerta muito sério: quem não tem cultura democrática não se vai sentir bem no MDM, é que este Partido vai mesmo lutar pela liberdade, democracia, prosperidade e justiça social, afinal os ideais com que eu continuo a sonhar. Quem te avisa, teu amigo é!
Saudações democráticas,
José

Júlio Mutisse said...

José,

Há mesmo um mal entendido. Atenção às coisas que enumero no meu PS. Pertença a um partido, cor da pele, depois reticências significando que poderia continuar com a enumeração e, o meu amigo foi se apegar à cor da pele???? Não era por ai. Peço lhe desculpas pelo transtorno nem queria atingir ninguém em especial.

Vim discutir aqui o que me parecia uma contradição e NÓS DOIS acho que ficamos claros quanto à conclusão disso.

mutisse@hotmail.com podemos nos comunicar por ai e, se me permitir poderei lhe pedir desculpas pessoalmente quando cá vier. A boa educação me obriga a desculpar-me de quem se ofende com o que digo, mesmo que o tenha feito sem intenção de ofender.

Dia 28 há o encontro dos bloggistas.

JOSÉ said...

Júlio, penso que houve mesmo um mal entendidido, mas para compreender bem a minha reacção terei de lhe explicar um dia porque sou sensível em questões de racismo e nacionalidade.
Penso que está tudo mais ou menos explicado, vamos esquecer este episódio, entre pessoas bem educadas não pode haver confusão, nem há necessidade de pedidos de desculpas.
Quanto à minha preocupação inicial, eu vou tentar acreditar no Júlio quando me garante que posso confiar no sistema judicial para lidar com as alegações de Nacala, mas não consigo disfarçar que tenho sentimentos negativos sobre esta situação.
Tinha planeado estar em Maputo neste fim-de-semana para o casamento de um familiar mas infelizmente não foi possível, é muito possível que estejamos aí em Abril. Certamente que nessa altura o irei contactar, se passar por estas bandas, não hesite em contactar-me.
Sei do encontro dos bloguistas, gostaria de estar aí, embora possivelmente não tenha pedalada para vocês, é uma boa iniciativa, espero que se divirtam e aproveitem para algum debate constructivo e sério. Fico esperando as notícias e se possível fotos desse encontro!
Abraço,
José