Saturday 17 September 2016

Chefe da bancada parlamentar da Renamo diz que apresentou queixa sobre alegado atentado à sua vida

A chefe da bancada parlamentar da Renamo, Ivone Soares, disse hoje à agência Lusa que apresentou queixa sobre a alegada tentativa de assassínio de que foi alvo, contrariando a polícia moçambicana, que declarou não ter recebido nenhuma queixa.

"Fui pessoalmente à polícia e com outras testemunhas apresentar queixa e na terça-feira estive na Procuradoria Provincial da Zambézia onde prestei declarações sobre o atentado", disse a líder parlamentar.
Na quinta-feira, a polícia moçambicana afirmou que não recebeu nenhuma queixa sobre a alegada tentativa de assassínio da chefe da bancada da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido de oposição, adiantando que não foi iniciada nenhuma investigação oficial.
"Não recebemos nenhuma queixa e, por isso, não há nenhuma investigação em curso", disse à Lusa Ernesto Serrote, chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM) na Zambézia, no centro do país.
Na quarta-feira, o principal partido de oposição em Moçambique denunciou em Maputo uma alegada tentativa de assassínio da chefe da sua bancada na Assembleia da República, Ivone Soares, no dia 8 de setembro na cidade de Quelimane, acusando o regime de estar por detrás da suposta tentativa de homicídio.
Segundo uma nota lida por Juliano Ricardo, deputado do partido, um homem que seguia numa motorizada terá tentado disparar sobre Ivone Soares na viatura em que a mesma era transportada, acompanhada por dezenas de quadros e militantes da Renamo, a poucos quilómetros do aeroporto de Quelimane, centro de Moçambique, mas a arma, de tipo AK-47, encravou.
De acordo com o chefe das Relações Públicas da PRM na Zambézia, as autoridades só souberam do incidente a partir dos órgãos de comunicação social e, até que a Renamo apresente uma queixa oficial, não há condições para a abertura de um processo.
"Não temos bases para abrir um processo. É necessário que haja uma queixa para o efeito", reiterou Ernesto Serrote.
Para a Renamo, o suposto atentado contra Ivone Soares é obra de esquadrões de morte e enquadra-se numa campanha de obstrução da atividade da oposição e em nada contribui para a paz e reconciliação em Moçambique.
"A bancada parlamentar da Renamo exorta a comunidade internacional para que continue atenta às tentativas do regime de silenciar a voz do povo e de pôr fim à democracia em Moçambique", refere o comunicado.
A Renamo e a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, tem-se acusado de assassínios políticos no contexto da atual crise política e militar no país.
Em janeiro deste ano, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, foi alvejado a tiro na cidade da Beira, centro do país, mas sobreviveu ao ataque e no ano passado, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, escapou ileso a dois ataques à sua comitiva no centro do país, acabando por se refugiar, supostamente, na Serra da Gorongosa, onde diz que se encontra atualmente.
Vários dirigentes de nível local da Frelimo também têm aparecido mortos em ações que o Governo atribuiu ao braço armado da Renamo.
Além de assassínios políticos, a atual violência política tem sido caracterizada por ataques a alvos civis e das Forças de Defesa e Segurança no centro e norte do país.
A Renamo exige governar em seis províncias onde reivindica vitória nas eleições gerais de 2014, acusando a Frelimo de fraude no escrutínio.
O Governo e o principal partido de oposição retomaram na segunda-feira as negociações para a restauração da estabilidade no país, após um interregno de três semanas, a pedido dos mediadores internacionais.

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