Friday 19 July 2013

Ide e recenseai-vos, o registo não pode parar a Revolução

  
Este será o primeiro editorial deste jornal acompanhado de uma imagem. O país está podre. Ou melhor: a Frelimo é um perigo para o desenvolvimento da pátria. As suas acções congeminadas no esgoto da sacanice não nos deixam mentir. Em diversas instituições públicas têm circulado, nos últimos tempos, fichas que recolhem nomes de funcionários e os dados dos respectivos cartões de eleitor. Por que cargas de água um partido político precisa desses dados e tem de os recolher em ministérios, universidades e escolas?
O que nos dizem, as pessoas obrigadas a preencher tais fichas, é que as mesmas servirão, depois, para votar por elas. A prudência manda dizer que é necessário conceder o benefício da dúvida. Até porque a acrobacia necessária para o efeito, se realmente essa for a intenção da Frelimo, deve ser gigantesca. Trata- se, na verdade, de uma intenção que deverá dar um trabalho hercúleo. Pelo menos é nisso que podemos crer.
No entanto, o país é grande e o território vasto. A capacidade de fiscalizar o processo e denunciar eventuais falcatruas é extremamente limitada. Não será, contudo, possível engendrar esquemas desta natureza, em lugares como a cidade de Maputo ou Quelimane, mas nos municípios mais distantes será facílimo. É daí onde decorre o perigo e é preciso questionar a recolha dos números e a intenção de um partido que se diz glorioso.
A suspeição é maior quando o pomo de discórdia, no diálogo entre a Frelimo e a Renamo, reside no número de boletins impressos. A Frelimo é partidária da ideia de que é necessário ter boletins acima do número de eleitores. É, portanto, aqui onde reside o perigo.
É deste ponto onde tudo pode ser desenhado para perpetuar, no poder, um partido cada vez mais impopular e desacreditado. Tão desacreditado que actualmente vive de campanha em campanha de lavagem da imagem do filho mais querido da nação na televisão que devia ser pública, mas que adora lamber as partes íntimas do poder e, por isso, presta mau serviço público.
Estes sinais, é bom que se diga, revelam que o regime anda caduco e à beira de tombar pelo peso do seu próprio corpo. A recolha de assinaturas é só mais um sinal de que falta pouco para nos livrarmos de governação tão abjecta. Amedrontar funcionários públicos para condicionar as suas escolhas pode parecer, à primeira vista, um acto de arrogância e de manifestação de força. Mas é fraqueza de quem já não pode contar com o povo. E isso, meus caros, é um bom sinal.
O surgimento de esquemas para escamotear a verdade e a vontade que deveria ser exercida nas urnas só demonstra, cada vez mais, a fraqueza do regime que nasceu para criar novos ricos do dia para a noite. Agora, meus caros, é a hora de combater a fortuna de antigos combatentes que nasceram quando a independência já corria e saltitava. Funcionários públicos ide e recenseai-vos.
Se forem obrigados a preencher fichas de brigadas partidárias que organizam eleições preencham, mas com a consciência de que o voto é secreto e de que, se quiserem, nas urnas, sozinhos, podem espetar uma faca nas costas desse regime que vos coarcta a dignidade e a liberdade de escolha. É simples. Só precisam de um cartão de eleitor e de acordar cedo para, mais uma vez, alcançar a independência de quem tanto nos depena...
 


Editorial, A Verdade

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